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04/10/2012

Cansei de Rock!


Cansei de Rock!
Luiz Carlos Barata Cichetto
"Sabidos seguindo a saga,
salvando símbolos,
signos sobressalentes,
saberes soberanos,
seguindo sorridentes
sarcástica sociedade suicida."
- Artur Martins

Caro Amigo João Paulo Andrade, criador e editor do Whiplash:

15/09/2012 - Fanzinada - São Paulo - Foto: Bell Giraçol

Há um tempo escrevi uma matéria falando sobre a falência do Rock no Brasil. Iniciei o texto falando sobre a primeira gravação, "Ronda das Horas", apenas com o titulo traduzido. A gravação foi lançada em 24 de outubro de 1955 e os registros apontam que ela, uma cantora de Samba-Canção, foi a escolhida apenas por ser a única a saber cantar em inglês no "cast" da gravadora. Mas seis anos depois, irritada pelo "domínio" do Rock gravou: "Cansei de Rock", cuja letra criticava a "invasão". Ela participara da criação do monstro e agora se debatia para se livrar dele. 

E esse preâmbulo é necessário para que possa explicitar meu sentimento de indignação não por seu website, muito menos por sua pessoa, a qual tenho no mais profundo respeito. Começamos mais ou menos na mesma época, ainda quando a Internet era uma coisa que pouca gente conhecia. O seu Whiplash e o meu A Barata foram pioneiros em sites voltados à Cultura Rock. Foi em A Barata que lancei muitas idéias e projetos de apoio a bandas de Rock no Brasil. E bem antes do My Space, as bandas tinham gratuitamente um site personalizado. Fora isso, publiquei mais de 500 autores inéditos, sem nunca sequer ganhar um real. Fazia isso por uma paixão à Poesia e ao Rock, minhas paixões, e como tributo a artistas que sabia que não teriam espaço em outras midias. Criei vários eventos sempre com a presença de bandas, brigando com donos de estabelecimentos que queriam apenas bandas "cover", para colocar trabalhos autorais. Mas, com a chegada dos "blogs", do “My Space” e das chamadas redes sociais, as bandas e artistas partiram e não fazia mais sentido manter a coisa dessa forma. Tínhamos, nós dois, projetos voltados a Rock, mas o Whiplash trilhava um caminho diferente, priorizando noticias, fatos e detalhes da vida dos artistas. Assim, A Barata deixou de ser um site colaborativo para ser um site pessoal. E o Whiplash se tornou, como seria esperado por seu trabalho árduo, o maior do Brasil. 

Em 2002, me convidastes a ter uma coluna no Whiplash. Escrevi algumas matérias, mas depois, por uma série de problemas pessoais deixei de colaborar. A minha prioridade era a poesia, como alias sempre foi, e escrever sobre musica era um prazer que exercitei embasado em tudo aquilo que já tinha escutado e lido durante mais de quatro décadas. Já relatei minha trajetória dentro do Rock em outras matérias e tenho essa história publicada num livro que conheces bem.

Quando no inicio deste ano percebi que tinha muitos artigos sobre Rock escritos e publicados em meu website e blog, me propus retornar a publicar. Mas nunca o fiz em busca de "ser famoso" como apregoas na página inicial do Whiplash. Fazia aquilo apenas para colaborar e mostrar o que penso e conheço sobre o assunto. O que poderia pretender? Nada, além de fazer as coisas que mais amo no mundo: Rock e Literatura. 

