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15/04/2020

REFLEXÕES DO DIA, SEM ÁLCOOL GEL (CORONARIANA Nº 1)

REFLEXÕES DO DIA, SEM ÁLCOOL GEL (CORONARIANA Nº 1)
Barata Cichetto


1 - Idosos são sempre um grupo de risco para qualquer espécie de doenças, das mais simples, como novas ou velhas formas de gripe, mas o que mais lhes atinge, e isso sim são fatais, é a solidão e a indiferença.
2 - Lavar as mãos, aprendi desde muito pequeno, é necessidade essencial em todos os momentos, sob quaisquer circunstâncias, e aperto de mãos podem contagiar de coisas diferentes, como afeto, por exemplo.
3 - O pânico é uma arma eficaz no controle das massas, quando as pessoas mais sentem necessidade de se manifestar, de ir às ruas, de estar com outras pessoas, é muito produtivo gerar uma histeria em massa e mantê-las em casa, na frente da TV que só informa o que interessa.
4 - Reflexão local: ano passado, somente em Araraquara tivemos 10% da população (27.000) casos de Dengue, sendo que oito fatais. Não houve histeria, as lojas não fecharam, as escolas não suspenderam as aulas, e, pior, a prefeitura petista nada fez de importante, e os principais focos - os vagões de trem abandonados -, continuam no mesmo lugar. Neste ano, ninguém toca mais no assunto, talvez por ser ano eleitoral.
5 - Até hoje, 18 de Março de 2020, foram detectados 350 casos de Corona no Brasil, e apenas um caso fatal, o que é muito inferior aos de gripe comum, de morte por alcoolismo, imprudência de transito, e suicídio por depressão, por exemplo.
6 - Pessoas sem o menor escrúpulo e especialmente conhecimento, ficam o dia inteiro na Internet propagando noticias em tom alarmista, e especialmente usando tom de viés político para análises rasteiras, enquanto outras incitam a que se estoquem alimentos, causando um estouro na economia.
7 - O maior efeito colateral dessa nova gripe, depois de outras, como a do frango, do porco e da febre da vaca louca, é a prova de que o ser humano em sua maioria é um monstro, e mesmo aqueles que pregam o coletivismo o fazem da boca pra fora, já que cada um quer safar seu próprio rabo, e especialmente lucrar, de alguma forma.
8 - Numa investigação criminal, o motivo e o lucro pelo crime são sempre analisados primeiro, o que invariavelmente leva ao culpado. E a pergunta: no atual cenário mundial, quem tem sempre lucrado? A resposta é China, com seu comunismo amparado pelo lucro fácil. Ademais, há de se confiar nas noticias vindo de um país sem liberdade de expressão, e onde até mesmo a Internet é controlada? Na China tudo o que se produz é falso. Inclusive as noticias.
9 - No final do Verão, Outono e Inverno aumentam em muito os casos de gripe, então podemos supor que até Outubro, todos os eventos, aulas, etc., estarão suspensas e isso causaria o desmoronamento da economia mundial, pois não se trata de um show cancelado ou de um bar fechado, se trata de tudo o que gira ao redor disso, de funcionários que não recebem e não compram, até a fábrica de cervejas e refrigerantes que não vende, numa bola de neve. 
10 - Estamos tão fudidos com a nova gripe, quanto com a velha gripe, mas nada se compara com estarmos fudidos pela ignorância, que é bem pior que estupidez.

18/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

27/03/2020

Coronarianas

Coronarianas
Barata Cichetto
(Textos Publicados no Facebook)



(Coronariana Nº 15)

Estamos diante de um imenso fracasso. O fracasso da espécie humana. Fracassamos como raça evoluída. Acreditem! Somos uma sub-raça, imersos num cupinzeiro (cupins, sociedade que corrói, não confundir com formigas). Diante do medo nos borramos nas calças e chamamos mamãe, papi, Jesus, Lenin, Buda, Jesus, Stalin, Bolsonaro, Lula, e nossos pares de fascistas e loucos, enquanto continuamos com nossa saga demente de nos proliferarmos, feito lagartixas, feito baratas, feito vermes. Diante de nossos medos clamamos aos chinelos que nos abatem. Fracassamos, pois! Somos merecedores do que plantamos. O medo não nos fez fortes como deveria. O medo nos reduziu a larvas. De raça dominante a meros espectadores de minúsculos vírus, o da ignorância. Não somos ignorantes, somos estúpidos, e corremos ao primeiro buraco de minhoca, e depois chamamos o escorpião de rei.  Fracassamos? Não, eu não fracassei, outros fracassaram e correram a se esconder no meio das pernas da mamãe, essa puta a quem chamam carinhosamente de Política. Parvos fracassaram. Eu não fracassei!

25/03/2020

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(Coronariana Nº 14)

Prendam os idosos, raspem a barba, parem de trabalhar, fujam para a colina, xinguem a China, matem o Presidente, se tranquem em casa, enlouqueçam, esqueçam das contas, aparem as pontas, façam de conta que estão doentes, com dor de dentes, caguem quadrado, mijem sentados, se ajoelhem na beira da cama, comam grama, fumem maconha, dêem a bunda, morram de fome, mudem de nome, espalhem seu medo, contem seu segredo, fiquem calados, falem pelos cotovelos, ajam como gados, sagrados, profanados, sejam petistas, comunistas, fascistas, simplistas, sigam a manada, que ela manda berrar, chorar e correr para dentro de casa. O mito da caverna. Enxerguem apenas as sombras projetadas, pela vela da televisão e do Facebook. Chamem de criminosos e monstros aqueles que discordam da sua opinião deformada sobre tudo, afinal de contas é apenas sua excelentíssima pessoa com capacidade de pensar, e mudar o mundo, antes de acabar tudo. Estejam certos que estão certos nas suas certezas. Se tranquem em casa e joguem vídeo game, xinguem o patrão, o dono do caminhão e esqueçam o preço da comida. Ouçam os lunáticos, sejam fanáticos; tomem remédios, lavem seu cu com sabão. Deixem que a solidão mate mais rápido que qualquer doença, esqueçam tudo que sabiam, que o planeta inteiro é seu quintal. Limpem a casa duzentas vezes por dia, que o inimigo é cruel. Se entupam de papel higiênico, lavem a mão com sabão até arrancar a pele. Chamem o poeta de imbecil, encomendem droga pelo delivery, que as ruas estão desertas, e ouçam o que diz o ladrão da nação. Digam que não, digam que eu não sei de nada, que nem de madrugada eu sei dormir. Acatem a fúria, discutam a injúria e prendam a respiração. Transmitam seus medos ao maior numero de pessoas. O coletivo é ordinário e burro. Fiquem com suas consciências tranquilas, e garantam o lugar no Paraíso mandando um idoso ficar dentro de casa, sem abraço, sem beijo e sem aperto de mão. Deixem os depressivos, que só encontram no dominó, na cerveja e na companhia a distância necessária do pote de veneno ou da corda. Sejam humanos, como os romanos, e joguem às feras os inimigos do Imperador. Aproveitem e lancem à arena todos aqueles que torcem ao time contrário, que pensam diferente, e que portanto não são gente. Façam tudo o que quiserem, na sua sina de parvos, cabresto na mente, burrice crônica e ignorância disfarçada. A voz dos idiotas é a que mais se ouve. Ouçam a suas! 

