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01/09/2019

Uma Cachaça Para Raul Seixas

Uma Cachaça Para Raul Seixas
Barata Cichetto



Há em Raul, o que também existe dentro de mim:
O desejo das feras e a bela morte vestida de cetim.
Uma coisa intensa, metamorfose, desespero e solidão,
E eu tenho medo das sombras, mas não da escuridão.

Há tanto em mim quanto em Raul o pensamento,
Que existir sem ser, é ser apenas o esquecimento.
E que não importa o que lhe aponta na rua o sinal,
Porque sempre a sentença termina com ponto final.

Há uma ideia em mim, em Raul e em outros tantos,
Que reis podem ser belos, mas nunca serão santos.
Acreditar que posso ser rei sem ter sua majestade,
E que falta de luz não é a desculpa da tempestade.

Há tanto do Diabo em Raul e tanto de Raul na deidade,
Que nem sei quando eu morri, e nem sei a minha idade.
Estamos dentro do caldeirão do Diabo e não somos um,
Queimando no inferno gelado enxergando céu nenhum.

Há tanto de Messias em mim, em Raul e em qualquer,
E penso que não é seu senhor apenas quem não quiser.
Somos cavalos calados sem nomes, nem endereço fixos,
Contentes em sermos verbos transformados por sufixos.

Há tanto de mim em Raul que creio ser um egoísta,
Acreditando que posso ser bom sem ser comunista.
E que somos palhaços incendiando lixo na madrugada,
Com a certeza de que o fim é apenas o começo do nada.

21/08/2019

(Poema lido no Gyroscopio 69, de 01/09/2019)


10/07/2019

Eu Não Gosto de Balada (Ou: Feliz Aniversário)

Eu Não Gosto de Balada (Ou: Feliz Aniversário)
Luiz Carlos “Barata” Cichetto

“Feliz aniversário, envelheço na cidade!”.  Feliz aniversário, apodreço na cidade. Claro, podem afirmar preconceituosos e afoitos, o cara tem quase 50 anos... Lugar de velho é de pijama vendo a novela da Grobo... É, pode ser... Mas a realidade é que nunca gostei... E já tive 14, 17, 21, 26, 32 anos... E tive mais e menos que isso. Mas balada para mim sempre cheirou (Epa!) sacanagem... E nem sempre no bom sentido, se é que existem bons sentidos em sacanagem... Armadilhas da língua: sacanagem ser associada a sexo e... Sacanear, ferrar os outros... Mas sempre preferi um pequeno grupo de amigos, bem pequeno de preferência. Nunca curti maconha porque tinha nojo da baba que corre de boca em boca... Bah! Blergh!!!!!!!!! E se nunca gostei de balada, nos momentos em que as curti foi por desespero mesmo... Falta de companhia, vontade de encher a cara e falar com alguém... E quer lugar melhor? Tá todo mundo bêbado e ninguém vai lembrar de você no dia seguinte... Nem com quem você fodeu... No bom e no mau sentido... Ai vem de novo a língua pátria... Filha da puta, a pátria e a língua. Língua é bom, chupando meu pinto. Não gosto de balada nem de baladeiros comedores e baladeiras piranhas. Porque em baladas, todos comem e são comidos... Esse é o código, o segredo das baladas. Quantas promessas são feitas e quebradas em baladas... Quantas crianças nascem de baladas... Inconseqüências e suas conseqüências... Porque em balada se não se come ou é comido não é balada. Simples.... Simples balada. Quem, entre os baladeiros de qualquer espécie, nunca acordou do lado de uma baranga horrorosa ou de um desdentado sem nem lembrar como foi parar ali?  É... Balada. Foda isso! Pessoas têm sentimentos, mas em baladas parecem que são apenas seres em que o que importa é apenas o grau etílico e erótico. O que importa é foder, cheirar, beber... Sensações apenas torpes e que não edificam em porra nenhuma o ser humano. Baladas, baladas, "Sorrisos na Madrugada". É, mas sorrisos falsos, drogas batizadas, pessoas fúteis, músicos inúteis, donos de bares embriagados pelo dinheiro e um bando de moleques idiotas bebendo e se drogando... E enchendo o rabo dos poderosos. Baladas, baladas.... Baladas tristes em forma de tango... Rock Balada é uma piada. Balada, Piada Balada. Eu não gosto de balada e nunca gostei. Bares noturnos são açougues onde a carne humana é exposta a compradores que nem sequer exigem a de primeira. Carne humana, no mercado de consumo é a mais cara... Ou a mais barata. Que importa se é Funk, Rock, Pagode, Axé ou a puta que o pariu. Balada é balada. Onde todos se divertem, se fodem, fodem os outros. Balada é trono do egoísmo. Competição de tamanho de pênis ou de quem é mais piranha. Quem dá mais, quem deu mais, quem come quem... São as disputas no leilão humano das baladas. Balada é balada! A competição é o que dá o tom. Seres noturnos com orgulho de sua cegueira permanente á luz do dia. Pobres crianças com cheiro de mofo e naftalina. Pobre, pobres crianças que não acreditam no dia. Quero estar morto ao amanhecer e não gosto do cheiro de vômito em meu cabelo. Nem o de maconha, que enjoa meu estômago. Ai, garota, gosta do cheiro de esperma em sua boca quando acorda de manhã? Quem dá pra quem, quem come quem nesta balada? Quantos pintos você chupou ontem à noite? Gosto de pinto é igual? Mesmo sem lavar? Lavou tá novo? E ai, cara, quantas bucetas você comeu ontem? Tinha cada bucetinha naquela balada, né? Todas putinhas, né?! Cê não vai querer casar com nenhuma delas, né?! Ai... O Punk da Periferia, da Freguesia do Ó...Ou da puta que o pariu... Em quantos caras deu porrada ontem em sua balada? Uma porrada, né?! Sai piranha que meu pinto está mole! Não quero te foder porque você é cara demais pra mim... E ai... Diz uma coisa pra mim: Você já deu o cu hoje? Não?! Mas ficou com vontade né?! Quando eu quiser foder alguém pago uma puta bem gostosa e dai nem tenho que lembrar ou ser perguntado do nome dela. Puta é tudo igual mesmo...! Seja em balada ou no puteiro! Puta é puta, na esquina ou na balada. De salto ou saltando. Mas o dia ainda nem chegou e minha balada escrita ainda nem chegou ao final... Passe seu melhor perfume, lustre a botinha, coloque uma saia bem curtinha, guarde uma grana pra breja e outra pro motel - acaso o muro atrás da balada machuque sua bunda. E tchau. Mas não me espere em sua balada. Ah, não esquece da porra da camisinha para encher de porra, porque ninguém quer ai mais uma piranha ou pirralho cheio de doença venérea fodendo os outros. Puta sacanagem! Prefiro o “Banquete de Lixo”, porque “O hoje é apenas um furo no futuro por onde o passado começa a jorrar. E eu aqui isolado, onde nada é perdoado, vi o fim chamando o principio, pra poderem se encontrar.” E também sei que agora é Luiz Carlos Cichetto que Barata vai encarar “Nem todo bem que conquistei nem todo mal que eu causei me dão direito de poder lhe ensinar” Meu amigo Kraciunas já me disse depois de umas, que eu não sou nenhum demônio, não sou bom nem mau. E hoje vi o furo do futuro jorrando vinho azedo em minha cabeça, o meu principio e o meu fim se encontrando em meu sepulcro e o Certo e o Errado, de braços e pernas dados transando que nem loucos. Estou cansado de ser um mendigo que apresenta um banquete de lixo cultural. E eu não penso melhor parado, estou desempregado mas sou escritor. Eles não avaliam seu preço se baseando pelo nível mental que eu estou usando. E minha cabeça está de graça hoje. Procure na barraca da feira de amanhã ou procure nos restos daquele restaurante de luxo da esquina da sua casa. Eu morri e sei mesmo qual foi aquele mês, foi Outubro, de um ano que nunca começou. 1977 é um ano que não tinha que existir. Eu morro e morri e nem sei o que fizeste, Metrô Linha Leste Oeste. Pouco importa, porco importa! Pesadelos Mitológicos Número 3, Senhora Dona Persona...  “Todo homem tem direito de pensar o que quiser, todo homem tem direito de morrer quando quiser, direito de viver pela sua própria Lei.”  É, sou mesmo outro canceriano sem lar e sem bar... Estou sentado no chão, tossindo, trancado dentro de mim mesmo e a mobília é parca e gasta. Acabei de tomar minhas três ou quatro doses de Cynar puro e a Clínica Tobias é aqui. E eu nem sei o que acontece e minha enfermeira chega daqui a pouco com sua dose de morfina em forma de palavras religiosas e eu sou apenas um velho internado em um asilo de loucos. Uma lista e baladas que eu não gosto esperam por mim, mas estejas sozinha nessa, cara criança, porque prefiro comemorar seu aniversário metendo uma bala na minha cabeça. Balas, balas, baladas. Revólver e revolver. Volver e voltar. Nunca voltar, porque a vítima nunca volta ao lugar do crime, apenas o criminoso. E eu não matei ninguém. Fui morto e enterrado no fundo de uma cova rasa. Saqueado e sacaneado. Mas não importa, minha gostosa! O que importa é que queria mesmo era foder sua bucetinha melada, mas tudo bem, eu não gosto de baladas nem de mulheres bêbadas cujos clitóris estão no lugar do cérebro. Do mesmo jeito que eu minhas veias não corre esperma, mas sangue. Não gosto de mulheres que têm o útero no lugar do coração e portanto por elas não sinto tesão. Gemidos, minha piranha, são apenas gemidos e unhas rasgam e cortam, por prazer e de tesão ou por vingança. Queria mesmo lhe dar os parabéns, mas lhe dou minhas condolências, queria lhe dar prazer, mas tenho nojo daquilo que senti quando comi sua bucetinha sem dono. Dá pra mim, só hoje vai! Eu vou pra balada contigo, te como depois caio no mundo. Ta, eu não gosto de balada, mas gosto de foder sua buceta. Gosto do melado que escorre dela.  Quase 30 e não és mais uma criança. O Punk, ele não é mais uma criança, não tenha a pretensão de ser uma criança rebelde, porque o  rebelde sou eu. Escorpião come barata e as vezes uma barata astuta come um escorpião...Pelo rabo! Dá o cu pra mim que eu não conto pra ninguém! Estou com fome, acho que preciso comer alguém! Tem balada hoje? Me chama, que depois que a balada acabar eu te como no fundo do salão. Convide suas amigas e então sua festa estará completa. Não minta, apenas sinta. A gente pode colocar uma trilha sonora bem legal, dança coladinho, isto é eu colando meu pau bem junto com sua bucetinha inçada, que acha? “So Very Hard To Go” é o caralho, eu nunca parti porque eu nunca cheguei. Fui apenas uma balada prolongada por mais noites que eram necessárias.  E o hoje não é apenas um furo no futuro, amigo. O hoje é apenas a buceta do passado, por onde o melado continua a jorrar.  Que resta? Nem balada nem buceta melada, o que resta são fantasmas de um dia que nunca começa, de uma noite que nunca acaba e de um tempo que insiste em não apagar. Não quero saber que música tocará em meu velório, nem que médico lhe enfia um supositório.  “Porque é noite de balada, sorrisos na madrugada... Desculpe só estou de passagem... Desculpe se canto em sua homenagem... Dinheiro não compra a verdade... Quem sabe a felicidade...Feliz noite... Embriagada...” Meus olhos agora pouco enxergam, meus dentes pouco mordem. “Seus olhos pequenos da cor da terra, me fazem lembrar a guerra” Pois é, o problema é que usas lentes de contato cor de mel, igual uma tigresa de unhas negras e eu, entre a serpente e a raposa, fiquei com a solidão. E não tenho uma faca, nem o mapa, estou perdido e não posso cortar mais os pulsos como antes. “Um grande amor do passado se transforma em aversão e os dois lado a lado corroem o coração” Mas hoje é noite de balada e eu não gosto de balada e quero esquecer que agora ainda hoje. Quero descer da solidão e da tristeza, mas os devaneios tolos ainda me torturam.  Chega mais, vem cá! Deixa eu enfiar minha língua na sua orelha... No cu? É... Talvez.. foi muito bom quando eu enfiei a língua no seu cu. Mas agora minha língua está mole.  “Tente passar pelo que eu estou passando”  Hoje eu acordei sem uma gota de sangue no corpo. Sem uma gota de alma no sangue. Afinal, esquecestes que eu lhe dei minha alma e a trocastes por um par de calcinhas? E por um par de algemas? Portanto o prisioneiro não sou eu, porque fiz as chaves das minhas próprias vísceras. Agora estou terminando, desculpe eu morrer, desculpe eu estar morto e não poder ir até ai lhe apertar a mão... Nem os peitos. Desculpe eu estar morto e não poder ir até ai enfiar o dedo na sua buceta nem comer do seu bolo nem comer seu cu. Apenas não gosto de baladas nem de putas baratas.