Mas eu não sabia que muita coisa tinha mudado, não apenas no site, mas na cabeça das pessoas. Escrevi algumas biografias de bandas mais ou menos conhecidas e procurei sempre falar sobre trabalhos desconhecidos, com o intuito de trazer alguma justiça a esses trabalhos. Claro que pouca gente se interessou por essas matérias, afinal, a mídia trabalha sério na lavagem cerebral. E foi justamente essa lobotomia que eu quis combater com uma série de artigos que comecei a escrever colocando o dedo em determinadas feridas, demonstrando que mesmo nossos maiores ídolos cometem erros, tem falhas até mesmo de caráter. E principalmente mostrando que determinados astros eram incoerentes em se demonstrar publicamente uma coisa e viver outra. Claro que sabia do risco que corria, que seria atacado por certos fanáticos que não enxergam nada além do alvo de suas paixões cegas. Mas nunca imaginei que a coisa chegaria a níveis tão rasteiros, que até mesmo ameaças físicas eu receberia. Confiei naquilo que acreditava: que "roqueiros" eram pessoas esclarecidas, com a mente aberta. Mas o que percebi foi que na imensa maioria, isso não acontece. São fanáticos alienados e não são melhores que esses que andam por ai proibindo filmes e livros, que andam por ai pregando um ateísmo fanático, que andam por ai apedrejando não ao Rei, mas aquele que denuncia sua nudez. O Rei está Nu, sim! Todos os reis estão nus e todos os deuses estão mortos ou nunca existiram.

Se ataquei os grandes mitos, se desmascarei deuses, foi simplesmente por acreditar que essa fé cega em nada contribui para o crescimento da humanidade. Se provoquei aqueles que acreditam que um simples musico, por melhor que seja, deva ser endeusado, foi justamente para mostrar que estamos nos diminuindo como pessoas quando colocamos outras num pedestal. Que somos tão bons como qualquer um deles, desde que nos convençamos disso, trabalhemos por isso e paremos de mirar o alto de qualquer pedestal e olhemos para nós mesmos. Os ídolos podem, e devem, servir de exemplos, mas nunca ser alvo de uma dedicação cega. Fé cega e faca amolada é um belo nome para uma musica, mas ambas são muito perigosas. 

Recebi também ataques dentro e fora das hostes do Whiplash, de alguns jornalistas que acreditam que seus diplomas de jornalismo lhes dá o direito único à informação. Não sou jornalista especializado mas garanto que tenho muito mais informação musical e cultura geral que boa parte desses. E o que esse tipo de ataque demonstra, é que tanto essas pessoas quanto o publico por eles formado, se considera tão soberbo quanto aqueles a quem "ataquei", e, portanto tinham mesmo que subir no pedestal e contra-atacar, muitas vezes usando de fatos distorcidos apenas no intuito de provar uma verdade da qual se arvoram em únicos donos.

Mas por outra parte, esses fatos suscitaram em algumas pessoas um sentimento que não era apenas meu: o de que estamos todos nós que ousamos pensar e discorrer sobre esses pensamentos, condenados a uma fogueira santa. Pessoas como a de Roque Zanol, a quem desconheço e sobre quem não há referencias no Whiplash, e que publicou no próprio site uma defesa não a mim, embora faça referências diretas a meus artigos, mas particularmente aos textos opiniativos, apontando a inutilidade e falta de educação e conhecimento presentes na maior parte dos comentários. O autor termina seu texto com “É possível aceitar a escolha do outro e fazer críticas, utilizando-se o bom senso sempre, evidentemente. Espero que este texto sirva de resposta, também por outros, ainda que uma minoria, tenho consciência, e, por favor, leiam duas vezes e pensem três antes de comentar” Mas de nada adiantou, pois o próprio Zanol foi atacado com baixarias.
(Fonte: Comentários: Quando Eles Não Acrescentam ao Diálogo - http://whiplash.net/materias/opinioes/164187.html#ixzz285qLPZvM)

O jornalista Marcelo Moreira do Jornal da Tarde, em um artigo intitulado ”Politicamente correto e mediocridade elegem novo alvo: a crítica”, publicado em seu Blog “Combate Rock” também comenta a respeito desse assunto: “Ninguém diverge, contesta ou discorda com educação ou argumentos. Diverge-se, contesta-se e se discorda com ameaças e agressões verbais de todos os tempos. É um movimento inaceitável de cassação do direito de criticar e opinar.” Nesse texto, Marcelo cita o massacre imposto a mim pelos leitores do Whiplash: “O poeta e escritor Luiz Carlos ‘Barata’ Cichetto, conhecido no meio underground do rock e dos cenários literários alternativos de São Paulo e Rio de Janeiro, sofreu uma ação massiva de xingamentos e desqualificações quando publicou no site Whiplash...”.