25/03/2020

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(Coronariana Nº 13)

Não existem revoluções populares, apenas estratégias de dominação onde pessoas comuns são usadas. O "povo" não faz revoluções, poderosos fazem. O que muitas vezes as massas fazem é se revoltar, o que é diferente de revolução. E mesmo assim, sempre instigadas por interesses outros, convencidos que são de que é deles a causa.

24/03/2020

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(Coronariana Nº 12)

Existem doenças e existem doentes. Existe o remédio e existe a cura. Existe a precaução e existe o pânico. Existe solidariedade e existe a hipocrisia. Existe a esperança e existe a ciência. Existe a prudência e existe a irresponsabilidade. Existe a fome e existe o lucro.

24/03/2020

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(Coronariana Nº 11)

Ninguém tira a alegria de ninguém, que alegria é um estado de espírito falso. Não existe essa tal de alegria, isso é só uma máscara. Pessoas que se dizem alegres e felizes são sempre as mais infelizes e tristes. Taí essa tal doença, que é apenas mais uma entre tantas, até bem piores, para demonstrar minha razão. As pessoas, especialmente brasileiros, que se julgam tão felizes, mostram agora suas verdadeiras faces, e não são tão alegres e felizes como queriam fazer parecer. 

24/03/2020

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(Coronariana Nº 10)

Tolice é acreditar, como pretendem alguns, que somos criações da sociedade. Somos de fato criadores, cada um de nós indíviduos humanos; e é nossa a responsabilidade pelos nossos atos. Culpar a sociedade, ou o coletivo, como chamam muitos incautos, despercebidos ou mal intencionados, pelas mazelas individuais é simplesmente agir como irresponsável e dependente dos poderosos, que usam das suas culpas, mas não aceitam suas desculpas.

23/03/2020

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(Coronariana Nº 9)

Estamos todos representando um papel ridículo, num circo de horrores. Um circo onde só tem palhaços mal vestidos. O mestre de cerimônia toca os tambores do terror, solta feras imaginárias e todos correm, enquanto a lona se incendeia. Contaminados pelo medo, soltamos nossas feras reais. Não, nesse circo humano não somos palhaços, somos feras enjauladas, nos devorando umas às outras. Bem ao gosto do dono do circo, que aumentou o preço do ingresso, matou a equilibrista e agora dorme tranquilo abraçado ao seu saco de dinheiro, costurado com frageis dedos infantis em alguma colônia chinesa. 

23/03/2020

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(Coronariana Nº 8)

Querem que lavemos bem as nossas mãos, enquanto as deles estão e estarão mais ainda sujas de sangue. De idosos e dos que sempre representaram custo social elevado. Querem uma nova economia, e terão. Uma economia de esfomeados, violentos e mortos.

23/03/2020

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(Coronariana Nº 7)

A partir de hoje, em Araraquara, e pelos próximos quinze dias, todo o comércio da cidade fica proibido de abrir, com exceção de supermercados e outros poucos. Há algo de muito podre por trás de decisões como essas. Autoridades decidem que o comércio inteiro precisa fechar as portas.
O caos instalado, numa sociedade, por conta de uma doença que é menos contagiosa e perigosa que muitas outras e que o isolamento que nos obrigam. Deixam idosos sem companhia e assistência, o que pode causar males bem piores.
Desconfia-se de atitudes como essa, já que o isolamento pode não ter a eficácia pretendida, e alija pessoas que não tem empregos formais, e que muitas vezes precisam estar nas ruas para defender seu pão.
O caos econômico que advirá disso nem é o pior. A fome, pior das doenças é.
A pergunta é: a quem isso realmente interessa? E quem lucra mais com isso.
Sem discursos falso humanitários, por favor.

24/03/2020

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(Coronariana Nº 6)

Idosos estão sendo humilhados se não cumprem a determinação de ficarem em casa, estão sendo aviltados, e escorraçados. Fotos de idosos jogando dominó em público são usadas para demonstrar o quando são irresponsáveis. Asilos proíbem visitas e filhos também não visitam. Acaba assim para eles qualquer forma de alegria, e lhe tira a única coisa que têm.

24/03/2020
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(Coronariana Nº 5)

Assisto a tudo isso da minha janela, há tempos. Politizam até a morte, glamourizam a dor e riem das vísceras alheias expostas. Expõem suas mazelas e deixam à mostra um sorriso de medo, seu lado mais pérfido, sua parvalhice. Fascismo é isso.

23/03/2020
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(Coronariana Nº 4)

Elite, burguesia, minoria, proletariado, poder político, esquerda, direita... Etc. etc... Creio que palavras como essas terão significados diferentes quando essa crise fabricada acabar. Aliás, muitas palavras perderão o significado, especialmente a "humanidade". 

23/03/2020

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(Coronariana Nº 3)

Medo de morrer: as pessoas acham que o medo deve ser coletivo. Não se contentam em sentir medo sozinhas, querem espalhar seu medo ao redor. Contaminar. O medo é individual, senhoras e senhores! 

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Confissões de Apocalipse (Coronariana Nº 2)

Muita gente confessando coisas e deixando testamentos e pedidos, para o caso de serem vitimas da hecatombe midiática. Então preciso confessar uma coisa, que quase ninguém no mundo sabe: meu nome completo é: Luiz Carlos Piccinini Lazarini Terriano Rocha Ferreira de Almeida Araujo Giraçol Barata Cichetto. Meu pai era adhemarista e getulista, odiava o Prestes, mas colocou meu nome igual, talvez por vingança contra minha mãe, ou talvez por ser mesmo o grande filho da puta que é. O fato é que sobrevivi a três tentativas de aborto e de sufocamento por travesseiro, além de vários espancamentos na infância.  Tive nefrite, hepatite, bronquite, sinusite, rinite, afrodite, além de gonorréia, chato, sífilis e cai de um caminhão ficando embaixo dele um dia antes do meu primeiro casamento. Sobrevivi a esse a mais três. Neste século XXI já passei por gripe do frango, do porco, da cadela, da vaca, da puta que pariu, além da maior doença de todas, quatro governos petistas. No século anterior, cresci durante a ditadura militar, servi exército aos dezoito, fui integrante dos partidos comunistas e apanhei por fazer propaganda do ladrão mor da nação; tive dinheiro roubado pelo plano Collor e assisti a histeria dos fiscais do Sarney. Tenho dois filhos que são de uma puta, e há uns dez anos não transo mais com putas. Só faço sexo inseguro e tenho canal no XVideos. Não bastasse tudo isso, sou poeta e escritor, porque vergonha pouca é bobagem. Ah, sim, sofro de depressão, ansiedade e tenho gripes três vezes por ano. Estou de novo. Será que a Gripe Chinesa me mata, ou só vou virar um escravo do Partido Comunista Chinês?