26/10/2006

10/05/2019

Sexo, Baratas & Rock 'N' Roll (7 Dias do Diário de Um'A Barata)

Sexo, Baratas & Rock 'N' Roll
(7 Dias do Diário de Um'A Barata)
Luiz Carlos “Barata” Cichetto

Dia 1
Putinhas, Conhaque & Rock'n'Roll
(Lou Reed)

Sou uma dor... Uma dor de dentes! Ou seria melhor, uma dor de parto? Parto, mas parto sem dor! A pergunta não é partir para onde, a pergunta do dia é: partir de onde? Sou um estrangeiro em minha terra, um alienígena em meu planeta, um cego em terra de caolhos... Mas quem sou eu afinal? Uma barata? Como será a vida sexual das baratas? Quem estou e onde sou? Uma barata extraterreste em um mundo de caolhos e hermafroditas loucos. O Rock morreu, há muito tempo. Morreu junto com Janis e Brian Jones e Hendrix. Quando Lennon foi assassinado, o Rock já tinha morrido. O Rock é igual a mim: morto insepulto. Também se debate para não cair na cova rasa. O Rock morreu e ninguém tocou a marcha fúnebre... Em ritmo de Rock... Tocaram um tango argentino! Com quantos paus se faz um canoa? Sei lá, Rosinha Minha Canoa! E em São Paulo não tem mais garoa, tem apenas chuva ácida e frio no Natal. A Coca Cola deve estar gostando disso, o Papai Noel que eles inventaram, gordo, bem nutrido, com aquelas pesadas roupas e seu trenó de neve, passeia nos finais de tarde pelas esquinas sombrias do centro travestido enquanto o anão tosco lhe traz uma bagana e ele fuma sozinho sem alimentar as renas. Há quanto tempo eu não fumo uma bagana... Muito tempo, mesmo! Ai que dor de dentes! Uma farinha ia bem agora, ainda mais se for de trigo, em um bolo de chocolate! Adoro bolo de chocolate. As baratas adoram doces. "Eu não preciso de doce/Você não vive sem doce", cantou Cornélius Lúcifer. "Pare de gritar mamãe/Pare de gritar mamãe!" Tem horas que escrever é um porre, a cabeça dói e as pontas dos dedos latejam. Escrever é que nem sexo... Tem uma putinha bonitinha que pisca pra mim depois me leva pra chupar meu pau na beira do córrego, enquanto que um bando de famílias decentes cansada da Globo espia pela janela por trás das cortinas. A putinha chupa meu cacete depois pega o dinheiro e corre a comprar comida para seus gatos! Sou amante dos animais, então acabei de cometer uma causa nobre: ajudei uma putinha que chupou meu pau até o fim a comprar comida pros gatinhos dela. Será que se ela me der o cu, sobra dinheiro para alimentar uma creche inteira de gatos? Pobres putinhas famintas de porra, pobres gatinhos famintos de comida. Ou seria ao contrário! Sempre gostei de putinhas caridosas! Principalmente as putinhas caridosas que chupam bem! Amanhã estarei lá para alimentar sua sede de porra e seus gatos indecentes! Malditos gatinhos que não sabem chupar meu pau! "Vicious, you heat me a flower" Lou Reed da Penha, eu mesmo, cantaria para aquela putinha de bucetinha raspada. Amanhã aquela putinha irá chupar minha pica e fumar um baseado... É, faz tempo que não fumo um baseado! Escutando Lou Reed!!!!! "Eu não sei exatamente para onde estou partindo / Mais eu vou tentar ir para o reino se eu puder /Porque isso me faz sentir como um homem / Quando eu ponho uma estaca em minha veia. Sonho com heroínas e heroína. Que mal há em desejar heroína? Porque quando um beijo estalado começa a escorrer / Então eu realmente não me importo mais!" Há quanto tempo, minha putinha chupadora! Há quanto tempo não usa Heroína? Eu nunca desejei a heroína, nunca quis ser um herói do Rock... Morto! Mas na beira do córrego que carrega a merda da sociedade que habita acima, aquela putinha chupa meu pau e eu nem ligo, Lou Reed canta a sujeira de New York e eu canto pelos cantos sujos da cidade de São Paulo... Mas ele é famoso e eu apenas um sujo, que tem apenas um par de calças e uma botina que nem salto tem mais... Salto no escuro, escuto a escuridão! O som da escuridão é apenas o som de putinhas cheirando cocaína e chupando picas nas beiras dos córregos. Ah, também tem gatinhos miúdos chorando de fome esperando que suas donas acabem de chupar umas rolas para lhes dar o que comer! Ontem completou anos que John foi assassinado e então recordei de algo: "Nobody loves you when you're down and out / Nobody sees you when you're on cloud nine". Mas a realidade é que John morreu rico e famoso, com um apartamento cheio de casacos de pele e uma bela conta bancária e agora minha barriga ronca. Um monte de baratas escuta-me lamentar e em uníssimo cantam: "Doo, Doo, Doo, Doo" igual as negras da música de Lou Reed... Baratas, baratas! Um coral de baratas desafinadas cantam uma música de Lou Reed, mas os ossos de Lennon estão em algum lugar, retorcidos de remorso. Mas onde anda aquela putinha que chupou meu pau na beira do córrego? Chupa meu pau, putinha, enquanto eu canto uma música do Lou Reed em sua orelha antes de arrancá-la a dentadas. "Eu sou o homem que assumiu tudo aquilo que os outros abandonaram.", disse GG Allin, o único rebelde real do Rock. Pois é, abandonaram a putinha-chupadora que cuida de gatinhos abandonados. O Rock verdadeiro foi abandonado e na estrada existem apenas aventureiros com suas guitarras de última geração. Enfiem essas guitarras no cu, filhos da puta! Você foderam o Rock e ele agora, estuprado pelos consumistas age igual aquela putinha: chupa pintos na beira dos córregos para dar de comer aos gatinhos! Meus ídolos estão mortos ou ainda nem nasceram. Prefiro as putinhas-chupadoras-de-pinto-na-beira-do-córrego aos falsos roqueiros. Queria agora pegar minha guitarra e compor uma música parecida com aquelas do Lou Reed, mas nem guitarra eu sei tocar. Então o que resta é ir para a beira do córrego e enfiar minha pica na boca daquela putinha e depois lhe dar 10 reais. Ela é muito mais sincera: sabe o que quer e todos sabem o que esperar dela. Ela é melhor que os músicos de Rock, que os policiais, que os advogados e as esposas. São sinceras. Querem apenas chupar um pinto e receber 10 reais. Ainda mais que enchem de interesse aquelas famílias de hipócritas que espiam seu trabalho por trás das cortinas dos apartamentos. A pergunta é: Lou Reed já foi chupado por alguma putinha em alguma ponte escura de New York? Yoko Ono chupava a pica de John Lennon no Central Park? Mark Chapman chupou a pica de Lennon antes de apertar o gatilho? Um disco de Lou Reed, de Lennon e de todos eles custa mais caro que 10 pratas que a putinha do córrego me cobra.