Acredito por fim, que a maior parte dessas ofensas tenham origem, por parte de alguns, a necessidade de terem de santos, deuses e ídolos, colocados em altares e palcos que lhe apontem o caminho e lhes sirvam de muleta. E por parte de outros de se sentirem os próprios. Musica não é isso, não pode ser isso. Essas pessoas alardeiam a liberdade de expressão de forma irresponsável, para dar vazão à sua falta de educação e de cultura, sem a menor consciência do que ela representa. E parafraseando Roosevelt; "Liberdade de expressão não serve para quem não tem nada a dizer". E eu, embasado em tudo aquilo que já li, escutei e escrevi, garanto que tenho o que falar e principalmente escrever! 

Outra coisa que acredito é que atrelar um site a uma rede social é uma faca de dois gumes. Comercialmente, com intuito de alavancar audiência é muito válido, mas pelo ponto de vista da qualidade é perigoso. Os riscos são iminentes, principalmente aos colunistas que ficam ali, à mercê de loucos e fanáticos, recebendo toda sorte de ameaças, até mesmo à integridade física como aconteceu comigo. Estudos mostram que essas redes sociais desenvolveram uma esquizofrenia coletiva, com todo mundo se achando escritor, filosofo, poeta, humorista, etc. Em outras palavras, deram voz a quem não tem o que falar e que antes tinha que se manter no silêncio de sua mediocridade. Tudo se horizontalizou, nivelou por baixo, mesmo! Todo mundo quer aparecer, escrevendo o que vem na cabeça e acredita que ofender a um autor de um texto que desmascarou seu ídolo vai deixar ele de bem com o próprio. E quando as pessoas postam comentários logados no Facebook, está claro que o único objetivo é aparecer, normalmente mais que o autor do texto, e ficar bem com sua "galera" (ô palavra nojenta!).

E essa “evangelização do Rock” simplesmente não combina. As pessoas reagem com ídolos do Rock da mesma forma que os fanáticos religiosos. Falar que Jimmy Page plagiou mais de 20 musicas tem o mesmo efeito que falar que Jesus Cristo era gay ou comia Madalena. Como se a santidade tivesse que ser algo inerente a um “astro do Rock”. E essas pessoas se julgam melhores que os religiosos que se atacam uns aos outros. E afirmar que seus ídolos do Rock podem tudo, beira não apenas o ridículo, mas ao cumulo da falta de caráter. São essas as pessoas que reclamam da falta de caráter dos políticos? E são, sim! E reclamam não por terem uma consciência política, mas porque não podem estar no lugar deles. E isso vale para essa defesa incontinenti dos ídolos, sejam do que for. 

Resumindo meu objetivo, meu amigo João Paulo: estou saindo. E antes que fale que estou correndo de medo, que borrei nas botas, que não aceito criticas, deixo claro: aceito criticas, mas não tolero ofensas gratuitas e não reconheço nenhum dos leitores do Whiplash como representantes de nenhum artista. A maioria, infelizmente, é um bando de fanáticos sem cultura, seres cujos espíritos pobres e cultura mais ainda, são incapazes sequer de ler e compreender um texto. Não borrei nas botas, mas cansei de ficar usando um tempo que a mim é muito caro, para pesquisar e escrever matérias que serão alvo de ofensas e xingamentos.

Sou um artista, autor de quase um milhar de poesias, dois milhares de crônicas e dois romances. Editei 15 livros meus e mantenho meu site às minhas próprias expensas há 15 anos. Não vou servir mais de saco de pancadas de um bando de moleques querendo aparecer às minhas custas. Em outras palavras, não dou mais minhas pérolas a porcos e a galinhas. E digo mais: "Cansei de Rock" e principalmente, cansei de roqueiros.

Por fim, amigo João Paulo, desejo-lhe sucesso e sorte nesse seu trabalho árduo e frutífero à frente do Whiplash, o melhor site de Rock em português. Grande abraço!

