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14/02/2012

Manifesto Rozz-Tox, de Gary Panter

Tradução: Ian Cichetto



(Um artefato de 1980 com ressonâncias do fim do milênio)

Item 1:
A vanguarda não é um único corpo. Ela simplesmente está chocada após um ataque infeliz com suas próprias pedras. Finge dormir, mas um olho brilha e uma contração involuntária no canto da boca desmente o risinho reprimido. A risadinha de alguem por chegar acordado ao seu próprio funeral coberto de um mobiliário atômico beatnik como na TV. Um mutante com uma missão.

Item 2:
Ainda restam vinte anos no século vinte. Vinte anos para colher as recompensas e calamidades que foram colocadas em movimento neste período. Neste momento, uma corrente de função estética está emergindo: a culminância inevitável de conceitos e experimentos pioneiros que foram conduzidos neste século. Nós declaramos a sociedade um parque de diversões, e que deva ser levado em consideração.

Item 3:
Uma textura e um tom mortais tomaram conta do Nirvana de cereais: um misantropo nascido de realidades cruciais, tendências, e memorandos internos de escritório. Homens de negócio sem visão posando como profissionais do entretenimento garimpam toneladas de animações sem alma para manhãs de sábado. Será que poderiam tornar rentável o gênio de borracha das manhãs de sábado de sua juventude?

Item 4:
Nós dizemos basta aos instigadores de design de game shows, por que estamos enjoados e tontos. Mostre-nos os bastidores dessas fachadas monstruosas por que mesmo os tapumes são uma textura mais saudável. Oh vocês que procuram o novo e correm assombrados através da história, direto para as garras de uma vida eterna onde nenhum barbeador elétrico pode ser feito para durar!

Item 5:
Fechem os bares! Nós exigimos centros de mídia bem iluminados que sirvam bebidas leves e leite. Nós exigimos que aquela rádio dos 40 melhores pare com isso. E isso vale para os executivos de entretenimento: Nós sabemos quando rir. As máquinas não, e é irritante ouví-las rir na hora errada. Elas riem de qualquer coisa e qualquer coisa não é engraçado.

Item 6:
Encontre os malfeitores, os caixeiros viajantes de Pavlovia que usam contra nós nossas partes que não mencionamos. Você se esconderá atrás de uma tela de seda fosforescente enquanto a biologia cobra sua recompensa?

Item 7:
Uma profunda fé no glamour é uma maneira infalível de não ver que você mata o que você come. Nós acreditamos e idolatramos um mundo bidimensional. Nenhum daqueles que imprimem deus nos salvará quando estamos nus e sem cérebro ante um descompromissada e imparcial fisicalidade. Nós estamos enjoados agora/descobrimos a mídia. Junte-se à polícia da arte. Nós desejamos que se coloquem fotos de vacas em todos os restaurantes de fast-food. E para os vegetarianos, gravações de gritos de vegetais em todas as mesas de salada.

Item 8:
Comunicação de marketing bonitos e eficientes e mídia estética não são necessariamente maus, são simplesmente sedutores.
Entretanto, estética sedutora e mídia estão inclinados a minar o senso comum e a visão numa cultura capitalista. Nossas próprias criações nos envergonham. Nos ensinar que a mão e a opinião do indivíduo não são tão legítimos quanto a opinião transmutada e inflada pela transmissão em larga escala ... especialmente quando essa opinião está em 36 quilos de material envernizado e colorido ... ou quando essa opinião se infiltra invisível e incompreensivelmente em uma caixa para dentro de nossos lares. Essa sociedade se deleitaria com certas variedades de vandalismo e desordem. Que possamos cortar nossa grama e continuar civilizados.

Item 9:
É uma pena e é inaceitável que aos nojentos e preguiçosos inúteis seja dado crédito indevido por proferirem tão sujos e maus clichês como "copiar e vender". Eles não possuem nenhuma compreensão de nossa economia e do tempo que a sociedade leva para prosseguir. Admita e cale a boca! Seja o capitalismo bom ou ruim, é o rio em que todos nós nadamos ou afundamos. A inspiração sempre nasceu da recombinação.