09/12/2003


Dia 2
Putas , Som & Rock'n'Roll
(Raul Seixas)

Quarta-Feira, dia de Sexo, Conhaque e Rock'n'Roll... Sério! Quarta-Feira tem som! Quarta-Feira tem conhaque, do Dreher, que Domecq é muito caro... Quarta-Feira tem sexo com a putinha chupadora de rola na beira do córrego! Estou certo de que ela espera que eu passe e dê 10 pratas por uma chupada. Depois de Lou Reed e John Lennon, depois de Led e Sabbath, nada melhor que ter o pinto chupado por aquela putinha-dos-gatos. Mas o som do dia é Raul Seixas e Zé Ramalho. Justo Raul que morreu de cachaça, pancreatite e solidão. Ah dói isso! "Eu morri, e nem sei mesmo qual foi o mês/Metrô Linha 743". Um, dois, três. Respire fundo! Ah, não dá! Meu pulmão está cheio de nicotina. Maldito cigarro! Preciso parar de fumar! "Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro? / Virá antes de eu encontrar a mulher que me foi destinada" Ah, bom, então me deixa apagar o cigarro e correr para a beira do córrego! "Eu vou sempre avante no nada infinito/Flamejando meu Rock, o meu grito/Minha espada é a guitarra na mão" É, eu sou mesmo ego, ego-ista! O nada infinito é o caminho, mas "Você me pergunta/Aonde eu quero chegar/Se há tantos caminhos na vida/E pouca esperança no ar" Bah, Mestre Raul, deixa quieto isso, que eu sei até onde essa estrada chega. Chega disso! Deixa estar, let it be, let it bleed! Yeah, yeah, yeah! She Love You! Mas eu sei que existe alguém em meu caminho! "Citação:leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi." Isso é de Torquato Neto... Mas eu digo: leve uma putinha e uma santinha na beira do córrego, a que chupar melhor sua rola é a santinha, mesmo que seja a putinha. Chega mais perto, putinha-dos-gatos, quero ver seus dentes! Deixa-me ver sua língua ferina! Ah, felina! Deixa ver seu útero! Mostra teu cérebro! Deixa-me arrebentar tua cabeça e comer teu crânio a vinagrete! Uma pergunta: você chupa o pau de seus gatinhos antes de dormir? Ah chupa vai, só um pouquinho! Minha cabeça está cheia de fumaça de cigarro e conhaque em doses maciças, macias de conhaque vagabundo. "Há uma grande diferença entre se ajoelhar e ficar de quatro." O genial Zappa disse isso. Portanto, minha filhinha chupadora da beira do córrego, chupa meu pau ajoelhada! Meu esperma em sua boca, meu amor no esgoto, no córrego imundo que carrega a sujeira da cidade em direção ao mar. E meu coração onde anda? Com certeza sendo carregado pela corrente de lama que os políticos jogam nos rios, junto com o fruto dos abortos de suas secretárias. Meu coração está morto, resta a mente, embotada de álcool e fumaça de cigarros. Um torrente de sangue tenta reanimar meu coração, mas a corrente da morte enrolada em meu pescoço impede minha digestão. Estou com uma baita enxaqueca agora e a única coisa que consigo pensar é "Toca Raul!" Mas eu estou velho demais para o Rock'n'Roll, mas jovem demais para morrer. "Não, você nunca é velho demais para o Rock'n'Roll se é jovem demais para morrer." Assim cantou Ian Anderson. Juro que eu tentei ser velho demais para o Rock'n'Roll e jovem demais para morrer, mas o que consegui foi apenas ser velho demais para morrer e jovem demais para o Rock'n'Roll! Danem-se! E o que ela, a Grande Chupadora pensa a respeito disso? Ela acha que eu sou o quê? Velho demais para o Rock'n'Roll? Jovem demais para morrer? Ela nem está ai para o Rock'n'Roll, nem para a morte, muito menos para mim. Ela é simples: quer apenas chupar um pau, pegar seus 10 contos e alimentar seus gatos. Ah, mas deixa quieto. Quero contar até 10 e depois estourar meus miolos, esparramar pedaços do meu cérebro pelas esquinas, que depois ela, a Grande Chupadora do Universo recolherá e dará para seus gatos comerem. Nesse dia ela nem irá precisar chupar pintos para comprar ração! Espero apenas que os gatos da Chupadora não tenham uma indigestão! Agora quero apenas deixar uma coisa, uma letra de música que acompanha minha solidão: "Quero desejar, antes do fim,/Pra mim e os meus amigos,/Muito amor e tudo mais;/Que fiquem sempre jovens/E tenham as mãos limpas/E aprendam o delírio com coisas reais./Não tome cuidado./Não tome cuidado comigo:/O canto foi aprovado/E Deus é seu amigo./Não tome cuidado./Não tome cuidado comigo,/Que eu não sou perigoso:/Viver é que é o grande perigo" Belchior, 76, "Antes do Fim" Mas antes do fim queria pedir: chupa meu pau na beira do córrego, minha putinha, Grande Chupadora do Universo!

10/12/2003


Dia 3
Boquete, Dinheiro & Rock'n'Roll
(GG Allin)

Ontem foi Quarta-Feira, mas a Grande Chupadora do Universo não apareceu... Será que ela estava chupando outro pinto na beira do córrego? Fiquei com ciúme, afinal! Ai lembrei que outro dia, enquanto ela chupava meu pau, fiquei olhando para dentro do córrego e vi passar alguns sacos de lixo e o cadáver de um cachorro. E fiquei pensando... Que porra ficar pensando em algo enquanto a Grande Chupadora do Universo chupa meu pau! Só eu mesmo! Enquanto eu enchia sua boca de esperma, o cadáver do cachorro batia em uma pilastra e se desmanchava. Ainda bem que não é o cadáver de um gato, pensei, senão a Grande Chupadora do Universo ia parar de chupar meu pau e correr até lá. Mas de qualquer forma ela nem percebeu, apenas preocupada em chupar meu pau e receber seus 10 paus. Ela guardou a grana dentro da blusa e eu guardei meu pau dentro das calças e ai fiquei pensando: onde mora a Grande Chupadora do Universo? Ao certo em algum cortiço! Pensei um monte de coisas, como por exemplo, se ela chupa o pau dos seus gatos antes de dormir, se apanha de algum cafetão filho da puta porque trouxe pouca grana - ai essa história dos gatos é mentira? - Fiquei ali, fumando um cigarro e pensando enquanto ela caminhava na minha frente. Ai pensei e falei sem pensar: você é uma putinha, mesmo! E ela: sou mesmo! E levantou a saia deixando uma bundinha bem gostosa a mostra, coberta por uma micro tanguinha vermelha. Você é a Grande Chupadora do Universo, disse. E ela: Sou mesmo! Chupo mesmo! Me dá mais dez paus e eu deixo você chupar minha buceta! Não dou merda nenhuma, eu respondi. Gastei o que tinha em conhaque barato e os últimos 10 paus eu lhe dei. "I Wanna Piss On You", cantou GG Allin. E eu disse para a Grande Chupadora do Universo: Quero Te Mijar. E ela disse: são vintão! E fiquei ali pensando enquanto os saltos gastos da minha botina batiam no asfalto: Que grande vaca essa ai. Por cem acho que ela casa comigo! Só se for muito burra, minha consciência berrou lá do fundo do córrego onde jazia o cadáver em decomposição do cachorro. Ai eu caminhei mais um pouco e enfiei a mão na bunda dela. A Grande Chupadora do Universo pulou pra frente e disse: isso não. Estou testando a mercadoria... Epa, peraí, isso ai aconteceu enquanto a gente ia para a beira do córrego. Ah, putinha, vem aqui! Queria comer sua bucetinha! É trintão ali no hotel, disse ela... E eu nem sei porque lembrei de uma frase de Allin enquanto cantarolava o refrão de "I Wanna Piss On You": "Se você acredita no verdadeiro rock'n'roll underground, então é hora de fazer alguma coisa. A hora é agora de derrubar a situação e declarar guerra às gravadoras, estações de rádio, publicações, bares e qualquer um que promova a chamada" cena "que existe atualmente. Precisamos destruir tudo e tomar de volta o que está nas mãos de empresários idiotas e conformistas. Mas a ação deve começar agora e sangue poderá ser derramado". É, continuei a pensar sem tirar os olhos da bundinha da Grande Chupadora do Universo: precisamos dar início á uma grande revolução: quebrar todos os discos, convocar todas as putas do universo e declarar guerra ao sistema que é capaz de jogar um cão morto em um córrego em cuja beirada a Grande Chupadora do Universo faz um boquete para alimentar seus gatos. As putas serão os soldados dessa nova revolução - re-evolução - elas chuparão o pau dos inimigos até que eles morram esgotados. Uma revolução limpa. A Grande Chupadora do Universo será minha Primeira-Comandante Em Chefe. Ela será a chefe geral dessa verdadeira revolução. O hino será a música de GG Allin e tomaremos o poder sem derramar uma gota de sangue, apenas muita porra engolida pelas putas comandadas pela Grande Chupadora do Universo. "Bêbados não marcham!", disse o grande Frank e completou com algo que pode ser o mote de minha revolução: "Se você quer trepar, vá à faculdade. Mas se você quer aprender alguma coisa, vá à biblioteca". Depois de ganha a revolução, as putas irão criar os ministérios, convocar as massas e em comemoração a vitória, chuparão o pau de todos os homens do povo! Desde os operários até os professores. Mas ai chuparão com prazer. A Grande Chupadora do Universo será eleita a grande Rainha e todas as putas a reverenciarão. À beira daquele córrego será erguida uma estátua, com a Grande Chupadora do Universo chupando meu pau a aos nossos pés, um cachorro morto. Revolução, sim revolução, minha Grande Chupadora do Universo! Fizeste sem saber a revolução! Mas: "Minhas palavras, um sussurro, sua surdez, um grito. Eu posso fazê-lo sentir, mas não consigo fazê-lo pensar. Seu esperma na sarjeta, seu amor no esgoto. Assim vocês cavalgam pelos campos e vocês fazem todos seus negócios bestiais e seus sábios não sabem como é se sentir burro como um tijolo ". Perguntei para a Grande Chupadora do Universo se ela conhecia Jethro Tull. E ela me respondeu: "The poet and the wise man stand behind the gun And signal for the crack of dawn, light the sun Do you believe in the day ?" E eu disse: acredito no dia, mas agora é noite, e você tem que ir embora dar comida aos seus gatos. Seus gatos já lamberam sua bucetinha? E ela: "Deixe-me contar-lhe as histórias de sua vida, do corte da faca e da facada, da incansável opressão, da sabedoria incutida, do desejo de matar ou de ser morto. Deixe-me cantar sobre os derrotados que ficam nas ruas enquanto o último ônibus vai embora. As calçadas estão vazias: as sarjetas correm vermelhas enquanto o bobo brinda o seu deus no céu". E eu: lamberam ou não lamberam? E ela, ainda: "E o amor que eu sinto está tão longe. Eu sou um sonho mau que tive hoje e você balança a cabeça e diz que isto é uma vergonha. Faça-me voltar aos anos e dias de minha juventude, puxe as cortinas pretas e grite ao mundo a verdade. Faça-me voltar aos longos séculos, deixe-os cantar a canção."Ela, a Grande Chupadora do Universo, ali em minha frente, erguendo a saia, balançando a bundinha e cantando, cantando, cantando:" Gentilmente anunciem o tempo de nosso ano e juntem suas vozes num coro infernal. Determinem precisamente o tipo de seu medo. Deixem-me ajudá-los a levantar seus mortos enquanto os pecados dos pais são alimentados com o sangue dos tolos E com os pensamentos dos sábios e com o pinico embaixo de sua cama." Canta, putinha, canta! Canta, Grande Chupadora do Universo, canta! Que loucura isso, pensei e depois falei! Mas ainda não respondeu: Lamberam ou não lamberam? E ela: Não! Mas eu chupo o pau deles toda noite antes de dormir! Aquilo era demais! E sai correndo até o próximo amanhecer!