Atenciosamente:

Luiz Carlos "Barata" Cichetto
Escritor, Poeta, Webdesigner, Artesão, Editor Artesanal e Webradialista
Site: www.abarata.com.br
www.baratacichetto.blogspot.com



1/10/2012

02/10/2012

(Marcelo Moreira) Politicamente Correto e Mediocridade Elegem Novo Alvo: A Crítica



O grande jornalista Marcelo Moreira, editor do Combate Rock, do Jornal da Tarde (SP), publicou o texto abaixo onde fala sobre a perigosa onda do "Politicamente Correto" Num texto claro e lúcido, ele discorre sobre a falta de critério, de educação e de informação das pessoas que tentam calar quem discorda ou ataca determinados "estandartes" da cultura. Entre outras coisas, ele cita o massacre que sofri por parte dos leitores do Whiplash, quando da publicação de textos falando sobre "plágios" de Led Zeppelin e Raul Seixas. Um texto para ser lido e refletido. (Os negritos são meus).
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Politicamente Correto e Mediocridade Elegem Novo Alvo: A Crítica
1 de outubro de 2012
Marcelo Moreira

O politicamente correto está em cruzada firme para matar a liberdade de expressão e de opinião. Tem fracassado na maioria das vezes, principalmente quando “respaldado” por argumentos ideológicos retrógrados ou de origem religiosa igualmente estapafúrdios.

De mãos dadas com a ignorância e com a falta de respeito, o politicamente correto agora está atacando, ainda que de forma atabalhoada, a crítica nas áreas de cultura, artes e espetáculos, tanto em jornais como na internet.

Parece existir uma regra não escrita de que é proibido falar mal de qualquer coisa e de alguém, e que tudo precisa ser sempre relativizado, e que a tal “contextualização” serve como muleta para toda e qualquer justificativa para que se não se fale mal de uma obra de arte.

Os exemplos vão do mais simples e rasteiro – legiões de fãs inconformado com críticas negativas a seus ídolos – ao mais pedante e arrogante pseudointelectualismo de boteco movido a tintas malcheirosas de ideologia burra e ultrapassada – a situação absurda mais recente é o patrulhamento em cima do suposto conteúdo racista de algumas obras de Monteiro Lobato.

Se a internet revolucionou a forma de como o ser humano lida e obtém informação, também mudou para pior a forma de como as pessoas discutem e debatem. A internet jogou o debate na lata do lixo em grande parte dos assuntos relevantes em qualquer parte do mundo.

Transformou-se em uma enorme cracolândia (parafraseando o sábio jornalista Décio Trujillo Júnior), onde a desqualificação virou o principal argumento de discussão – e ferramenta obrigatória de indigentes intelectuais e culturais para mascarar a própria ignorância.

Ter opinião é pecado no século XXI dominado pela tecnologia, pela web e pelas redes sociais. A crítica negativa de um disco ou um livro é apedrejada de forma inacreditável apenas por ser negativa – com a interatividade, leitores/internautas travam um debate de baixíssimo nível, como se o ídolo fosse unanimidade e inatacável.

Não se respeita mais na internet e nos jornais o direito de jornalistas, críticos e especialistas respeitados, com pelo menos duas ou três décadas de ofício, de opinar. Ninguém diverge, contesta ou discorda com educação ou argumentos. Diverge-se, contesta-se e se discorda com ameaças e agressões verbais de todos os tempos. É um movimento inaceitável de cassação do direito de criticar e opinar. 

Tal quadro desalentador é observado de forma mais acentuada na área de cultura popular, particularmente na música. O anonimato e a distância tornaram a covardia e a agressão gratuita ferramentas essenciais para a imposição de ideias ou para protestar de forma a intimidar articulistas ou especialistas de todos os matizes.

Os ataques veementes e constantes contra a opinião e a crítica, quase sempre de forma tola, vazia e inconsequente, instauraram um clima de inquisição na internet. Mais do que a arquibancada violenta de um Fla-Flu ou um Corinthians e Palmeiras, qualquer crítica ao trabalho de certos artistas vira motivo para um autêntico linchamento moral e ético contra o autor.

Vários textos do Combate Rock foram alvo de leitores enfurecidos e atormentados por conta de críticas aos trabalhos de gente como Mutantes, Nirvana, Raul Seixas, Legião Urbana, Restart, Charlie Brown Jr e Los Hermanos, entre outros.

Parte expressiva dos “comentários”, em língua com algum parentesco com o português, abusou de xingamentos, desqualificações rasteiras e protestos estéreis contra os autores. Em nenhum momento chegaram perto de argumentar com algum nível de decência o objeto da questão – as críticas em si.