21/03/2020

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Reflexões do Dia, Sem Álcool Gel (Coronariana Nº 1)

1 - Idosos são sempre um grupo de risco para qualquer espécie de doenças, das mais simples, como novas ou velhas formas de gripe, mas o que mais lhes atinge, e isso sim são fatais, é a solidão e a indiferença.
2 - Lavar as mãos, aprendi desde muito pequeno, é necessidade essencial em todos os momentos, sob quaisquer circunstâncias, e aperto de mãos podem contagiar de coisas diferentes, como afeto, por exemplo.
3 - O pânico é uma arma eficaz no controle das massas, quando as pessoas mais sentem necessidade de se manifestar, de ir às ruas, de estar com outras pessoas, é muito produtivo gerar uma histeria em massa e mantê-las em casa, na frente da TV que só informa o que interessa.
4 - Reflexão local: ano passado, somente em Araraquara tivemos 10% da população (27.000) casos de Dengue, sendo que oito fatais. Não houve histeria, as lojas não fecharam, as escolas não suspenderam as aulas, e, pior, a prefeitura petista nada fez de importante, e os principais focos - os vagões de trem abandonados -, continuam no mesmo lugar. Neste ano, ninguém toca mais no assunto, talvez por ser ano eleitoral.
5 - Até hoje, 18 de Março de 2020, foram detectados 350 casos de Corona no Brasil, e apenas um caso fatal, o que é muito inferior aos de gripe comum, de morte por alcoolismo, imprudência de transito, e suicídio por depressão, por exemplo.
6 - Pessoas sem o menor escrúpulo e especialmente conhecimento, ficam o dia inteiro na Internet propagando noticias em tom alarmista, e especialmente usando tom de viés político para análises rasteiras, enquanto outras incitam a que se estoquem alimentos, causando um estouro na economia.
7 - O maior efeito colateral dessa nova gripe, depois de outras, como a do frango, do porco e da febre da vaca louca, é a prova de que o ser humano em sua maioria é um monstro, e mesmo aqueles que pregam o coletivismo o fazem da boca pra fora, já que cada um quer safar seu próprio rabo, e especialmente lucrar, de alguma forma.
8 - Numa investigação criminal, o motivo e o lucro pelo crime são sempre analisados primeiro, o que invariavelmente leva ao culpado. E a pergunta: no atual cenário mundial, quem tem sempre lucrado? A resposta é China, com seu comunismo amparado pelo lucro fácil. Ademais, há de se confiar nas noticias vindo de um país sem liberdade de expressão, e onde até mesmo a Internet é controlada? Na China tudo o que se produz é falso. Inclusive as noticias.
9 - No final do Verão, Outono e Inverno aumentam em muito os casos de gripe, então podemos supor que até Outubro, todos os eventos, aulas, etc., estarão suspensas e isso causaria o desmoronamento da economia mundial, pois não se trata de um show cancelado ou de um bar fechado, se trata de tudo o que gira ao redor disso, de funcionários que não recebem e não compram, até a fábrica de cervejas e refrigerantes que não vende, numa bola de neve. 
10 - Estamos tão fudidos com a nova gripe, quanto com a velha gripe, mas nada se compara com estarmos fudidos pela ignorância, que é bem pior que estupidez.

Barata Cichetto, 18 de Março de 2020

21/03/2020

Confissões de Apocalipse

Confissões de Apocalipse
Barata Cichetto



Muita gente confessando coisas e deixando testamentos e pedidos, para o caso de serem vitimas da hecatombe midiática. Então preciso confessar uma coisa, que quase ninguém no mundo sabe: meu nome completo é: Luiz Carlos Piccinini Lazarini Terriano Rocha Ferreira de Almeida Araujo Giraçol Barata Cichetto. Meu pai era adhemarista e getulista, odiava o Prestes, mas colocou meu nome igual, talvez por vingança contra minha mãe, ou talvez por ser mesmo o grande filho da puta que é. O fato é que sobrevivi a três tentativas de aborto e de sufocamento por travesseiro, além de vários espancamentos na infância.  Tive nefrite, hepatite, bronquite, sinusite, rinite, afrodite, além de gonorréia, chato, sífilis e cai de um caminhão ficando embaixo dele um dia antes do meu primeiro casamento. Sobrevivi a esse a mais três. Neste século XXI já passei por gripe do frango, do porco, da cadela, da vaca, da puta que pariu, além da maior doença de todas, quatro governos petistas. No século anterior, cresci durante a ditadura militar, servi exército aos dezoito, fui integrante dos partidos comunistas e apanhei por fazer propaganda do ladrão mor da nação; tive dinheiro roubado pelo plano Collor e assisti a histeria dos fiscais do Sarney. Tenho dois filhos que são de uma puta, e há uns dez anos não transo mais com putas. Só faço sexo inseguro e tenho canal no XVideos. Não bastasse tudo isso, sou poeta e escritor, porque vergonha pouca é bobagem. Ah, sim, sofro de depressão, ansiedade e tenho gripes três vezes por ano. Estou de novo. Será que a Gripe Chinesa me mata, ou só vou virar um escravo do Partido Comunista Chinês?