11/12/2003


Dia 4
Putas, Emoções & Rock 'n' Roll
(Led Zeppelin)

"As baratas não rastejam, é apenas o jeito delas caminharem", uma frase proferida por alguém que não me quer bem... "Existe uma grande diferença entre ajoelhar e ficar de quatro." Esta é de Frank, o Grande Zappa. Então eu junto as duas coisas e chego a conclusão que as baratas não conseguem ajoelhar-se nem ficar de quatro, sequer rastejam... Apenas caminham e estão neste planeta muito antes que nós, pobres seres humanos. Ser uma barata ou não ser? "Aquela manhã Gregor Samsa acordou transformado em um inseto monstruoso." Kafka não usa a palavra "barata" em sua obra, mas quando fala em "inseto monstruoso" todos entendem que ele fala de barata. O que há de monstruoso em uma barata, querido Kafka? Imaginou uma barata acordar pela manhã transformado num monstruoso ser humano? Ela ia morrer do coração. (Barata têm coração? - Claro que tenho!, embora um pouco doente, fraco e que carrega pouca paixão, mas ainda tenho). Acordei ontem com uma puta dor de cabeça. Tinha brigado com o mundo, de mau humor porque a Grande Chupadora do Universo não aparecera para chupar meu pau na beira do córrego. Uma Aspirina e uma Coca-Cola foram o suficiente para abrandar, mas me deu uma caganeira desgraçada. Depois sai andando pelas ruas e quase pisei em uma barata. Pobre dela, quase a esmaguei. Uma barata entrando por baixo da saia de uma mulher é muito sensual e elas nem percebem isso, aquelas patinhas roçando a pele das coxas, caminhando em meio aos pelos da bucetinha, passeando no rego, entrando na bunda, depois subindo e passeando ao redor dos bicos dos peitos. Uau! Existe um certo charme profano nas baratas. Algo que nem o mais maluco dos psiquiatras poderia explicar. Queria ser uma barata e poder entrar debaixo da saia da Grande Chupadora do Universo na beira do córrego. As baratas não precisam fazer nenhuma revolução para dominar o mundo. Elas são a própria revolução, pois sabem que herdarão este planeta que a espécie humana acha que é proprietária. Apenas caminham e esperam que sua herança natural lhes seja entregue. Talvez sobrem alguns humanos rastejantes que se esconderão pelos esgotos e pelas beiras dos córrego, não mais sendo chupados pela Grande Chupadora do Universo, mas rastejando em busca de comida. Possivelmente elas, as chupadoras, sobreviverão. Mas eu não. Aliás, eu não sobrevivo, sub-vivo! Uma chinelada e pronto, estou morto... Por isso escondo os chinelos da casa... Alguém pode ter uma péssima idéia. Todos sabem que a música da minha vida e da minha morte é "Dazed And Confused". Aquele clima denso e tenso, aquela estrutura melódica caótica, é algo que penetra em minha alma, perscruta minhas mais tênues emoções...("Estar atordoado e confuso por tanto tempo não é verdade. /Procurando uma mulher, nunca barganhada para você./Muitas pessoas falam e poucas delas sabem,/a alma da mulher foi criada em baixo.") Page fala de mulheres, de putas e de emoções... De emoções baratas? Ou seria de baratas emoções ou ainda de emoções de baratas? Sou uma dor, uma dor e nada mais! Mas hoje, bem hoje, a letra que está falando muito alto, definindo minhas emoções é The Last In Line. Escutem isso: "Nós somos um navio sem uma tempestade / O frio sem o calor / Luz na escuridão que precisa/ Somos uma risada sem uma lágrima / A esperança sem o medo." E a coisa continua: "Nós saberemos pela primeira vez / Se somos maus ou divinos / Somos os últimos da fila" Dio é um cara fantástico: "Bem, se parece real, é ilusão / Para cada momento de verdade, há confusão, na vida / Amor pode ser visto como uma resposta, mas ninguém sangra pelo que dança". É duro mesmo, a sensação de ser o último da fila. A fila anda, os primeiros chegam, mas o último é sempre o último, não importa o que aconteça. "Você pode se libertar/Mas o único caminho é para baixo" Dio canta isso! É bem assim, não existe liberdade! Não liberdade real! O caminho é a morte, "o caminho da dor é o amigo", cantou Raul. Mas onde andam meus amigos? A dor eu sei onde anda, diretamente em minha mente, mas os amigos? Onde andam, que caminhos percorrem? "Você me pergunta / Aonde eu quero chegar / Se há tantos caminhos na vida / E pouca esperança no ar". Existem caminhos que eu reconheço. Sei quantos passos separam a esquina onde fica a Grande Chupadora do Universo e a beira do córrego! Mas a Grande Chupadora do Universo conhece seu caminho? Imagina que é apenas chupar umas rolas, enfiar 10 paus dentro da blusa e comprar comida de gatos? Mas em que Lugar da fila está a Grande Chupadora do Universo? O último é meu! Ninguém tasca!

12/12/2003


Dia 5
Sangue, Paixão & Rock 'n' Roll
(Jim Morrison)

Deixa eu lhes contar sobre o sangue que não escorreu do meu peito porque o medo da dor impediu que a faca penetrasse mais que apenas umas tenras camadas de pele. Deixa eu lhes contar sobre a dor que eu senti, do ardor e do medo, do muito medo que o medo da dor provoca. Deixa eu lhes contar sobre a morte que eu não experimentei, sobre a vida que também não. Deixa eu lhes contar sobre a falta de desejo e sobre a falta de beijo que empurrou minha mão em direção ao sangue, sobre a falta de paixão e compaixão, de passo e compasso, pacto e compacto... Deixa eu lhes contar sobre a jornada que não aconteceu porque a passagem era cara demais, porque o condutor do trem tem cara de fantasma e aquilo nem é um trem fantasma. Ah, como eu queria estar bem, forte... Mas estou mau, muito mal... Os olhos ardem por causa das noites sem dormir, do conhaque, dos cigarros e da falta de paixão... Ah minha paixão, onde estás? Queria mesmo falar cobre paixão e cantar sobre a beleza da vida, odes supremas a uma musa que não é a Grande Chupadora do Universo. Deixa eu lhes contar sobre as mulheres que não transei, sobre as bundas que não apertei. Apertei... Apertei o gatilho da faca... Mas quando o sangue jorrou eu morri... De medo de morrer... E não morri! Deixa eu lhes contar sobre o medo que eu tenho de viver, não sobre o medo de morrer! Deixa eu falar sobre o que eu desconheço, sobre tudo o que temo, o sobretudo que não tenho, sobre tudo o que não tenho e temo, temo e tenho! Tenham dó de mim! Não, não tenham dó de mim, pois e não sou digno de dó, nem de compaixão... Deixa eu falar sobre as putas que paguei, o dinheiro que não ganhei, as causas perdidas, as dores ardidas, as almas partidas que partem em pedaços. Deixa eu falar sobre mim, deixa! (?) Então: na outra linha, parágrafo, dois dedos da margem: eu nasci quase sem nascer, de um parto dolorido não desejado, o Brasil era campeão de futebol e minha mãe queria comemorar. Mas eu e minha hepatite a impedimos. Ela olhou pela janela da maternidade e amaldiçoou aquele momento e eu nem sequer sabia que Lennon cantaria poucos anos depois: "Mother, you have me, mas I never have you". John morreu e eu também. Um tiro na cabeça, outro no coração. "Ninguém ama você quando você esta arruinado / Ninguém olha para você, quando você esta em situação difícil / Todo mundo é empurrado para a responsabilidade e o dinheiro". Mas, John, seus casacos de pele e sua grana guardada dentro do Edifício Dakota, perto do Central Park? Ai eu corri e chorei porque era real sua definição. Minha mãe nunca chorou minha morte, nem sentiu saudades. Minha hepatite a impediu de dançar pelas ruas, comemorando o futebol e naquele momento eu comecei a pensar que "Sábios não conhecem o que é ser burro feito um tijolo". E Ian Anderson cria carpas e eu crio baratas! Ia esquecendo: a grande chupadora do universo cria gatos. Outro dia, dia 8 de dezembro, data de casamento de minha mãe e exato um ano em que fui agredido por ser roqueiro, encontrei com Jim Morrison num bar na Penha, ele estava bem magro e com os cabelos brancos. Disse que era o Rei Lagarto e eu lhe disse: "Oh, eu sou o Rei Barata"... E ajudei-o a erguer-se com a testa ferida, da beira da sarjeta. Mas Jim falou: "Eu Sou o Rei Lagarto. Posso fazer tudo" . Até espatifar-se contra uma guia em frente a um bar fedorento da Penha. Mas Jim, ainda muito lúcido apesar dos seus 60 anos completado naquele dia, ainda disse: "Tudo o que é desordem; revolta e caos me interessam; e particularmente as atividades que parecem não ter nenhum sentido. Talvez seja o caminho para a liberdade. A rebelião externa é o único modo de realizar a liberdade exterior." E emendou: "Cancele minha inscrição para a ressurreição, envie minhas credenciais para a casa de detenção, tenho muitos amigos lá". E quando perguntei sobre ele, respondeu: "Alguns nascem para o suave deleite, outros para os confins da noite" . Mas, Jim...!!! Onde anda minha alma, onde andam meus sonhos, onde andam minhas pernas e o meu pau? Onde anda a Grande Chupadora do Universo? "Nunca mais olharei em seus olhos de novo / Você consegue imaginar o futuro / Tão sem limites e livre / Precisando muito da ajuda de alguém estranho." A realidade é que estou desesperado e meu desespero causa pensamentos estranhos, Queria deixar de rimar caixão com paixão, sorte com morte... queria deixar de rimar rimas com estimas, ego com prego... queria deixar de ser o que sou e ser o que não sou. Agora, deixo apenas um poema de meu xará Maciel, publicado em" A Morte Organizada ":