O poeta e escritor Luiz Carlos “Barata” Cichetto, conhecido no meio underground do rock e dos cenários literários alternativos de São Paulo e Rio de Janeiro, sofreu uma ação massiva de xingamentos e desqualificações quando publicou no site Whiplash, o melhor e mais diversificado sobre rock em português.

Ele escreveu um texto onde apontava as coincidências e quase plágios na obra de Raul Seixas – texto já reproduzido no Combate Rock. Detalhado e bem fundamentado, o artigo foi desqualificado por todos, mas em nenhum momento foi contestado de forma séria.

Acreditar que toda essa várzea é o retrato da internet é um equívoco tremendo e uma injustiça para com a imensa maioria de pessoas sérias e que usam a web com prudência e inteligência. No entanto, não há como ignorar a sensação de que é justamente a cracolândia é que domina o ambiente virtual, tanto em português como em qualquer língua. A precarização e o baixo nível não são privilégio dos brasileiros.

Ainda assim, é assustadora a indigência intelectual que dominam fóruns e páginas de opinião de blogs, portais e sites brasileiros. Nem é o caso de mencionar os ambientes esportivos dedicados ao futebol, onde o clima de arquibancada é compatível com a ausência de educação e inteligência na maioria das vezes – na verdade, parece que isso é requisito básico para tais ambientes.

O desconhecimento total da função de jornalistas e críticos revela de forma inequívoca o elevado grau de desinformação do público em geral, evidenciando, por outro lado, um viés extremamente perigoso: a intolerância para com a divergência, a diversidade e a diferença.

Não são poucos os iletrados que “questionam” o papel do jornalismo, da mídia e da imprensa, chegando à petulância de dizer (ou seria “determinar”) o que um jornalista deve ou não escrever, e como tem de escrever. “Jornalista não pode dar opinião” é apenas a mais frequente dos lixos publicados em páginas de comentários em grandes portais de internet.

O baixo nível predominante na internet e a incapacidade – ou recusa – de compreensão de qualquer texto opinativo é um indicativo preocupante de uma tendência autoritária que predomina no grande público – algo bastante comum em ambientes de discussão política, seja de direita ou esquerda, igualmente de níveis baixos de inteligência, cultura e tolerância.

A tentativa de imposição de uma “homogeneização” de pensamento artístico-cultural – onde o politicamente correto, a ausência de senso crítico e a esterilidade de ideias predominam – é inócua, mas não menos desalentadora.

Qual o sentido de opinar, criticar, debater e pensar em um ambiente que repele a vida inteligente, onde o que interessa é a futilidade e o entretenimento mais rasteiro e pueril que existe?

Levar luz às trevas? Por mais que intelectualmente seja tentador, essa motivação é pedante demais. Satisfação pessoal? Egoísta demais.

O fato é que críticos, colunistas e jornalistas especializados são cada vez mais lidos na internet, seja em blogs pessoais ou em espaços próprios em grandes portais ou portais de grandes jornais.

Os acessos e o número de comentários só aumentam no Estadão.com e na maioria dos blogs e espaços de colunistas no UOL, só para citar alguns exemplos. Portanto, eis a maior vitória da vida inteligente na internet: criticados, desqualificados, xingados e até ameaçados, mas cada vez mais lidos em um verdadeiro mar de mediocridade.

É maior prova de vida inteligente na web – prova incontestável de que críticos, colunistas e jornalistas especializados serão sempre cada vez mais necessários.

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Link Original: http://blogs.estadao.com.br/combate_rock/politicamente-correto-e-mediocridade-elegem-novo-alvo-a-critica/#comments
Outras Ligações:
O Suprassumo dos Subestimados: Rolando Castello Junior: http://whiplash.net/materias/biografias/164331-patrulhadoespaco.html
Led Zeppelin: Cópia Infiel Ato 2, Moral e Ética Parte 2: http://whiplash.net/materias/biografias/163867-ledzeppelin.html
Led Zeppelin: Cópia Infiel Ato 2, Moral e Ética Parte 1: http://whiplash.net/materias/biografias/163317-ledzeppelin.html
Cópia Infiel: Ato 1: Raul Seixas e o Dolo de Ouro: http://whiplash.net/materias/biografias/163133-raulseixas.html

Nota Final: Na data de ontem, enviei um e-mail ao editor do Whiplash, informando que não mais publicaria meus textos naquele site.

