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22/10/2018

Eu Vovô

Eu Vovô
Barata Cichetto
Pintura: Barata Cichetto, "Oral" 2016 - Látex Sobre Papel Paraná

Vovô viu a uva. Eu vi a vulva. Eu vovô viu a vulva. E chamou de uva. E chupou. E eu vovô viu vovó. E nela uma uva. E a chupou até o caroço. Da uva. Da vovó. E a vulva da vovó é uma uva. Que eu vovô quer chupar. Eu vovô viu a uva. E vovó vulva quer fumar. Vovô uva, Eu, quer vulva. Vovó vulva quer fumar. Vovô viu algum cigarro? Pra vovó chupar? Vovô saiu na chuva. Pra vovó vulva fumar. Vovó ficou viúva. E agora parou de fumar. 

20/10/2018

Ciao, Bella!

Ciao, Bella!
Barata Cichetto
Pintura: "Virgin Bell", Barata Cichetto, 2017, Tinta Látex Sobre Papelão

Eu fui poeta. E fui por ter sido, e fui por ido. E eu fui, sem ir a lugar nenhum, em nenhum compêndio, nenhum prêmio, nenhum concurso, nenhuma editora. E fui poeta, fui por sido, fui por ter ido, aonde ninguém quis chegar. Quem sabe Piva chegou. E chegou longe. Mas em sua época ir longe era ir até o Teatro Municipal, ou à Biblioteca Mário de Andrade, e ter livros editados por editores undergrounds. Aos sessenta Piva já tinha chegado, aonde eu nunca cheguei, nem chegarei. Eu nem sei por que. Qual foi meu erro? Qual meu acerto. Olho com tristeza publicações e vejo nomes de conhecidos, pessoas que chegaram, ao menos em algum lugar. Eu sai do meu. Acho que não quero mesmo chegar. Fui escorraçado por família, amigos e parentes. Sobraram meia dúzia, se muito, a ainda bater nas minhas costas, e dois ou três comprar meus livros que eu mesmo faço, já que nenhuma editora quer publicar. Estou conformado de ter sido sem nunca ir, de ir sem nunca ter sido. São Paulo não quis minha poesia, Araraquara não quer minha poesia, o Inferno não quer minha poesia, nenhum deus ou deusa quis minha poesia.  O que fazer com as pilhas de papel, com as centenas de arquivos de computador? Quem sabe sentar numa praça e ler aos pombos, que decerto me cagariam na cabeça.

22/10/2018

09/03/2016

A Esperança é Um Cão Fiel

A Esperança é Um Cão Fiel
Luiz Carlos Cichetto

"Não somos nossas experiências. apenas temos experiências." - Raul RC

"Negona" é uma cadela enorme que foi abandonada e espancada por seu antigo "dono" numa ponte sobre um córrego em frente a padaria onde compro meu pão de manhã e tomo minhas doses de Cynar a noite, Ela é minha companheira nas noites em que espero ônibus que não trazem ninguém. Ela se deita ao meu lado, levanta os olhos e olha sempre em direção ao mesmo lugar: a ponte sobre o córrego ao lado, onde contam foi abandonada e espancada. Olhamos em direções diferentes, mas temos muito em comum em nossas histórias. Eu fico me perguntando por que alguém abandonaria e ainda espancaria um ser desses.. Teria ela mordido seu antigo "dono"? Mas, mesmo sendo isso, qual o motivo de ter feito isso?. Mas o fato é que "ele" não a suportou, e além de abandonar a espancou até aleijar. Talvez ela pense que um dia o carro que a deixou ali pare e quem a abandonou abra as portas e um sorriso e a recolha nos braços e a leve para casa. A fidelidade nos animais é algo que a humanidade perdeu, até virarmos seres mesquinhos e egoístas, capazes de abandonar aqueles que nos amam de fato. Provavelmente a "Negona" latia no quintal espantando estranhos, e abanava o rabo de felicidade em ver chegar seu "dono". Mas um dia, talvez por algum motivo, ela possa tê-lo descontentado, até mordido. Quem sabe enlouquecida por barulho de fogos... Mas aquele ser, movido por uma loucura inóspita, simplesmente a abandonou. E não contente em abandonar, a espancou para que ela nunca mais mordesse ninguém. E fico pensando, se acaso o ex "dono" da "Negona" sente remorsos ou saudades dela. Se sente falta. Possivelmente não, pois quem ama não abandona, não despreza, não trai. É possível que ele pense que não tinha outro jeito se não a de a abandonar, afinal ela o mordera, e poderia fazê-lo de novo. Ele nunca pensou na razão daquela mordida, nunca pensou que aquilo poderia ser o reflexo de seus próprios atos. Uma reação, uma forma de chamar sua atenção, Ou até mesmo de lhe pedir carinho. Mas, agora ela fica ali, andando de um lado para o outro, latindo e correndo atrás de cada carro que passa, fiel a esperança de que um dia algum possa parar.. Mas, "Negona" é uma cadela velha e manca, e decerto suas esperanças um dia chegarão ao fim sem que o tão esperado carro pare. Quero dizer a ela que não espere, quero que se erga e ande. Mas ela apenas ergue um dos olhos e se deita, como quem me dizendo "esperarei". E sei que ela esperará, sim. Até o fim da vida, talvez atropelada por algum outro carro.