"Não encontro as palavras. / A surpresa das coisas me confunde. / Não sei mais o que eu sabia
Estou perdido. / Extraviei-me na metade do caminho e a carne é fraca e trêmula.
Quem me combate? As palavras fogem como pássaros assustados.
A tarde cai e a noite acorda suas sombras, seus gestos de consolo.
Quem luta comigo e ameaça numa esquina desconhecida dos subúrbios?
De onde vem essa queda súbita? / A carne é fraca e trêmula.
Procuro as palavras como alguém procura um segredo que não existe.
Eu não queria ferir tua alma delicada de mulher.
Não queria  feria tua calma. / A surpresa do mundo me confunde e não sei mais o que eu sabia.
Observo minhas roupas: estão sujas e gastas, estão cansadas e não acredito mais que possam brilhar à luz do dia.
A noite me consome e me consola. / De onde vem esse punhal escuro?
Não, eu não queria  ferir tua alma.
Mas a dor se insinua entre as frestas das portas esparrama-se pela sala, visita o quarto, o banheiro, a cozinha, abre a geladeira, fechas as cortinas e eu não sei mais o que sabia.
De onde vem esse muro súbito? / Quem desconfia do calor de suas pedras frias?
Os olhos vagam. / Os ouvidos secam. / A boca treme por um momento e se cala.
Quem me guerreia? / Quem derrama meu sangue na areia fria?
Não encontro as palavras, elas fogem como pássaros assustados e se escondem nos cantos mais sombrios do dia.
Não, eu não queira ferira tua alma delicada de mulher. Não sei mais o que eu sabia.
Quem conspira a minha queda súbita? Quem me enfraquece?
As palavras fogem. Observo minhas roupas: como estão sombrias.
Estou perdido na metade do caminho e ainda caminho e não há vento e é pesada a calmaria e não sei mais o que eu sabia.
Eu não queria ferir com essa tristeza a tua alegria.
Eu não queria. Quem me tira as forças, quem mexe os fios dessa agonia? Quem tenta me matar?
A surpresa das coisas me confunde.
Não sei mais o que eu sabia.
E não queria ferir tua alma delicada de mulher.

14/12/2003


Dia 6
Mães, Padres & Rock'n'Roll
(Ozzy)

Estou chegando ao fim! Fim do quê? Não sei.Se soubesse não seria o fim! Quero morrer igual ao pai de minha mãe, transando! Mas não com a mãe de minha mãe, é claro! Quero transar e morrer, morrer e transar! Quero o que é bom! "Compra bombom, moço!" Uma menina de oito anos oferece e eu nem quero saber de bombom. A menina com cara de choro implora e eu compro seus malditos bombons. Ah, já sei: vou dar de presente á Grande Chupadora do Universo. Gatos comem bombom? Senão eu enfio um bombom no cu dela enquanto ela chupa meu bombom de carne na beira do córrego. "A sanidade agora está além de mim, não há alternativa". Ozzy escreveu em seu diário, enquanto no meu eu escrevo algo mais ou menos assim: "A vida está além de mim, não há alternativa!". Ozzy tem o Diário de um Louco e eu tenho meu Diário de um Morto! Não "Diary Of a Madman", mas "Diary of a Deadman", algo assim. Muito bem! O padre e minha mãe contaram histórias mentirosas sobre Mim e sobre Ele! Fui enganado e agora é tarde demais. Não quero o Céu embaixo de meus pés nem o Inferno sobre a minha cabeça. Nem mantos nem chifres. Nem o Padre nem minha Mãe! Escorracem, sim! Estou farto de suas bondades! Estou farto de suas penas. De galinhas e de anjos alados ou caídos. Estou farto e quero voltar para casa! Onde estou agora, querida criança? Quero voltar para uma casa que eu nunca tive então não é possível, pois ninguém volta para onde nunca esteve. Mas eu queria os claros dias de sol e brincadeiras inocentes... "Ah, bom, queria ser criança, novamente!", disse meu filho. Não, está errado, queria ser velho, porque ai estaria mais perto da morte. Sem futuro a preocupar, sem mães e sem padres! Apenas ser velho e brincar... De ser criança! Queria sem velho e chegar ao fim chegando ao fim, igual ao pai de minha mãe, que era um artista! Queria ser artista forte igual a ele! Mas a mãe de minha mãe também morreu. De solidão... O anjo da morte com suas penas sujas de sangue a carregou e depois em meu sonho ela disse que tinha cometido suicídio. Suas mãos era quase pretas de nicotina igual ás minhas e ela ainda sabia que aquilo era a morte, do mesmo jeito que eu sei. Mas deixa eu acender um cigarro que depois eu continuo. (...) Ah, então continuando: será que a Grande Chupadora do Universo vai ficar velha? Ou vai morrer chupando pinto na beira do córrego? Então devolve meus 10 paus, sua piranha! Os 10 paus que você chupou! E ai, quem vai sustentar seus gatos? Não olhe pra mim! Eu não! Sou um monstro sem sensibilidade, feito de merda e terra. Merda sagrada e terra amaldiçoada. Rimbaud tinha "Sangue Ruim" e eu? Sangue Podre! Sou perigoso porque sou triste ou sou triste porque sou perigoso? Disseram que estou doente, da mente e da alma, que corro perigo! Que preciso de minha Mãe e do Padre. Aliás, o Padre disse que eu corro perigo e minha Mãe que eu sou o perigo! É, realmente, o fato é que estou a perigo e então vou até a beira do córrego encontrar a Grande Chupadora do Universo! Quem sabe uns tapas na cara dela faça com ela se apaixone por mim! Ou na bunda, melhor ainda! Padres e mães não sabem o que é sentir-se "Burro feito um tijolo". Chega ai, Padre, preciso entrar no confessionário e confessar meus pecados. Ganho uma carteirinha para o seu Céu? Minha mãe disse que sim! Minha Mãe é uma mentirosa hipócrita! A Grande Chupadora do Universo um dia será Mãe? "Ser mãe é desdobrar fibra por fibra o coração dos filhos", digam isso a ela. E nem chora não! Conta uma história, um conto da carochinha, sobre a Mãe Coruja, mente bastante, cria ilusão, depois abandona a cria! A Grande Chupadora do Universo tem peitinhos pequeninos e um par de bicos pretos. Deixa eu mamar neles? Deixa??? Implorei outro dia! E ela: "São trintão!" Ai eu mandei ela se foder! E ela falou: "Ai são cinquentão!" Grande filha da puta, vai tomar no seu cu!" Eu disse. E ela:" Aí são cenzão!" Quase mijei de rir e repeti: "I Wanna Piss On You" e ela ajoelhou e chupou meu pau até eu mijar na boca dela. Maldita puta filha da puta!