21/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados (Se o mundo não acabar logo)

18/03/2020

Reflexões do Dia, Sem Álcool Gel

Reflexões do Dia, Sem Álcool Gel



1 - Idosos são sempre um grupo de risco para qualquer espécie de doenças, das mais simples, como novas ou velhas formas de gripe, mas o que mais lhes atinge, e isso sim fatais, são a solidão e a indiferença.
2 - Lavar as mãos, aprendi desde muito pequeno, é necessidade essencial em todos os momentos, sob quaisquer circunstâncias, e aperto de mãos podem contagiar de coisas diferentes, como afeto, por exemplo.
3 - O pânico é uma arma eficaz no controle das massas, quando as pessoas mais sentem necessidade de se manifestar, de ir às ruas, de estar com outras pessoas, é muito produtivo gerar uma histeria em massa e mantê-las em casa, na frente da TV que só informa o que interessa.
4 - Reflexão local: ano passado, somente em Araraquara tivemos 10% da população (27.000) casos de Dengue, sendo que oito fatais. Não houve histeria, as lojas não fecharam, as escolas não suspenderam as aulas, e, pior, a prefeitura petista nada fez de importante, e os principais focos - os vagões de trem abandonados -, continuam no mesmo lugar. Neste ano, ninguém toca mais no assunto, talvez por ser ano eleitoral.
5 - Até hoje, 18 de Março de 2020, foram detectados 350 casos de Corona no Brasil, e apenas um caso fatal, o que é muito inferior aos de gripe comum, de morte por alcoolismo, imprudência de transito, e suicídio por depressão, por exemplo.
6 - Pessoas sem o menor escrúpulo e especialmente conhecimento, ficam o dia inteiro na Internet propagando noticias em tom alarmista, e especialmente usando tom de viés político para análises rasteiras, enquanto outras incitam a que se estoquem alimentos, causando um estouro na economia.
7 - O maior efeito colateral dessa nova gripe, depois de outras, como a do frango, do porco e da febre da vaca louca, é a prova de que o ser humano em sua maioria é um monstro, e mesmo aqueles que pregam o coletivismo o fazem da boca pra fora, já que cada um quer safar seu próprio rabo, e especialmente lucrar, de alguma forma.
8 - Numa investigação criminal, o motivo e o lucro pelo crime são sempre analisados primeiro, o que invariavelmente leva ao culpado. E a pergunta: no atual cenário mundial, quem tem sempre lucrado? A resposta é China, com seu comunismo amparado pelo lucro fácil. Ademais, há de se confiar nas noticias vindo de um país sem liberdade de expressão, e onde até mesmo a Internet é controlada? Na China tudo o que se produz é falso. Inclusive as noticias.
9 - No final do Verão, Outono e Inverno aumentam em muito os casos de gripe, então podemos supor que até Outubro, todos os eventos, aulas, etc., estarão suspensas e isso causaria o desmoronamento da economia mundial, pois não se trata de um show cancelado ou de um bar fechado, se trata de tudo o que gira ao redor disso, de funcionários que não recebem e não compram, até a fábrica de cervejas e refrigerantes que não vende, numa bola de neve. 
10 - Estamos tão fudidos com a nova gripe, quanto com a velha gripe, mas nada se compara com estarmos fudidos pela ignorância, que é bem pior que estupidez.

Barata Cichetto, 18 de Março de 2020

18/01/2020

Neil Peart

Neil Peart
Barata Cichetto

Photo: Ben DeSoto, Houston Chronicle

Com a morte de Neil Peart fico me perguntando: onde estão indo todos? Não acredito nem em Céu nem em Inferno, mas sinto que todos estão indo a algum lugar. A Natureza não é injusta, o deus Tempo não é injusto. Falando apenas dos mais recentes: para onde foram Lemmy, Dio, Lou, Bowie e agora Neil?. Goodbye, The Professor! Obrigado ao deus Tempo por me permitir compartilhar da mesma era que esse gênio. Sinto-me grato por ter sido agraciado por estar presente neste inóspito planeta ao mesmo tempo que esses que se foram. Não tenho ideia de para onde foram, mas gostaria de ir ao mesmo lugar.

10/01/2019


30/12/2019

E Se A Palavra "Amor" Desaparecesse?

E Se A Palavra "Amor" Desaparecesse?
Barata Cichetto



Imaginem se a palavra "amor" e todas as suas variações como substantivo masculino, tanto com na conjugação em todos os tempos do verbo transitivo direto e pronominal "amar", simplesmente desaparecessem? O que seria? Simplesmente o mundo entraria em colapso? Cairia em uma guerra apocalíptica? Ou simplesmente as pessoas seriam mais honestas e sinceras com as outras, e especialmente consigo próprias? Sem podem dizer "Eu te amo" as pessoas procurariam com atos e fatos demonstrar o quanto tem sentimentos como respeito, carinho, admiração, cumplicidade, etc, para com outra e outras. Sem poder falar em "amor" precisariam serem honestos com o sexo e fazerem dele apenas o que é. E usariam mais outras palavras como "querer", "fazer", "ser". Enfim, a extinção da palavra "amor" e suas vertentes, traria o verdadeiro sentido de "amor". E quem sabe extinguiria outra palavra: "hipocrisia".

30/12/2012

©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

18/12/2019

Pessoas e Deuses

Pessoas e Deuses
Barata Cichetto



Ontem, caminhando numa avenida movimentada no centro de Araraquara, com minha barba e cabelos quase todos brancos e longos, cruzo com uma senhora de cerca de uns 80 anos. Ao passar por mim, ela diz algo que não entendo. Paro e pergunto à idosa: "O que a senhora disse?". E ela: "Eu disse pra mim mesma: eu sabia que Jesus voltaria. E agora estou vendo." E deu um gostoso sorriso. Fiquei uns segundos longos olhando para ela, querendo falar alguma coisa. Nesse tempo um milhão de coisas me passou na cabeça. "Sou ateu. Tenho quase o dobro da idade de Cristo quando morreu. Muito obrigado. A senhora é simpática. Ah, eu não sou não, estou mais pra demônio que pra santo." Foram algumas delas. Mas apenas lhe sorri e continuamos, cada um em sua direção, nossa caminhada. Eu nunca a tinha visto, e possivelmente jamais a verei. Ela não sabia quem eu era, e eu muito menos que é ela. É claro que a senhora não é doida, não me confundiu com nenhum Jesus, mas sua atitude simpática e sorridente me associando a alguém que para ela deve ser o símbolo máximo de bondade, paz e justiça, me fez perceber que, acima de quaisquer dogmas, quaisquer crenças, e seja lá o que nos desune, sempre haverá pessoas capazes de nos atribuir, pela própria bondade, um sentimento bom, mesmo que não tenhamos. Então, é Natal... E eu continuo como ateu. Não há deuses, existem pessoas.

18/12/2019

10/12/2019

O Filósofo Nosso de Cada Dia

O Filósofo Nosso de Cada Dia
Barata Cichetto



No Brasil aparece um filosofo "genial" todos os dias. A mídia constrói filósofos como se fossem astros do funk ou bonecos de playmobil. O problema é que a imensa maioria deles não é de filósofos - e nem falo em formação de nível superior, pois não é a formação acadêmica que determina -, já que se detém a falar como sociólogos movidos por ideologias políticas. O verdadeiro filósofo não fala do coletivo em relação ao individual, o filósofo real deve tratar do individuo em relação ao um coletivo muito maior que problemas de favelas, cotas, polícia e bandido. Deve o filósofo se preocupar com as vicissitudes da mente e da alma do ser humano, gerador de toda a saúde e enfermidade do mundo. Filósofos a serviço de ideologias políticas de qualquer natureza, não apenas ofendem o sentido da Filosofia, como perdem qualquer respeito às suas ideias. A Filosofia não requer canudo, mas requer isenção política para que seu pensamento possa ser livre. Sem pensamento livre não existe Filosofia, apenas Sociologia barata, corrompida e amorfa.