Item 10:
Numa sociedade capitalista como esta em que vivemos, a estética como um desafio flui completa em um corpo que é feito de livre iniciativa e várias doenças. Em épocas de "boom" da arte, a arte pode ser amparada por especulações obscuras ou os excessos de economias em forma de subvenções de Estado ou apadrinhamento para descontar do imposto de renda. Atualmente nós
estamos sofrendo de uma economia apertada. Por necessidade, nós devemos nos infiltrar nas modalidades populares. Nós estamos construindo um movimento artístico baseado em negócios. Isto não é novo. Admití-lo é.

Item 11:
Negócio 1: criar uma pseudo-vanguarda que seja lucrativa. 2: criar plataformas de merchandising em meios de comunicação populares e mídia de entretenimento. 3: Garimpar exaustivamente nosso passado recente e distante atrás de ícones que devam ser relembrados: arqueologia de recombinação.

Item 12:
Procurando por caça-talentos artísticos? Não há caça-talentos artísticos. Encare isso, ninguem vai procurar por você. Estão cagando pra isso.

Item 13:
A saturação de mercado foi atingida nos anos 60 - todo mundo sabe disso. As Belas Elitistas Artes já não tem utilidade. Não compensa mais manter ou se juntar a uma estéril turma de elite.

Item 14:
Arte elitista já não pode ajudar a complexidade que surge através de sua dolorosa e potencialmente estúpida e perigosa adolescência. Inicie ou apóie a indústria primitiva, propaganda sem dogmas, jarras decorativas.

Item 15:
Lei: se você quer uma mídia melhor, vá fazê-la.

Item 16:
Nós nascemos como capitalistas e fabricantes de bens e serviços alternativos. Nós fomos feitos propagandistas e propomos uma antimídia por nenhum dogma. Apelamos para manipuladores ambientais populares, indústria primitiva, uma vanguarda situada diretamente no campo do entretenimento, para arqueólogos e sintetizadores.

Item 17:
Um apelo para a intuição mutante, e a luta-livre é real. Uma corrente que sintetiza ideias e entretenimento .. uma antimídia que cria, participa, e serve à base ampla de lunáticos e uma que seja capaz de finalizar o século definitivamente. Uma vanguarda que não tenha distrações ruins e supre o supermercado.

Item 18:
Nossa falta de popularidade no colegial nos levou a pensar e pensar nos trouxe até aqui. Nenhuma guerra é travada aqui; somente uma casta, um vírus, uma toxina, uma Rozz-Toxina. A complexidade crescente pede por somente vinte anos do seu tempo. Agora levante-se e cante...

Nota Final:
O Capitalismo, para o bem ou para o mal, é o rio no qual nadamos ou afundamos, e supre o supermercado.


Algumas notas minhas (por Ian Cichetto):

Os destaques no texto são meus.
Originalmente esse texto é muito mais cru e cheio de expressões coloquias, mas traduzí-las precisamente tornariam a leitura mais complexa do que deveria ser, portanto minha tradução pode fazê-lo parecer mais sério e sisudo do que é originalmente.

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As partes que não fazem muito sentido também não fazem muito sentido em inglês. Também não concordo com tudo o que ele diz, mas acredito ser uma maneira inovadora (apesar do texto datar da década de 80) de tratar a questão do mercado de artes e indústria do entretenimento. Uma estratégia diferente de sobrevivência dentro da barriga do monstro do Mercado da Estética que tudo devora e incorpora. A meu ver, as academias de artes e seus neófitos cabeças feitas recém-chegados estão muito atrasados em relação a essa despretensiosa e até agora praticamente desconhecida toxina "antimídia".

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Site oficial do Gary Panter (em inglês) : http://www.garypanter.com/site/
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Se for utilizar a tradução, favor mencionar o tradutor.
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