15/12/2003


Dia 7 (Último)
Cachorros, Merda & Rock'n'Roll.
(Tublues)

Torquato Neto enfiou a cabeça dentro do forno e abriu o gás. Deixou um testamento poético: "Difícil é não correr com os versos debaixo do braço. Difícil é não cortar o cabelo quando a barra pesa. Difícil, pra quem não é poeta, é não trair a sua poesia, que, pensando bem, não é nada, se você está sempre pronto a temer tudo; menos o ridículo de declamar versinhos sorridentes mestre de cerimônias." Será que se eu enfiar a cabeça dentro do micro-ondas e apertar o "power" meu cérebro fritará até parecer Batata Prengles, ou coisa parecida? Deixo também meu testamento poético: "Fodam-se!" Poético isso, não? Nunca quis ser poeta mesmo... Do mesmo jeito que aconteceu de eu ser narigudo e um tanto estúpido, aconteceu de eu cometer algumas porcarias poéticas. Mas cumpri o que Torquato pediu: nunca trai a poesia, nunca trai o Rock'n'Roll, nunca trai ninguém. Fui traído, sim... Muito! Parece maldição isso! Torquato abriu o gás e eu vou ligar a tomada. Mas agora quero mesmo é escutar um som! O pessoal do Tublues realizou um sonho meu, tenho uma porcaria de uma poesia musicada. Sangue de Barata ficou legal pra caralho! Tem um monte de gente querendo sugar meu sangue e ninguém a não ser a Grande Chupadora do Universo, quer sugar meu pau! Aperta o "power" ai! Aperta meu pau ai! "Quando eu nasci/um anjo louco muito louco/veio ler a minha mão/não era um anjo barroco/era um anjo muito louco, torto/com asas de avião/eis que esse anjo me disse/apertando minha mão/com um sorriso entre dentes/vai bicho desafinar/o coro dos contentes/vai bicho desafinar/o coro dos contentes/let's play that". Tenho mais de quarenta anos e então não deixam que eu trabalhe, ai nem tenho jeito de pagar as contas que ficam penduradas, o aluguel fodendo e tal. Difícil é cometer poesia assim, mas o mais difícil é estar em perfeita solidão, a solidão perfeita que só sente quem está no meio de uma multidão insensível. Acaso eu morra, só irão perceber dias depois por causa do fedor de carne podre. Ninguém afinal nota minha presença e eu grito e ninguém escuta. Escuta aqui: vão todos se foder! Deixem-me (morrer) em paz, então! Danem-se, apenas não desliguem a luz que pra eu ter como ligar o micro-ondas. Ontem tentei recomeçar a ler um livro pela décima-sétima vez e não consigo passar da página 17 ("Todos seus psiquiatras de dois bits / estão dando a você um choque elétrico / eles dizem que deixaram você viver em casa com seus pais / no lugar de manicômios / Mas todo o tempo que você tenta ler um livro / você não consegue passar da página 17 / porque você esqueceu onde você está /então você nem mesmo pode ler" - Lou Reed, "Kill Your Sons" Sinceramente, tenho inveja de Lou Reed, a cara faz o que eu queria pra mim. Sempre imaginei que as porcarias das minhas poesias seriam letras de Rock. Imaginem: "Aquela era uma noite muito calma até um certo ponto / O porque dessa mudança, ao entardecer eu lhe conto / Então toda cachorrada começou a ladrar esganiçada / E as ladras pararam diante da fechadura enguiçada." Ou "Ácida Cida de madeixas cor de sangue nobre / Cida ácida, doces ameixas, o ouro e o cobre / Ácida Cida dos cantos, encantos, recantos / Cida, ácida droga, lágrimas e prantos" (Esta Eu imagino algo como "Vicious"; ou ainda: "Filho bastardo de uma consciência dúbia, alguém sem escrúpulos, doente. / Perambulo pelas esquinas, bêbado de cachaça sem uma maconha decente. / Seria realidade a minha infinita pré-disposição em ser eternamente pobre? / Em ser um inútil poeta de bar de esquina, jamais de um restaurante nobre?"??? Canto assim, porque assim é minha maneira de cantar. Nenhum acorde musical, nenhuma nota. Apenas letras toscas com rimas idem. Mas, o que importa agora. Kafka mandou queimas seus escritos pouco antes da morte, mas como tinha amigos, algo ainda sobreviveu. E eu? É uma pena! Queria apenas um pequeno lugar sob o Sol, mas deram apenas a escuridão. A trilha sonora da minha existência nem deveria ser um Rock, mas um Blues... Solta o disco:

"Não posso ser menor que o Sonho, Nem maior que o Pesadelo!
Não posso ser menor que a Liberdade, Nem maior que a Prisão!
Não posso ser menor que o Homem, Nem maior que o Cão!
Não posso ser menor que o Bem, Nem maior que o Mal!
Não posso ser menor que o Amor, Nem maior que o Ódio!
Não posso ser menor que a Vida, Nem maior que a Morte!

O Heavy cantando isso ficou bem legal. Imaginei que isso seria um Blues-Rock e Heavy fez disso um Rock'n'Roll. Ai ficou bem legal... Sonha, poeta desgraçado, sonha maldito sonhador, morre maldito guerreiro. Fodam-se! Nem quero mais saber! Que importa agora? Claro que para encerrar essa merda toda, só poderia recorrer a Jim Morrison. No mais fiquem com "Deus e o Diabo na Terra do Sol". Vocês merecem!

É o fim, bela amiga / É o fim, minha única amiga / O fim de nossos planos incríveis / O fim de tudo que está de pé
O fim
Sem segurança ou surpresa / O fim / Nunca mais olharei em seus olhos de novo / Você consegue imaginar o futuro / Tão sem limites e livre / Precisando muito da ajuda de alguém estranho / Em uma terra desesperada
Perdido em uma imensidão de dor Romana / E todas as crianças são insanas / Todas as crianças são insanas
Esperando a chuva de verão / Há perigo no subúrbio da cidade / Ande na auto estrada do rei
Cenas estranhas dentro da mina de ouro / Vá para o oeste na auto estrada, baby / Ande na cobra
Até o lago / O lago antigo, baby / A cobra é comprida / Sete milhas / Anda na cobra / Ele é velho / E sua pele é fria / O Oeste é o melhor / Venha aqui e nós faremos o resto / O ônibus azul está nos chamando / Motorista, para onde está nos levando? / O matador acordou antes de raiar o sol  / Ele colocou suas botas / Pegou um rosto da antiga galeria / E desceu o corredor / Entrou no quarto onde sua irmã morava / E depois visitou seu irmão / Depois ele continuou a caminhar pelo corredor / E chegou a uma porta / E olhou para dentro / Pai? 
Sim, filho? / Eu quero te matar / Mãe, eu quero...  / Vamos, filho nos dê uma chance / E me encontre atrás do ônibus azul / É o fim, bela amiga / É o fim, minha única amiga / O fim / Dói libertar você / Mas você nunca me seguirá / O fim de risos e mentiras leves / O fim de noites em que tentamos morrer / É o fim

1/1/2003

23/03/2013

Vômito de Metáforas


Vômito de Metáforas
A Raul Seixas
(Inspirado no título do livro de Isaac Soares de Souza)
Barata Cichetto

À Noite
Quando quase todos os gatos são pardos
E quase todas as putas esposas de bardos
Chuto latas e pedras, bêbado feito coelho
E tropeço no meu vômito e mijo vermelho.

Pela Manhã
Quando quase todas as gatas são putas
E quase todas as esposas travam lutas
Chuto pregos e egos, sóbrio feito um cão
E vomito poesia com um pedaço de pão.

À Tarde
Quando são machos quase todos os gatos
E quase todos lavam roupas e seus pratos
Chuto gatos, cachorros e pedaços de mim
E vomito metáforas antes de chegar ao fim.

15/12/2012

Prefácio a “Raul Seixas: Vômito de Metáforas”, de Isaac Soares de Souza


Prefácio a “Raul Seixas: Vômito de Metáforas”, de Isaac Soares de Souza
Luiz Carlos Barata Cichetto


Sabe aquelas pessoas que você conhece muito recentemente e acredita que, pelo histórico coincidente, gostos afinidades deveria ter sido seu amigo desde pelo menos adolescência? É o caso entre eu e Isaac Soares de Souza. Há poucos meses recebi um email dele elogiando um texto meu que foi alvo de muita fúria, onde eu falava sobre os plágios cometidos por Raul Seixas e dizendo-se meio envergonhado por não ter conhecido meu trabalho antes. O fato é que a vergonha foi de ambas as partes, pois também descobri nele um grande escritor, com vivências que poderiam ser parte das minhas, como a amizade, durante muitos anos, com Raul Seixas. Para completar, somos do mesmo "ano da graça do nascimento de Cazuza, Tim Burton e Bruce Dickinson", como gosto de definir 1958. E sendo, nós dois, além dos famosos acima, nascidos numa época perdida no tempo, maldita e frouxa, nos dedicamos, cada um de seu lado a experimentar, nos dedicar às nossas paixões e depois escrever. Temos também em comum a formação na Universidade da Vida, onde o diploma é a certidão de óbito. E é ela quem nos oferece a mal-formação e a deformação necessárias a sermos escritores por excelência, por desejo e por raiva, numa desconstrução filosófica de uma frase proferida por Raul, o mesmo Seixas que de certa forma nos colocou um no caminho do outro. E afirmo isso sem que com isso eu precise trair meu ateismo mutante e mefamórfico. Afinal, tanto ele, Santos Seixas, como Isaac e eu, sabemos que não existem verdades absolutas, apenas individuais. E são essas verdades individuais de Raul, que Isaac apresenta, juntamente com pensamentos próprios neste "Raul Seixas: Vômito de Metáforas". E como pósfacio desse prefácio, na redundância do regurgito de Isaac, metamorfoseado em espumas cristalinas do mar da intranquilidade raulseixista, cíclicas camadas de alumbramento, desgosto e poesia, deixo um poema de Raul, para sua degustação, congestão e vômito: 

Metido a Escrever (1984)
(Por que se eu não escrevesse por certo morreria)
Eu, louco do absurdo / Cansado de cansaços / Desmorono-me em breves reticências / Meus dentes caem / Meus lábios doem de tanto arder / Ardor de falar / Palavras inúteis / Poeta do caos / Imbecil como uma criança / Imprudente como uma mulher / Estômago ácido-espelho-da língua? / (Raul Seixas)
Luiz Carlos Barata Cichetto, Poeta, Escritor, Webdesigner e Editor Artesanal. Ou apenas outro cara metido a escrever...