06/12/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

05/12/2019

Insomnia Solemnia

Insomnia Solemnia
Barata Cichetto



Estou deitado no sofá da sala. É madrugada, e todos dormem, até mesmo quem nesta noite me causa os pensamentos mais confusos. 
Apanho o celular e entro num desses sites de filmes pornôs. Quem sabe toda aquele escancaramento de gente se comendo, de bucetas e bundas, afastem meus pensamentos confusos sobre ela, que dorme.
Pior. Ali todas as mulheres parecem as mesmas. Ou melhor, a mesma. Ela. E todos os caras que as comem se parecem comigo. A diferença é que eles comem, mas eu não. Ela dorme. Eu não. Ela sonha. Eu apenas espero. Com o pau na mão, até um pouco frouxo, de tanto esperar. 
Aquela gemedeira nos pornôs nem me excita. Dão até raiva. Gosto de mulheres que gritam e gemem alto, e nesse momento sou até capaz de imaginar o quão alto seriam os gemidos dela. Mas ela dorme, e eu estou no silêncio total, sem sequer um suspiro que sopre um ar quente e rápido no meu rosto.
Queria dormir, mas só pensar que agora ela dorme, com as pernas seminuas, solitárias e carentes, enquanto também as minhas estão sobre o solitário braço do sofá,  minha mão instintivamente tateia minha cueca e alisa meu pinto.
Liberto, ele se ergue e equilibra buscando o ar. Ele a deseja, sonha tanto quanto eu estar dentro dela. Somos dois solitários. Eu e meu pinto. E ela também, e sua vagina também. Eu e meu pinto pensamos nela e na sua vagina. 
Ah, aquela bundinha magrinha, aqueles peitinhos pequenos, aquele pescoço longo, digo ao meu pinto. Ele se anima, e ficamos um bom tempo trocando fábulas de desejo, e lamentando. 
Eu o seguro pelo pescoço e massageio. Ele quase que sorri.  E depois dorme. Até ele dorme. E eu não. 

04/12/2019

28/11/2019

Foi Uma Puta Que Me Disse

Foi Uma Puta Que Me Disse
Barata Cichetto


Tem muita coisa que eu sei, e que não aprendi em uma Faculdade. Aliás, o mais próximo que cheguei de uma foi cerca de cem metros, num puteiro que tinha próximo ao Largo de São Francisco, onde tem a gloriosa Faculdade de Direito, que formou presidentes, políticos famosos e até estandartes da Literatura. Ali, não na Faculdade, mas no Puteiro, foi que dei meus primeiros passos em direção à Filosofia e a Poesia, o que é praticamente a mesma coisa. E também à Putaria, outra ciência insofismável.
Tem muita coisa que aprendi, mas não nos bancos limpos da Academia, nas camas sujas da Casa da Tia. Troquei professores letrados, trajados de terno ou camiseta rasgada, onde toda a verborragia gelada da humanidade e citações quilométricas de outros acadêmicos são encaradas com bocejos, cervejas e maconha na calçada, por putas desregradas, trajadas de minissaias e botas de cano alto, que desfilavam toda a sabedoria que mantinham quente no meio das pernas, e que são encaradas com desejo, cachaça e cigarro, bem ali mesmo.
Tem muita coisa que sei por que aprendi, mas nunca nos guetos ideológicos dos centros acadêmicos dessas faculdades de ciência nenhuma, doutrina marxista pura e filosofia pragmatizada. Aprendi nos guetos fisiológicos dos quartos de quatro metros quadrados, anti-higiênicos, endêmicos, desses puteiros, onde toda a ciência do universo e toda descoberta está na nudez e na embriaguez de perdidos sem glória, que fazem da própria história, sua formação, e onde o diploma chega junto com a capacidade de sobrevivência.
Tem muita coisa que aprendi, e que uso, feito uma cueca, diariamente como um escudo contra a estupidez e a arrogância acadêmica, que prega a Liberdade sem saber sequer onde fica a favela mais próxima; que prega revolução sem sequer saber amarrar os próprios sapatos. 
Aprendi e agora sei o que é Filosofia, e a pratico fora da lei, mas dentro da Lei, para desespero dos adoradores de canudos, de Canudos e de Zumbis. Sou e pratico a Filosofia, de acordo com sua mais literal e crua definição. E isso é o que me basta. Nunca fui a uma Faculdade, foi dito, e não por falta de poder, mas por ausência de querer. Quase todas as coisas do mundo são opcionais, exceto é claro as impostas por força de armas e violência física, então fiz a minha.
E se agora sei, porque não aprendi na Faculdade, mas no Puteiro, que o Comunismo é contra a essência humana, que o Capitalismo é desumano, e que qualquer Sistema é injusto e cruel, e especialmente, que qualquer Individuo, consciente de sua própria individualidade, é um perigo maior que um exército.
Ah, sei por que aprendi nos livros, que no final das contas são meras putas. E isso foi uma puta que me disse.

27/11/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

25/11/2019

Ah, Sim, Eu Tenho Uma Carreira

Ah, Sim, Eu Tenho Uma Carreira
Luiz Carlos Cichetto


Em Novembro de 2019, completo quarenta e cinco anos de carreira literária, pois considero a data da minha primeira publicação, ainda num daqueles veículos underground impressos em mimeógrafo. Antes disso, meus poemas e contos não saiam da caixa de sapatos ou do caderno. Novembro de 1974. Eu tinha 16 anos, e um monte de coisas escritas, mas eram apenas coisas de adolescente.

De qualquer forma, chamar de "carreira literária" é quase uma zombaria comigo mesmo, já que fora as auto-publicações artesanais, jamais consegui ser publicado por uma editora "de verdade", e quase nenhum dinheiro recebi com meus escritos.

Comemorar? Não, talvez apenas relembrar uma data, olhando para as pilhas de folhas impressas que empoeiram no meu armário, e que um dia, quem sabe num futuro em que eu não possa estar, seja a panaceia de alguém, que hoje ignora tanto meu trabalho quanto minha pessoa.

Nunca pleiteei nada que não fosse meu por direito, e isso inclui reconhecimento a um trabalho intenso, grande e vasto.