01/10/2012

Corretamente Políticos


Corretamente Políticos
Luiz Carlos Barata Cichetto

Existe uma onda fascista e castradora varrendo o mundo. A onda do “politicamente correto”. E a pior coisa nela é que colocou a hipocrisia num grau extremamente elevado. As pessoas continuam sendo racistas, continuam não cuidando da natureza, continuam se lixando para os idosos, mas fingem o tempo todo, principalmente nas redes sociais, não serem e não fazerem nada disso. O Reinado da Hipocrisia tomou seu trono e admitir qualquer coisa que não seja considerado politicamente correto sujeita o autor a ser execrado, apedrejado, excluído. E até mesmo processado. Livros são queimados não em praças publicas, mas em tribunais. Pessoas são policiadas não por soldados, mas por "amigos". É bonito falar que todos somos iguais e esse blá-blá-blá todo. Não, nós não somos iguais, temos cores diferentes, gostos, crenças, vícios e desejos diferentes. E afirmar que somos iguais é conversa fiada, hipocrisia brava. Somos diferentes, sim! E a civilização e a evolução humana estão não em fingir que somos idênticos, mas conviver com as diferenças, tolerar, aceitar. O resto é pura hipocrisia!

20/09/2012

Manifesto do Politicamente Incorreto ou A República dos Hipócritas


Manifesto do Politicamente Incorreto ou A República dos Hipócritas
Luiz Carlos Barata Cichetto