15/12/2012

02/09/2012

Cópia Infiel – Ato 1: Raul Seixas e o Dolo de Ouro


Cópia Infiel – Ato 1: Raul Seixas e o Dolo de Ouro
Luiz Carlos "Barata" Cichetto
Foto: Thereza Eugênia
“Querer o meu não é roubar o seu / pois o que eu quero é só em função de eu” – Raul Seixas / Cláudio Roberto / Marcelo Motta em “Novo Aeon
Antes de qualquer coisa, e que os seguidores da Igreja Jesus Seixas dos Santos do Penúltima Dia comecem a espernear, quero deixar uma coisa bem clara: conheci o trabalho de Raul Seixas ainda no inicio dos anos 1970, com seu primeiro disco ("Krig-Ha Bandolo") e comprei todos os seus discos subsequentes. Fui a dezenas de "shows" dele, inclusive na estréia de "O Dia Em Que A Terra Parou", com um Raul Seixas trajado de roupas brancas, cabelos curtos e sem barba esquecendo a letra da musica titulo e dormindo bêbado ao meu lado depois de ter dado lugar ao microfone a alguém da platéia. Escutei milhares de vezes suas músicas, tinha, e ainda tenho,  "Tente Outra Vez" como uma das melhores musicas da história da musica do Brasil. Até a história do nome do meu filho, que tem o nome de Raul não por causa dele, mas de uma estranha coincidência que rolou no lançamento do disco do Estúdio Eldorado em 1983. Fiquei sim, muito chocado com sua morte em 1989 e não fui ao velório em São Paulo porque não consegui licença no trabalho. Depois disso, escrevi vários textos que eram verdadeiras odes a Raul Seixas, e que continuam publicados em meu portal. Mas o que é necessário a um ser humano, segundo até mesmo o que o próprio Raul pregava, é a evolução do pensamento e por conseguinte das atitudes, de uma pessoa. A tendência natural de um ser humano é buscar novas informações, introjectá-las e processa-las, tornando-se assim um ser melhor, mais sábio e mais digno. O que ele chamava de “Metamorfose Ambulante”, tão repetida pelos fãs, mas tão pouco entendida. Na maior parte das vezes a letra é mal interpretada, transformada em hino de pessoas que não tem opinião própria, mudando-a de acordo com qualquer circunstância social e moral, o que é absolutamente diferente. 
"Você é forte, faz o que deseja e quer / Mas se assusta com o que eu faço, isso eu já posso ver / foi com isso, justamente, que eu vi / Maravilhoso, aprendi que eu sou mais forte que você." – Raul Seixas/Paulo Coelho
Mas o fato é que Raul Seixas morreu sozinho, na merda e, segundo escritos dele publicados depois de sua morte, implorando por uma amada companheira que não queria por perto aquele homem decadente e doente. Raul morreu só, sem dinheiro e abandonado por todos. Ganhou muita grana e gastou tanto ou mais do que ganhou. Birita e outras coisas. Antes disso foi preso por estar tão embriagado num show que não foi reconhecido pelos próprios fãs que causaram tumulto. Ou seja, apenas um ser humano de carne, osso e sangue, que tinha problemas na vida como qualquer, mas que transformava, como bom artista, seus problemas, suas experiências e principalmente suas dores, em arte, em musica. Não um messias, um deus. Apenas Raul Santos Seixas.
“Ah, mas que sujeito chato sou eu / Que não acha nada engraçado / Macaco, praia, carro, jornal, tobogã / Eu acho tudo isso um saco.” – Raul Seixas
O que se sucedeu após sua morte foi a criação de um mito que aparentemente Raul não queria ser. E seu nome passou a representar dinheiro em muitos cofres e, principalmente, representar o ídolo, um mito, quase um deus. Menos por seu trabalho musical e muito mais pela irresponsabilidade dele em relação a si próprio e a seus espectadores, que o tinham sempre embriagado, esquecendo letras de musicas. Raul se tornou um mito por ser associado mais à bebida, falta de compromissos, rebeldia gratuita do que propriamente por suas musicas e suas idéias, embora, claro, existam as exceções. E aí é reside decididamente o perigo. Um mito vivo é muito perigoso a si próprio, pois absolutamente ninguém consegue suportar essa pressão sem enlouquecer ou se tornar ditador, um ser gelado com um ego gigantesco, o que é quase a mesma coisa. E essa legião, tanto urbana quanto rural, passou a tentar reproduzir os passos de seu ídolo, transformando-o em mártir, em messias, em guru. Inatacável, intangível, inalienável. Então muito daquilo que o próprio pregava cai por terra. Segue-se o que é de interesse próprio, da barba às bebedeiras, mas muito, muito pouco da filosofia, das idéias. Raul era coerente, tinha sua existência e obra amalgamadas, enfim era autêntico. Mas o que falar de pessoas que não leram um décimo daquilo que ele leu, que não escutaram um décimo do que ele escutou? Que o seguem às cegas, às surdas e às mudas achando legal encher o rabo de vinho barato, deixar a barba crescer e sair por ai gritando em qualquer lugar: "Toca Raul!"??? Pessoas que têm personalidade, identidade e auto-estima tão pequenas que passam a adotar o sobrenome do ídolo. Por um lado querem ser o próprio, mas por outro colocam-se a si mesmo como tão frágeis e inseguros que precisam ser adotadas por um “pai doidão”. 
“Você alguma vez se perguntou por que / faz sempre aquelas mesmas coisas sem gostar? / Mas você faz, sem saber por que você faz, / e a vida é curta.” – Raul Seixas/Cláudio Roberto
Fanáticos são perigosos! A bala que estourou a cabeça de John Lennon tinha um nome gravado nela: fanatismo. E são extremamente perigosos porque são cegos a qualquer coisa que não diga respeito ao objeto de seu fanatismo e são capazes de atos violentos para defender o alvo de seu fanatismo, mesmo contra o próprio segundo, certas mentes doentes. E qualquer coisa que ouse atacar tal objeto é alvo de atos violentos de toda natureza. A eles, atacar seu "monstro sagrado" é arrumar briga, encrenca na certa. E eu, que não acredito que existam monstros e em nada que seja sagrado, até continuo a escutar Raul Seixas, mas não o tenho como ídolo, como aliás a ninguém. Apenas a mim mesmo, pois só apenas a si o Homem merecer reverenciar como a um deus. Até mesmo Raul que bebendo em águas turvas de filósofos como Nietzsche e Schopenhauer pregavam. “O que eu como a prato pleno / Bem pode ser o seu veneno.” Mas seus fãs preferem reverenciar um mito, colocar um deus no lugar de um homem e adorá-lo cegamente. Mas “ninguém pode notar / estão muito ocupados pra pensar”.
"Eu já passei por todas as religiões / Filosofias, políticas e lutas / Aos 11 anos de idade eu já desconfiava / Da verdade absoluta." - Raul Seixas
O presente preâmbulo é extenso por necessidade de deixar claras as minhas posições com relação à figura de Raul Seixas. O coração do texto não é o que pode entender o leitor mais afoito, que foi direto à lista das musicas que foram plagiadas por Raul Seixas. O coração e a mente por trás deste monólogo é demonstrar o quanto o ser humano é suscetível ao poder não apenas da mídia que lhes impinge o que deseja com a única função de obter lucro, mas também ao poder da própria massa de ignorantes que precisa criar ídolos e mitos para se manter na comodidade do não pensar. E que prefere seguir um ídolo e não ser ele próprio um ser com idéias próprias. Ou seja, um ídolo de si mesmo baseado em suas próprias experiências e dores, não um seguidor das alheias. E não por vaidade, nem por ganância, mas por justificar sua própria existência. 
"O plágio é o ato de assinar ou apresentar uma obra intelectual de qualquer natureza (texto, música, obra pictórica, fotografia, obra audiovisual, etc) contendo partes de uma obra que pertença a outra pessoa sem colocar os créditos para o autor original. No acto de plágio, o plagiador apropria-se indevidamente da obra intelectual de outra pessoa, assumindo a autoria da mesma. (...) A origem etimológica da palavra demonstra a conotação de má intenção no ato de plagiar; o termo tem origem do latim plagiu que significa oblíquo, indireto, astucioso. O plágio é considerado antiético (ou mesmo imoral) em várias culturas, e é qualificado como crime de violação de direito autoral em vários países." - Wikipedia
É claro que uma pessoa que escute milhares e milhares de músicas e, sendo musico, no momento em que compõe acabe sofrendo das "influencias" daquilo que escutou. Também é lógico que determinados acordes ou trechos de musicas, permaneçam dentro de seu inconsciente e acabe aparecendo, se diluindo em sua obra. Isso acontece com todas as artes, da musica á literatura, passando pela pintura. E a isso é dado o nome de "influência". Plágio é outra coisa, conforme consta na definição acima. Em resumo, plágio é roubo. Quando um artista pega propositalmente musicas inteiras, ou apenas trechos dela e confere a si próprio a autoria está sendo no mínimo mal intencionado. E como é a mais popular das artes, é na musica onde se encontra o maior numero de "apropriações indébitas". Existem casos muito conhecidos, como Rod Stewart que plagiou descaradamente Jorge Ben e tomou um processo e os casos clássicos de bandas e artistas como Deep Purple, Led Zeppelin e Rolling Stones, que se apropriaram do trabalho, do suor e da criatividade alheias para ganhar seu dinheiro e fama. Incompetência? Malandragem? Preguiça? ... Acho que todas essas coisas juntas. Uma coisa é a citação com os devidos créditos. Aspas servem em texto para isso, e indicação em capas e selos de discos também. E a outra é pegar a criação alheia, mudar de nome e auferir os lucros. 
“Se você acha o que eu digo fascista / Mista, simplista ou anti-socialista / Eu admito, você tá na pista...”  – Raul Seixas/Marcelo Motta