Meu sentimento é de que, findo este ano de 2019, tudo isso cesse, que eu não fique mais esperando o resultado de um email enviado a uma editora, de um concurso literário ou de qualquer migalha de uma curtida em rede social. Escrever sempre foi minha vida, e só há um meio de acabar com isso.

20/11/2019
©Luiz Carlos Cichetto​ - Direitos Autorais Reservados

19/11/2019

Lápis de Cor (Reflexões Sobre o "Dia da Consciência Negra")

Lápis de Cor
(Reflexões Sobre o"Dia da Consciência Negra")
Barata Cichetto




Eu queria apenas desenhar, pintar o mundo com todas as suas cores. Fui a uma papelaria e comprei uma caixa de lápis de cor, com uma dúzia. Doze cores seriam o suficiente para eu expressar minhas emoções, dar vazão à minha criatividade, expressar minha arte. Deixar ao menos um pedaço de papel colorido, que fosse sobre alguma mesa de plástico, ou numa rua de asfalto.
Cheguei em casa, desembrulhei o pacote, abri a caixa e fiquei olhando para os lápis redondos, coloridos, todos do mesmo tamanho, alinhados elegantemente dentro da caixa de papelão, e pensando sobre as maravilhas coloridas que faria com eles, e que poderiam encantar crianças, idosos, e dar-lhes um pouco de cor.
Aí me lembrei do mundo chato e intolerante, e fui logo tirando da caixa o preto, já que eu poderia pintar algo com ele e ser acusado de racismo. Por via das dúvidas, e pelo mesmo motivo, joguei fora também o marrom. Ficaram apenas dez lápis na caixa, mas era o suficiente para eu pintar o mundo.
Então percebi que tinha que jogar fora também o bege, pois eu poderia também ser tachado de racista, acaso me distraísse e pintasse uma pessoa com essa cor. Por aproximação, foi também o rosa, que tinha o agravante de que eu poderia ser acusado de machista ao pintar alguma coisa feminina com ele.
Ah, mas eu ainda tinha oito lindos lápis de cor, que comprara simplesmente para fazer arte, e quem sabe dar alegria a algumas pessoas, ou no mínimo me expressar, colocar em cores meus sentimentos mais bonitos.
Oito... Mas tinha o verde escuro e o amarelo, e pensei que seria condenado como fascista se pintasse algo com eles, já que são as cores da bandeira brasileira. 
Sobraram seis, só a metade do que comprei. Apenas metade das cores que eu poderia usar para pintar e descrever o mundo. Ainda acreditei que seria o suficiente, já que o mundo não anda tão colorido atualmente.
Eu disse seis? Não, tinha o outro tom de verde mais claro e o azul, que também foram descartados pelo mesmo motivo. Resolvi, para evitar maiores problemas, juntar a eles também o azul mais escuro.
Olhei para a caixa de lápis de cor quase vazia, onde jaziam apenas três lápis: o lilás, o vermelho e o laranja.
O vermelho foi logo quebrado e atirado no lixo, que poderiam me chamar de comunista, caso eu pintasse alguma coisa com ele. Por inércia a próxima vitima foi o laranja, e por fim o lilás, que poderia sugerir alguma espécie de homofobia, ou o oposto, alguma apologia à imoralidade.
Cores e palavras são coisas que nasceram para representar a liberdade, algo um tanto perigoso nos últimos tempos.
Olhei para a caixa de lápis vazia com uma enorme tristeza, já que não poderia mais colorir nada desse mundo. Não havia mais cores, apenas uma caixa vazia de lápis de cor. Amassei e joguei a inútil embalagem no lixo, depois voltei à papelaria e comprei apenas um lápis, da única cor que eu poderia pintar este mundo: um lápis cinza.
Mas era tarde demais, eu não queria mais pintar.

18/11/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados


11/11/2019

Do Inconveniente de Ser Barata

Do Inconveniente de Ser Barata
Luiz Carlos Cichetto



“'Desde que estou no mundo' – este desde parece-me carregado de um significado tão assustador que se torna insuportável." A citação é de Emil Cioran, o filósofo romeno, e cai como uma luva ao presente texto, até por que termina com "insuportável", que seria outro título que tinha pensado ao estabelecer a linha condutora, sobre de que forma palavras com a letra "i", tem sido presentes na minha existência. Preferi entretanto, sacanear o Oscar, com sua "A Importância de Ser Prudente" (The Importance of Being Earnest"), além do romeno. 

Desde minha avó, passando por minha mãe e duas mulheres, todas com nomes iniciando com "i" , essa letra me persegue, me espreita, me define e me consome, às vezes todas as coisas ao mesmo tempo. E ser "inconveniente", por horas me parece ser uma dádiva, dada por alguma deusa pagã, outras a maldição de uma prostituta anã, mas é certo que a inconveniência da minha existência a torna muito mais inexistência, no sentido filosófico ou científico estrito, ou religioso, no lato. Ou o oposto, que é tão verdadeiro como inconveniente.

Como definir melhor um ser que sobreviveu à sanha de um aborto, e que quando criança era chamado "asa negra" por sua própria mãe, e que era espancado por um pai que nem a desculpa de ser alcoólatra, como na maioria desses caso têm? E que foi batizado por escolha desse mesmo pai, getulista e adhemarista, com o nome composto de um líder comunista que ele odiava? Parece-me conveniente que eu me defina então por "inconveniente". 

De inconvenientes atitudes a inconvenientes palavras, cresce o ser, sempre com a boca machucada por tapas convenientes e as costas feridas por convenientes surras de ripa de madeira. Uma educação convenientemente tratada como sagrada. 

E o inconveniente passa a ter significados amplos, sinônimos múltiplos, na conveniente sociedade crescente, carente de conveniências, todos com a tal da letra "I". Impertinente, importuno, impróprio, inadequado, inapropriado, indiscreto, inoportuno, indecente, imoral, indecoroso, inferior, inútil, incômodo. Cada palavra com seu conveniente expediente, cada uma mais eficiente que a outra.

Da inconveniente poesia suja, ao inconveniente namoro com puta suja, do inconveniente gosto pelo Rock sujo ao casamento com uma suja sem Rock e sem poesia; do inconveniente de ser pai ao de ser fiel; da inconveniente forma de tratar a fidelidade e a paternidade, ao inconveniente jeito de tratar a felicidade e a eternidade, chego ao inconveniente máximo de ser Barata, o símbolo máximo da inconveniência doméstica, social, urbana. E ademais com um inconveniente dom de resistência. Intolerável inconveniente, insustentável impertinência, indefectível intermitência, impossível intendência, inexprimível inconsequência. Gritaram: "Inexequível", "Impossível", mas era incontestável a inexorável, inflexível, implacável ira, a inelutável, irrefutável e indiscutível intenção: invencível, e até incrível.