Eu, politicamente incorreto, honesto por obrigação não por desejo. Honesto por ética e não por moral. Imoral, urbanóide paranóide. Escrevo torto por linhas retas, poesias tortas por linhas certas. Sou esquizofrênico, louco, não de pedra, mas de carne e osso, e muito mais osso do que carne. Não sou religioso, não me interessa a sua alma, me interessam as suas carnes. Falo palavrão, cuspo no chão e escarro na rua. Fumo onde quero e não quero. Quero. E quero por que quero fumar, beber e trepar. Não faço amor, faço sexo. Com amor. Não confio em médicos nem em poetas. Poetas são cínicos, pervertidos e tolos. Também não gosto da covardia dos músicos e seu ego inflado. A musica com letra acabou com a poesia e com a música. Musica é musica, poesia é poesia. Nem consigo mais escutar musica. Aos músicos há tempos que não escuto, porque pouco tem a falar. Não gosto do dia e tenho medo da noite. Quero noites quentes e dias gelados. Não atirem pedras, não atirem balas, a não ser de chocolate. Não aceito as cotas nem as leis de privilégios.  Não acredito na igualdade dos cidadãos, afinal somos todos diferentes e precisamos ter não aquilo que achamos que precisamos, mas aquilo que fizemos por merecer. Trabalho, dedicação e criatividade. Qualquer arte é uma forma de trabalho e qualquer trabalho é uma forma de arte, na Terra ou em Marte. Acordo tarde mesmo sem dormir, durmo quando posso, quando as idéias param de me atormentar e os pensamentos param de soprar. Gosto de mulheres lisas e brancas, com peles quase translúcidas. Aliás, gosto mesmo é mulheres transparentes. Sereias... Aquelas que sabem mergulhar fundo do mar e salvar um escafandrista. Mergulhador sagrado, sangrado. Não discuto política, não gosto de futebol e, portanto não aceito nenhuma religião, nenhum deus, guru, ente superior. Sequer um pensador, filósofo e muito menos artista, ninguém que é ou foi de carne e osso merece devoção. E quem nunca foi de carne e de osso não merece nada. Destruo tudo que é sagrado, aniquilador de mitos e ídolos. Não culpem minha mãe, nem meu pai. Culpem-se a si mesmos! Nunca acreditei em "Paz e Amor", nem na "Liberdade". São conceitos que não existem. Tolos conceitos cinematográficos criados para enganar trouxas. Acredito na guerra alimentada pelo caos, no sexo que traz à carne o que é da carne, o prazer. Sou carnívoro, fumante e ateu, por vezes beberrão. Sim, tudo isso, mas não fico pregando sustentabilidade comendo pizza assada em forno a lenha que chegou até mim junto com um refrigerante embalado em plástico, trazido por um explorado motoboy numa moto à gasolina. Não sofro com a guerra a milhares de quilômetros, mas com os tiros na favela ao lado da minha casa. Não sofro com o Islã, nem me importo com árabes, judeus ou palestinos, pois ao meu lado existem crianças recrutadas pelo crime... E não me importo porque me importo em me importar, mas me importo por medo que essa criança enfie uma bala na minha cabeça. Não me importo com aqueles que fumam "crack" e se fodem de bebida. Danem-se todos. O problema é pessoal, não transferível e não sou obrigado a pagar a conta. Não transfiram a mim a conta do social, eu não quero pagar por ninguém e ninguém tem que pagar por mim. Não tenho emprego, nem aposentadoria. Queria um pijama e um jogo de dominó, mas tenho que trabalhar senão não como. Aluguel custa caro e não moro em barraco de favela. Não tenho carro nem nada daquilo do que possa me orgulhar ou me envergonhar. E, aliás, não tenho orgulho de ter nascido num país cuja formação foi a partir da mistura de proscritos portugueses. Tenho orgulho de não ter vergonha de ser brasileiro e não tenho vergonha de não ter orgulho. Não sou brasileiro, tenho sangue italiano, mas nunca sai do Brasil, a Itália é longe e estou cansado de andar. Não gosto de praia e nem nunca fui à Bahia. Nem quero! Não tenho orgulho de ser branco nem desejo de ser negro. Mas tenho sim meus preconceitos. Tenho preconceito contra gente preguiçosa, estúpida e hipócrita. Tenho preconceito contra a imbecilidade, contra a boçalidade e contra a banalidade consagrada. Tenho sim, preconceito contra fanáticos religiosos e contra ateus que fazem da sua não-crença um fanatismo tão imbecil quanto. Não recolho cachorrinhos abandonados na rua apenas para mostrar o quanto sou correto e bom. Não gosto de piadas preconceituosas, mas respeito o sagrado direito do humorista em contá-las. Não assisto televisão, não vou ao futebol e detesto esportes. Ando de pés no chão, e às vezes fico dias sem tomar banho. Sou sim, porco, safado e nojento, mas se olharem dentro dos meus olhos perceberão o quanto posso ser bom. Ou mau! Nunca aceitei o aborto, porque a única coisa que é sagrada é a existência de um ser humano. Não sou moderno, nem antiquado, mas matar em nome da liberdade pessoal é tão criminoso quanto qualquer outro motivo. Aborto não pode ser tratado levianamente como "decisão da mulher sobre seu corpo". A mulher tem sim todo o direito ao seu corpo, a sua vida, mas não sobre a de outro ser que não tem direito, nem opção. Aborto não é opção, é crime. Mesmo em casos de estupro, que já por si só é um ato criminoso. E não se combate um crime com outro. Abortar não é ser "legal", uma menina de 10 anos de idade transar e mesmo usar roupas provocantes não é natural. Mas as pessoas, pressionadas por uma pela mídia comprometida com valores estritamente financeiros acham que é. Tudo ficou natural, tudo é "da moda", e se é da moda fazem tudo sem pensar em consequencias.  Transam sem pensar e mesmo sem desejo, apenas por transar; têm filhos sem a menor condição psíquica e financeira, depois os deixam sob a tutela de programas sociais fajutos; usam drogas apenas por usar, sem a consciência de causa e consequencia; bebem e vão a baladas não por diversão, mas por ir, porque têm que seguir a manada; consomem inconsequentemente sem necessidade. Pessoas sem cérebro e sem vontade própria agindo feito porcos contentes com a imundice onde vivem e a lavagem que lhes enfiam goela abaixo. Não dou esmolas nem cigarros pelas ruas. Cegos não precisam de ajuda, precisam de olhos. Piedade é hipocrisia, perdão é mentira e caridade é egolatria. Pobres não precisam de ajuda, precisam de trabalho e educação. Educação libertária. Ensinar a pescar, não dar o peixe. “Ai, Doutor uma esmola a um homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”. Luiz Gonzaga & Zé Dantas cantaram isso ainda na década de cinquenta. Mas o que temos agora é um bando de cidadãos mendigos vivendo às custas das esmolas dos políticos. Espertos mendigos nojentos e espertos políticos nojentos. Escrevo por pensar, penso sem respirar. E ainda nem falei das flores e dos soldados que morrem numa guerra que não é deles. As flores cheiram morte, eu sentia isso antes dos Titãs. E Geraldo sumiu pelas estradas do tempo, “caminhando e cantando e seguindo a canção”. Um, dois, três! É, preciso respirar... Um parágrafo? Certo!