09/03/2016 

03/03/2016

Barata Sem Eira Nem Beira - The Final Cut

Cumplice do Meu Próprio Assassinato

A melhor coisa que pode acontecer na minha vida é a minha morte. Goze, vadia que roubou minha poesia e minha respiração. Que arrancou minha vida, sufocou minha respiração. Passo meus dias vazios em busca de mim. Onde estou? Cadê eu? Pergunto a mim mesmo... A tristeza me escolheu mais uma vez, como consorte... Sou um poço, sem fundo e sem luz.  A escuridão, o medo. Sou um velho que se arrasta por um mundo devastado. Onde andará minha rainha, perguntou o bufão ao rei. Na minha cama, respondeu o rei maldito. E todos os reis são malditos. E na sua cama, todos são reis. E são malditos. Lágrimas do bufão não incomodam aos reis. Nem as rainhas putas. Goze com minha dor em rede social. Se anime, se arrume deixe que o inferno consuma minha alma. Poetas chorosos não te dizem respeito, nem te inspiram respeito. Porcos não entendem poesia. Leia uma poesia a um porco, escreva a uma poesia a um porco e o máximo que irás conseguir será ser lambuzado de merda. Mas, apesar de tudo, queria que chegasses no próximo ônibus, sorrindo e me dizendo que fostes obrigada por força de uma arma, de uma chantagem, a agir da forma que agistes. Mas, sou tolo e sonhador por acreditar em histórias bonitas. Acreditei, sim, nas histórias sobre amor, sobre esse sentimento que eu sabia estar perdido. Acreditei, como num roteiro de novela de televisão, na redenção do vilão. Mas a vileza consumiu-te os ossos, roeu-te a carne. E eu fiquei, acompanhado da dor e de meu copo de Cynar, acompanhando apenas daquela tal cadela aleijada, esperando um ônibus que eu sei que jamais chegará. Poetas são tolos, ingênuos e sofredores por natureza. E essa é minha natureza. A sua, a natureza da vingança, não permite o amor. Sim, sou um velho poeta, cansado de acreditar, cansado de cansar. Cansado da vida. A natureza humana corrompida, é minha dor. Meu socorro, minha crença, numa cozinha pintada de verde se esvaiu como um gozo volátil. Num instante era prazer, no outro virou dor. Todo prazer vira dor, ou toda dor vira prazer. A seu bel-prazer. Dei esperança, tive esperança, mas fiquei sozinho numa dança... Macabra dança que acaba em morte. Em vingança contra mim mesmo, por não conseguir o crime perfeito. A tolice da minha poesia, a ingenuidade do meu ser, minha voz que grita contra teu desdém, tudo agora calado. Quieto e surdo feito a morte. Essa, que apelas ela, pode calar a dor. A coragem e a covardia que se misturam. Não há mais razão, não há mais emoção. Apenas silêncio. Quero a escuridão: coloquei cortinas pesadas na janela. Quero o silêncio, me fechei no quarto e dormi. Até que a melhor coisa da minha aconteça. Enquanto gozam os culpados. Gozo também eu por mim, cúmplice do meu próprio assassinato.