Barata dos Infernos, O Insuportável Barata, e inomináveis substantivos e adjetivos. Superlativos, mas inobjetivos. Insofismável, incontestável. Incerto? Inconstante? Imbecil? Idiota? Nunca à imagem: inverossimilhança. Inexpugnável. Intragável. Indubitável inteligência, inacatável pertinência, indisputável clarividência. E de inconvenientes a inconsequentes, de indecentes a impertinentes, escrevo, escrevo, escrevo. Nada devo ao que escrevo. Nada invento, nada intento. De fato não escrevo, mas inscrevo minha intenção nessa pedra girando no Universo. Não apenas o verso, mas seu inverso e seu reverso. Converso apenas. Inconvenientes e inconiventes conversas; intransitivas e intransceptivas conversas. Inversas. Invenções, introversões, inversões. Invento novo verso, intento novo inverso. Sem reverso.

"Um dos artistas mais instigantes, inteligentes e imprevisíveis - só para ficar nos adjetivos começados com a letra "i" - que conheci pela Internet." - Disse o escritor, que também é professor, e que também é crítico literário. "Imponderável, impertinente e inconsequente", disse outro. "Intangível e insaciável", por fim disse eu, ao final de uma conversa que inexistiu.

E insuportável agora, ao final da inglória inexistência inconveniente, incontinente e imediatamente, ainda inabalável e intocável, me torno incontestavelmente inverossímil, infactível, inexprimível. 

©Luiz Carlos Cichetto  - Direitos Autorais Reservados

11/11/2019


28/10/2019

Gôndolas

Gôndolas
Luiz Carlos Cichetto



Neste supermercado insano, os gênios são pintados com as mesmas cores dos medíocres, embalados e rotulados da mesma forma, e colocados lado a lado, na mesma gôndola, e depois vendidos pelo mesmo preço, como se fossem todos gênios. Portanto, é quase impossível que se perceba a diferença, e o "consumidor" paga o preço. Sempre paga pelo que lhe é oferecido. Essa é a tática comercial dos que alimentam o supermercado da ideologia coletivista.

©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados


26/10/2019

Não Me Peça Almoço de Graça, Estou Vendendo o Jantar de Amanhã

Não Me Peça Almoço de Graça, Estou Vendendo o Jantar de Amanhã
Barata Cichetto



Morta há 50 anos, a verdadeira diva e dama do Teatro Brasileiro, numa época em que lacração política não era a atividade principal de artistas, Cacilda Becker disse com propriedade: "Não me peça para dar de graça a única coisa que tenho para vender". Então, fico aqui pensando com aqueles botões que não tenho na minha roupa, o quanto ela tinha razão, e o quanto artistas de hoje são perfeitos idiotas. Em busca de um minuto (nem quinze mais) damos de graça a única coisa que temos para vender: nosso talento, nosso trabalho, nossa arte. Damos tudo isso de graça, juntamente com outras coisas, que todos - independente de ser artistas ou não - temos de maior valor, que é nosso tempo. Damos tudo isso de graça, enchemos páginas e páginas de conteúdo de sites como o Facebook, cujos donos enriquecem, enquanto permanecemos do lado de fora, mendigando cliques de curtidas e compartilhamentos totalmente inócuos. Damos de graça aquilo que temos para vender. É uma troca? Não, não é. Seria uma troca se recebêssemos pelo que postamos, seria uma troca se recebêssemos um quinquilhão do dinheiro ganho pelos donos bilionários dessas redes. Ademais, damos de graças nossa arte: publicamos poemas que antes deveriam ser impressos em livros e comprados por interessados realmente em poesia. Damos de graça pinturas, imagens, músicas, dramaturgias, e achamos que curtidas e compartilhamentos valem o mesmo que aplausos e dinheiro. Damos pérolas a porcos sequer se dão ao trabalho de ler um texto até o final, que não se detém um minuto para prestar atenção numa arte visual. Então além de darmos de graça o que poderíamos estar vendendo, ainda recebemos o total desprezo. Um poema pode demorar horas ou meses para ser escrito, o mesmo de uma pintura, mas nessas redes não são saboreados por mais de poucos minutos. Somos otários egoístas, enganados por cliques em um ícone maldito de um sinal de "positivo". É isso, apenas isso o que paga pelo seu trabalho? É só isso que custa sua arte? Ah, sim, isso quando ainda não pagamos para "impulsionar", pagando a essas redes milionárias para usufruir de nosso trabalho, na mesma ânsia vaidosa por nos sentirmos amados e queridos por pessoas que sequer se importam com nossas existências. A propósito, o assunto aqui não é Cacilda Becker.

26/10/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados


25/10/2019

Cargas do Presente, Trilhos do Passado, Futuro Sem Rumo

Cargas do Presente, Trilhos do Passado, Futuro Sem Rumo
Luiz Carlos Cichetto



Há mais de um ano morando em Araraquara, na Vila Xavier, perto do centro da cidade, e esperando o momento certo: filmar a passagem do trem da Rumo (ex ALL), em sua chegada. Já tirei inúmeras fotos, mas nunca consegui estar no momento exato em que se aproxima. Ontem, por "acaso", consegui. Quando percebi a composição chegando, me posicionei bem ao lado dos trilhos, saquei o celular e apontei. Estar a menos de um metro da composição, sentindo a trepidação do chão me deu um pouco de medo no início, mas valeu. As trepidações da câmera são pela vibração da passagem, e o vídeo está em tempo real, com os pouco mais de cinco minutos que durou. Quem tem interesse e admiração por trens como eu, decerto irá gostar sentir o que eu senti e entender a emoção. Só lamento que todo o sistema ferroviário do país, que nasceu e cresceu pelo trabalho de pessoas como o Barão de Mauá, tenha sido sucateado, e hoje quase não reste mais nada, a não ser essas linhas de carga operadas pela Rumo. Mesmo essa linha está com os dias contados, já que as áreas que ela ocupam estão no centro da cidade e, claro, a prefeitura tem outros planos, como entregar à especulação imobiliária, com a desculpa de que "a população da cidade não quer o barulho dos trens". Que esse vídeo sirva de registro futuro, quando as cidades não mais terão trens.

 Araraquara, 25/10/2019
© Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados


23/10/2019

Plástico Bolha

Plástico Bolha
Luiz Carlos Cichetto




Ontem, minha fanpage no Facebook atingiu a marca de 800 seguidores, o que é pouco diante de escritores midiáticos e "influencers" em geral, mas esse número foi formado pelo apoio dos amigos, sem que eu tenha gasto qualquer dinheiro para "impulsionar". São, deduzo, pessoas que de alguma forma acompanham e gostam do meu trabalho, pelo menos enquanto não precisam pagar nada, e é só um clique, muitas vezes por impulso. Quase nenhum comprou um dos meus livros, e uma boa parte, sei, nem lê um texto inteiro. Nada a comemorar, portanto, mas bastante a agradecer a essas 800 pessoas, que afinal alimentam meu ego, e movimentam essa fábrica de malucos.