Bossa Nova é um lixo e Samba é uma merda. Rock foi bom, agora não é mais. Odeio roqueiros de guitarras berrantes, cabelos alisados e gritos retardados. Camisetas pintadas para uma guerra que nem sabem onde é. Não sei contar história para boi dormir, nem pra vaca transar. Não ordenho, nem sigo ordens. Não bebo leite e odeio cheiro de maconha. Da pedra nunca saiu leite e Madalena nunca foi roqueira. Não sou Judas, nunca existiu nenhum plano secreto de Jesus, porque ele nunca existiu. Parem de ser enganados por um livro. Acreditem nos livros, nunca em um livro. Escreva o seu! Se puder! A Internet acabou com as putas e com os poetas. Agora todos são putas e são poetas e ninguém sabe a diferença entre eles. “Beatniks” de escritório, funcionários públicos com empregos garantidos. A estrada agora é apenas virtual, por onde correm bites e bytes. Ainda sabem escrever à mão? Ao menos datilografia? Tenho diploma de datilografia e de telex também. Ninguém sabe o que isso... Escrevi muita poesia em ônibus balançando a caminho do trabalho, em banheiro de escritório e com papel apoiado nas costas de putas de puteiros baratos. Há anos não vou à puteiros e nem a bibliotecas. Ambos estão cheios de velhos funcionários públicos prestes à se aposentar, tão empoeirados e mofados quanto os livros e as putas que ainda resistem nas prateleiras e nas camas. Mofados, embolorados feito meu cérebro nesse porão periférico que temos por lar. Não preciso das luzes da cidade, nem dos tempos modernos. Não vivo pelas luzes da modernidade. O ódio não é o antônimo do amor. Amor é um conceito fraco e vago, ódio é real. Perdão não extingue o ódio, disfarça, adia; perdão é um conceito moral, religioso e hipócrita. Não aceito traição, pois tenho a fidelidade por padrão ético, não por conceito moral. Fidelidade é caráter, é inato, congênito. Antes as putas e os poetas davam prazer e dor e eram pagos por isso, agora trabalham de graça. Antes, eram felizes com suas canetas e suas bucetas, mas agora esses instrumentos não dão mais prazer. O tesão é apenas digital, eletrônico. Chega por correio eletrônico em máquinas sem cérebro. Até a poesia e o tesão são hipócritas. Mas, "ora direis", que hipocrisia é inerente ao ser humano, presente na sua genética desde os tempos antigos em que os homens começaram a andar em bandos. É uma necessidade. Tal e qual cagar é uma necessidade. Mas não andamos por ai, cagando em qualquer lugar. Claro que uma sociedade humana sem hipocrisia estaria fadada à destruição rápida. Imagine um dia em que todas as pessoas do mundo, contaminadas por algum vírus, não conseguissem ser hipócritas... O planeta explodiria numa guerra antes desse dia terminar. A hipocrisia é uma forma fugaz de mentir e a mentira é um roubo. Roubo de confiança e traição, e, portanto, o pior dos assaltos. Aliás, a poesia, como todas as artes, é hipócrita, apenas mentira. Sou politicamente incorreto, rigoroso, exigente e pedante. Não sou solidário, sou solitário e retrato agora a frase de Nietzsche sobre nunca apedrejar a um solitário, pois as pedras que chegarem ao fundo jamais poderão ser retiradas. Então, se forem apedrejar-me, que seja até a minha morte. Ou será a sua que eu assistirei.

19/09/2012