10/02/2016

Rainha de Paus

E já que acabou o Carnaval, já que acabou tanta coisa, incluindo meu sono... Há uns quatro dias. Bem, já que acabou, que fique acabado. Sem acabamento, sem juramento, sem mais momento. Nem sentimento. E já que acabou o Carnaval, e fantasia foi rasgada, desnudemos nossas fantasias. Já usei fantasia de herói, mas agora isso me dói. Corrói. Destrói. E se o Carnaval acabou, pode retirar a fantasia. E tudo que começa acaba, a tudo há um fim. Até mesmo o fim tem um fim. Mesmo. Há caminhos que precisam ser trilhados, não olhe para trás. A vergonha que não lhe cabe é sinônimo da hipocrisia plena que permeou sua existência, mesquinha e mundana. E se tudo acaba, acabou meu cigarro, e agora nem tenho fumaça para filosofar. Acabou. Já era. Então espanco essas teclas e fico pensando, escorado na escuridão dessa maldita madrugada que teima em não acabar. Ainda demora para abrir a padaria. Ainda demora para ficar? Onde? Então... Quando sair, deixe a porta trancada, que assim ninguém entra mais. "É proibida a entrada de pessoas não autorizadas", diz a tabuleta. Ah, tem tabuletas demais no mundo. Na mureta, tem tabuleta. Em qualquer lugar tem tabuleta. Até na buceta tem tabuleta. E, como disse Pessoa, um dia não haverá mais tabuletas, nem prédios, nem muros, nem nada onde colocar tabuletas. Nem mundo onde colocar. Não haverá eu, não haverá ninguém. Por enquanto só não há sono, não há cigarros... E nem buceta! Então, disse o poeta: não acredite em sonhos. E outro respondeu: dane-se! Mas se o que começou, e eram quatro ou cinco, fora o um, sobra agora só minha metade. Achei que era momento, mas era história. Achei que era desengano, mas estava enganado. Achei que era fraqueza, e enfraqueci, deixei minhas forças. E superei meus medos perante os covardes, silenciei minha ira em nome daquilo que acreditei ser verdadeiro, mas que era, como tudo, mentira. Não há verdade, decerto. Achei que era remédio, mas era outra ferida. Achei que era prazer, mas era dor. Achei que era... Mas não foi. Agora só me resta esperar a padaria abrir para comprar cigarros. E quem sabe tomar uma bem quente. Não escrevo diários, nem guardo demônios dentro do meu armário. Minha vida está na minha poesia, na minha fala alto e em tudo o que faço. Sou o pior dos seres sobre a face da Terra: sou aquele que tem por birra acreditar sozinho. Sou sim, um filho da puta. Que nem o outro e o outro... E o outro e o mais outro. Não me chame de filho da puta, sou seu irmão, disse. E completo: não me chame de filho da puta do mesmo jeito que chamas aqueles que ama. Não, não chame de nada. Ou melhor, me chame de "nada". E não fui eu quem queimou o computador, portanto não precisa bater na minha porta, nem pedir perdão. Não há perdão, apenas prisão. Daqui a pouco a padaria abre e ai vou ser feliz. Tem Cynar, tem cigarros... Então o que posso querer mais da vida? Além de fazer poesia com minha desgraça? Não, não sou um desgraçado. Nem engraçado. Apenas uma barata que não virou Kafka. Espanco as paredes, acordo os gatos e mijo nos retratos. Tem filme pornô passando na madrugada. Na TV a cabo. Agora me acabo... De desgosto. Mas por gosto, antes de agosto estarei curado... Ou morto. Que diferença faz? Aliás, falando em diferença, não há diferença entre o que chamam de morte e o que chamam de amor, que não é, enfim, como disse Schopenhauer. Se há uma compensação da morte é a dor. Então, por cima dos ombros, apenas meus escombros. Material de demolição. Há crueldade profunda nos atos. Nos fatos. Nos olhos. Na bunda. Agora, pago o preço da minha confiança. Esperança? A ocasião pode não fazer o ladrão, mas faz a puta. E se o ser humano é história, se seu caráter é medido pela sua história... É melhor contar outra, que aquelas desnudaram. E a monstruosidade ficou nua. E tinha