O que fiquei triste, foi que ao ser informado pelo Facebook desse número, abri o Messenger para agradecer uma pessoa, uma amiga, que nos últimos tempos era assídua em curtir e comentar meus textos, e com quem eu sempre tinha papos interessantes, muitas vezes na madrugada, e descobri que ela simplesmente tinha encerrado a conta. A conversa estava lá, as fotos que trocamos e tudo, mas eu não tinha como contatar.

Fiquei pensando no que poderia ter ocorrido, se fora algo de grave, ou apenas uma crise de encheção de saco, como eu também já tive. Enfim, possivelmente jamais tornarei a falar com essa pessoa, com que eu havia tido conversas sobre problemas familiares e até algumas intimidades. São coisas desse mundo plástico, inóspito e frívolo, onde qualquer relação pode ser rompida num clique, para nunca mais, e sem nenhum motivo aparente ou explicação. Espero mesmo que minha amiga esteja bem, e que tenha apenas se enchido desse mundo de faz-de-conta. Enfim, um mundo de plástico-bolha, com seu barulho irritante e cheio de nada.

23/10/2019

©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

21/10/2019

Circo dos Horrores

Circo dos Horrores
Luiz Carlos Cichetto

Arte: Mariano Villalba - Argentina

- Hoje tem espetáculo?
- Tem não senhor! O palhaço morreu de rir e o leão ficou sem dentes. A mulher barbada agora é feminista e mostra os peitos em passeatas de protestos de esquerda na Rebouças. O domador tirou a casaca, colocou um terno e gravata e agora é deputado federal pelo partido socialista da casa do caralho. O anão cresceu tomando esteroides e agora é astro pornô, o malabarista ganha um dinheiro engolindo fogo e chupando rolas nos semáforos da esquina da São João com a Ipiranga cantando "Sampa" em ritmo de "Funk". Hoje não tem espetáculo, que a corda foi roída e a trapezista despencou sobre o picadeiro, ficou tetraplégica e agora tem um canal no Youtube falando de superação. O mestre de cerimônias agora é MC, comprou colares de ouro falso e depois de abrir as jaulas e soltar todas as feras, que dançam e transam aos domingos em praça publica ao som de metralhadoras de traficantes, ficou milionário aos dezoito anos e tem doze filhos de trinta mães diferentes. Hoje não tem espetáculo, que a plateia não veio, quem chegou pagou meia, e o resto é estudante. O bilheteiro agora é sindicalizado, e não trabalha aos domingos, o pipoqueiro coloca cocaína no fundo do pacote de pipocas e todos gritam no picadeiro que se solte o bandido e prendam o policial. Hoje não tem espetáculo, que o terreno do circo foi arrendado, e agora é a sede nacional do partido dos desgraçados. Hoje não tem espetáculo, que o circo foi queimado pelos integrantes do partido de Nero. Não tem espetáculo, não tem missa, não tem sarau, mas tudo é circo, tudo é picadeiro, e tudo é morte. Como circo dos horrores, no circo real. Do Brasil.

21/10/2019
© Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

16/10/2019

Com Respeito Aos Professores

Com Respeito Aos Professores
Luiz Carlos Cichetto
© Direitos Autorais Reservados


Não, não é verdade que no Japão as únicas pessoas que não precisam se curvar ao Imperador sejam os professores. E isso não é demérito nenhum a essa classe, já que por respeito à tradição japonesa, milenar, absolutamente todas as pessoas devem se curvar perante ele. Uma questão difícil para certos "professores" brasileiros, que se curvam e ostentam camisetas com imagens de assassinos, reverenciam ditadores e subvertem com ideologias mentirosas as cabeças dos estudantes. Professores merecem respeito, não apenas no dia 15 de Outubro, mas em todos os dias do ano, mas é preciso que antes aprendam a respeitar. Professores devem todos se curvar diante da responsabilidade que têm, para que recuperem o respeito que nós sempre tivemos por eles.

15/10/2019

12/10/2019

"Não Deixe Sua Criança Interior Morrer"

"Não Deixe Sua Criança Interior Morrer"
Luiz Carlos Cichetto
©Direitos Autorais Reservados



Dia da Criança. "Não deixe sua criança interior morrer", pede uma imagem postada em rede social.  Ah, sim, a "minha", eu não deixei morrer, mas ela morreu, sim. E não é por eu ter mais de sessenta, cabelos e barba brancos, ela morreu bem antes disso acontecer. Não lembro quando, mas ela morreu, há muito tempo. Não me lembro do que morreu, mas foi de algo parecido com inanição, pancada, traição, e especialmente falta de referências. Sim, falta de referências, pois quando a gente cresce e se torna pai, a criança brota, fica risonho e quer, como ela, tornar a aprender tudo que já viveu. E cresce novamente junto com os filhos, se torna adolescente junto com eles e espera que quando juntos ficarem adultos possam ser amigos. E depois, um tempo depois, recomeçar tudo com os netos. Quase foi assim comigo. 

Meus sonhos, ao contrário da menina mimada Greta, uma quase Nobel, foram tomados à força, quem sabe para alimentar algum filho da puta, que a bordo de seu iate brada por igualdade brindando com champanhe uma ideologia mentirosa que rouba os sonhos que ousáramos sonhar. Os que me foram tomados com violência na infância, e que tornei a deixar crescer quando me tornei pai, foram roubados pelo ódio imputado pelas putas e pelos putos, que transformam em ódio tudo o que era amor, em rancor o que era pudor. Sim, senhores que agem com ódio mas pregam o amor, que separam filhos de pais e pais de filhos. A quebra de autoridade - a não ser a sua - é sua premissa. Seu ódio a tudo que possa representar seu desmascaramento é necessário, portanto, e gerar a desigualdade é sua forma de provar que a igualdade é um bem.

Criaram um exército de molambos, formados nas fileiras das faculdades, que ovacionam por justiça, desde que seja apenas a sua; que gritam por liberdade, desde que seja apenas a sua; que clamam por trabalho, mas alimentam seu capital. Roubaram e estupraram as mentes das crianças, transformando-as em robôs totalitários. Tudo isso à custa dos meus sonhos e de muitos outros. 

"Não deixe a sua criança interior morrer", pede a imagem. A minha não deixei, não. Ela foi assassinada. Feliz Dia das Crianças, a todos os pais cujos filhos chamam um gângster de pai.

12/10/2019