a bunda enorme e gostosa. Era um monstro de bunda grande e gostosa. Quente. E se era de um, de dois ou cem, ninguém sabia quem. E de ninguém. Em troca do esperma engolido, tive que engoliu veneno. Sem vomitar. Agora escarro com gosto, a cinza do cigarro. E eu, que já morei no Inferno, que verti sangue feito um vampiro inverso, agora derramo á água do café e lavo a louça sem vontade. Dou uma cagada e deixo a bosta ali, flutuando. Meu mundo está naquela merda que não deixei descer pelo vaso. Bato uma punheta e depois espero o dia amanhecer. Deve ter alguma puta perambulando pelas ruas a essas horas da madrugada... Ah, mas deve estar bêbada e não gosto de foder com bêbadas. Bêbadas só querem dar o cu. As drogadas também. Nas madrugadas monstruosas feito esta. Entre fugas e retornos, ficaram as rugas e os cornos. Me chame de maldito, me chame de perverso. Escuter meu verso. Inverso. Há culpa no cartório e não fui eu. Há muitos filhos da puta no mundo. É só escolher outro. Escolha bem. Ou não. Que importa? São todos filhos da puta mesmo... E o que importa é jorrar num gozo. Gostoso. Pastoso. Ninguém pode ensinar o que não conhece do prazer. Aliás, muito prazer. Em conhecer. Agora que conheço, estou de partida. Façam silêncio! Psiu! A rainha dorme. Inconsciente. E não há consciência que a faça acordar. Sono eterno. Sono das justas. Causas. Estás despedida, Rainha. Por justa causa. E eu, que sou juiz e réu numa causa perdida, decreto a minha própria sentença. Prisão perpétua por falta da pena de morte. Crime cruel o meu. Confesso! Há um séquito na porta. Retirem suas senhas, senhores. E senhoras. Pouco importa, que a Rainha deseja gozar. Com a dor alheia. O Reino Encantado, dos príncipes desencantados está devastado. O príncipe foi traído e o rei comeu o peão num jogo de xadrez maldito. Tudo é jogo. A rainha sempre ganha. Perde o peão, perde o bispo, perde o rei. Quem chegou, comeu. O que importa é que a Rainha goze. O tabuleiro está montado. Tudo é um jogo na terra da Rainha. E perde quem não joga. E o maldito relógio não funciona direito. Ainda demora... Quero fumar. Enquanto quem dorme não se lembra da dor... Alheia. Não há verdades nesse mundo, apenas mentiras contadas e recontadas com o esmero e segurança. Há mentira na bondade e verdade na maldade. Eu já morri tanto que nem faço mais mortalha nem compro sapatos novos para meu enterro. Vou pelado e descalço. E não há verdade refletida no espelho do teto motel, é tudo ilusão. A beleza é uma mentira. Há tanta beleza no mundo, que não sei mais em que espelho olhar. Mijei na esquina e fotografei meu pau mijando. O que há de mal (ou de mau) em foder por cima? Ainda por cima... Nada mal, nada de mal, nada de anormal. Anormal é ser normal. Foder com animal? Depende do sexo: se o sexo for bom, foda! A Rainha de Paus... Nunca de Espadas. De Ouro? Nem de Tolo. A Rainha se deu mal. Durante o Carnaval. Etc. e tal. A liberdade é uma faca. De dois gumes. Amolada. Nos dentes. Cuidado, ela pode cortar. Sua língua. É hora de a padaria abrir. Vou comprar cigarros e quem sabe mais alguma coisa no caminho. Tem muita coisa em meu caminho que eu não conheço. Mudou meu endereço, e o numero do meu telefone. Não ligue a cobrar. Não tenho crédito. Nem débito. Mudaram o ponto do ônibus, não espero mais ninguém no ponto. Nem na vírgula. A cópia da chave está na geladeira, junto com meu caralho. E no freezer meu coração. Não há mais o que dizer, não há mais o que pensar. As crianças estão esperando para recuperar o tempo dos pais. Então, entre o pânico e o pinico, enfie a cabeça na privada e enxergue sua bosta. Depois aperte a descarga. Direito. Para que não reste nada de ninguém. Não há desculpas, apenas culpas. Acredite: foi bom foder. Então... Foda-se!
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