No caso do nosso querido amigo Raul Seixas, as coisas pareciam acontecer de uma forma muito estranha, pois além motivos citados, ele tinha veneração pela cultura americana, particularmente dos primeiros ídolos do Rock. Todos sabem que Elvis era grande ídolo Raul, mas nem por isso, ou talvez por isso mesmo foi um que sofreu nas suas mãos. Mas existiram outros, como The Byrds, Jim Breedlove, Albert King, Bobby Russel e Carl Perkins. Em seu excelente livro "Metamorfose Ambulante" (aliás, esse livro me foi presenteado pelo Sylvio Passos), Mario Lucena conta que Raul Seixas admitia que copiava mesmo e que não se sentia envergonhado com isso.  Em algumas, poucas, oportunidade ele dava os devidos créditos, lançando como versão,tal como em “Babilina” que é “Bop-a-Lena” de Ronnie Silfo; e “No No Song” da dupla David P. Jackson / Hoyt Axton gravada por Ringo Starr  que virou “Não Quero Mais Andar na Contramão” e “Não Fosse o Cabral”, versão de “Slippi’n & Slidin’n” de Little Richard. A mais conhecida é “Lucy In The Sky With Diamond” dos Beatles que se transformou em: “Você Ainda Pode Sonhar”  que saiu inicialmente no disco “Raulzito e Seus Panteras“. E houve também o absurdo caso em que ele se auto-copia, como em “Abre-te Sésamo” e “Um Som Pra Laio”... Em pouquíssimos casos, Raul admitiu ter feito o plágio, como em "Rock das Aranhas", uma musica tradicional americana que tinha sido gravada por Jim Breedlove em 1958, e posteriormente por Elvis Presley. Sobre isso ele próprio disse: "Meti a mão! 'Killer Diller' é uma música que adoro, e peguei o arranjo, ficou bonito e ninguém notou!!! ". E uma curiosidade sobre essa música: uma versão de "Rock das Aranhas" é considerada por muitos como a precursora de uma "jóia cultural" chamada "Funk Carioca". 
“Cada cabeça é um mundo Gismundo / Antes de ler o livro que o guru lhe deu / Você tem que escrever o seu.” – Raul Seixas
Falando em Elvis, "I Was Born 10.000 Years Ago" acabou sendo traduzida "Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás".  A musica não é de autoria do “Rei do Rock”, é uma musica de domínio publico americana gravada por ele. E esse caso em especial denota uma questão muito mais séria do que aparenta: uma musica de domínio público é algo que nasceu das ruas, dos bares, das revoluções e é geralmente uma criação popular e anônima. Enfim, ninguém lucra com isso. É o que o nome próprio titulo demonstra, uma criação de propriedade publica. Então, um esperto chega, pega uma musica dessas e coloca seu nome como autor, ganhando com isso... E o absurdo dessa usurpação é que nosso "Cowboy Fora da Lei" nem se preocupou com a regra gramatical na tradução. Em inglês está correto "10.000 Years Ago", mas "10 Mil Anos Atrás" é pleonasmo.  Mas a coisa beira ao absurdo quando alguém ainda atesta a idoneidade de uma criação... Que nunca existiu. Há um tempo atrás, num documentário da Globo, a segunda esposa de Raul, Gloria Vaquer, conta sobre o momento em que Raul e Paulo Coelho compuseram "Eu Nasci Há 10 Mil Anos Atrás": "Foi algo singular, mágico, impressionante, amazing. Um falava uma frase e o outro completava, como se estivessem dominados por uma 'entidade'”. Mas será que ela, uma norte-americana fã de Rock, não sabia que "I Was Born About Ten Thousand Years Ago" havia sido gravada e lançada em disco por Elvis em meados 1970 e lançada no mesmo ano, inclusive como subtítulo do disco: “Elvis Country (I'm 10,000 Years Old)”, uns cinco ou seis anos antes da tal inspiração mediúnica da dupla brasileira? Então pergunto, se realmente Gloria relata uma visão correta, o que os dois fizeram ali foi o que? Uma encenação? Ou estavam apenas tirando a musica e “adaptando” a letra? Bem provável que seja isso. Paulo Coelho ao ser questionado pela imprensa sobre o assunto, desconversou, mas depois afirmou que Raul prestara tributo a seu ídolo maior. Como se fosse Raul o único responsável pela fraude, atitude bem típica dele, que é dado também a surrupiar textos e histórias alheios. Mesmo assim, admitiu, mas o fato é que a musica continua por ai, sem os devidos créditos de autoria. E de Elvis tem ainda "My Baby Left Me", uma co-autoria com Arthur Crudup, que Raul transformou em “A Verdade Sobre a Nostalgia”. 
“Você já foi ao espelho, nego? / Não? / Então vá!“ – Raul Seixas
Uma banda que Raul também parecia adorar a ponto de copiar era The Beatles. “Peixuxa” tem a abertura idêntica a “Obladi-oblada”, do White Álbum. “Back in the U.S.S.R." do mesmo disco e "Get Back" foram picotadas e juntas formaram “O Dia da Saudade”. E um outro caso que merece uma historinha: "S.O.S." é uma cópia descarada de "Mr Spaceman" do Byrds e teve uma outra versão, com uma letra um tanto diferente, dois anos antes, em 1972, que tinha o nome de "Objeto Voador", gravado pela dupla jovenguardista Leno e Lilian. 
“Eu sou estrela no abismo do espaço / O que eu quero é o que eu penso e o que eu faço. / Onde eu tô não há bicho-papão.” – Raul Seixas/Marcelo Motta
Mas o suprassumo é realmente quando a copia é de musicas que já eram plágio, como foram os casos de "Loteria de Babilônia" e “Gita”. A primeira tem um final que é um felatio de "How Many More Times" do Led Zeppelin que já tinha sido devidamente boqueteada de "The Hunter", um antigo blues de Albert King. Particularmente não acredito que Raul tenha se baseado na cópia do Led, mas na original, de King. Já "Gita", foi originalmente composta por Bobby Russel com o titulo de "Honey I Miss You" que os Rolling Stones chuparam e chamaram de "No Expectations". Há de se invocar nesse caso o antigo dito popular do "Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão"? Acho que não: Para mim, ladrão que rouba ladrão tem que ir junto pro paredão.
“Não tenho saco para ouvir artista / Comendo alpiste na mesma estação / Cantando regra com o rei na barriga / E só de preguiça não mudou o botão.”  - Raul Seixas
Enfim, um artista precisa ser tratado com o total de sua obra e com relação aos seus atos e efeitos causados. Que Raul Seixas foi importante à "linha evolutiva da musica popular brasileira", embora cantasse o contrário talvez sendo sarcástico, não há como negar. Que, num determinado momento, quando a ditadura militar comia o couro dos descontentes, ele foi de grande e valiosa importância bradando no limite a favor da liberdade também não. Mas o que não posso aceitar é transformá-lo em algo acima do que realmente foi. Um Homem não pode estar abaixo de ninguém, mas muito menos acima de si próprio. Ou dos outros. O fanatismo é criminoso, como bem nos mostra a história. E concluindo com algo que decerto irá causar provavelmente irá abalar os mais profundos dogmas e aos fiéis, cegos e surdos seguidores da Religião Raulseixista: aquela história do encontro com John Lennon foi uma farsa. Ele nunca passou três dias na casa dos Ono-Lennon e, portanto a história do interesse do Beatle pela Sociedade Alternativa é falsa. Ao que parece Raul teria aprontado essa para além de promover a Sociedade Alternativa e chamar a atenção da imprensa brasileira, mas sustentou essa história até o fim. De fato, com quem realmente Raul esteve foi com Leno, da antiga dupla Leno e Lílian, para quem ele, na época um desconhecido produtor da CBS produziu e participou de um disco chamado “A Vida e a Obra de Johnny McCartney”.
“Eu devia estar contente / Por ter conseguido tudo que eu quis / Mas confesso abestalhado / Que eu estou decepcionado.” – Raul Seixas
Raul Seixas tinha um envolvimento muito grande com as coisas esotéricas e profundo admirador das coisas do bruxo Aleister Crowley. E muitas das citações em letras de musicas dele, particularmente em “Sociedade Alternativa” e “A Lei”, que é quase um remake da primeira, e outras, não saíram de dentro de sua cabeça, mas dos livros da “Besta”. A frase: “Faze o que tu queres, há de ser tudo da Lei”, hino da Contracultura no Brasil e amplamente cantada a plenos pulmões até a atualidade pelos adeptos da Igreja Raulseixista é de autoria de Aleister Crowley. Aliás, muitas de citações dele e principalmente atribuídas a ele, circular pela Internet não eram de sua autoria. Por exemplo: "Ninguém morre, as pessoas despertam do sonho da vida." É um Provérbio Chinês, "Pare o mundo que eu quero descer." é de uma música de Silvio Brito.. E por aí. Já vi por ai gente usando camisetas com fotos de Raul, com as frases estampadas mais absurdas, que de fato nunca foram pensadas nem ditas por ele. E entra à baila a mesma questão: o fanatismo é cego, surdo... E burro. E embora ele tenha sido um pensador atento, lido grandes filósofos e criado sua própria filosofia, muita gente teima em atribuir a ele pensamentos que nunca foram de sua autoria. E o problema é que muita gente lucra com isso. Aliás, a marca, a grife “Raul Seixas” é muito vendável, rende muita grana aos espertos. Do mesmo jeito que outras grifes famosas, como Che Guevara, Marx e até mesmo Jesus Cristo.
“Eu sou astrólogo / E conheço a história do princípio ao fim.” – Raul Seixas / Paulo Coelho
Enfim, segue uma lista com uma dúzia (doze) musicas que foram total ou parcialmente surrupiadas em suas autorias por Raul Seixas. Algumas são cópias idênticas, outras são apenas trechos, mas nem por isso menos plagio. Ao que sei, tecnicamente, existem um certo numero de compassos, para ser comprovado o plágio. Não sei analisar por esse aspecto, mas estou certo que seja qual for esse numero é bem inferior ao que foi usado nas musicas citadas. E escutem as musicas antes de criticar. E se disserem "Ah, ele fez tudo isso, mas ainda assim é o Rei do Rock, o melhor, era um gênio" e outros adjetivos que denotem falta de discernimento e capacidade de raciocínio próprios, digo o seguinte, primeiro parafraseando uma de suas filhas: "Os fãs de Raul Seixas são muito chatos!" E por fim: "O que eu quero é o que eu penso e o que eu faço / ... / Pois o homem é o exercício que faz". Conhecem o autor, não?! Ao que consta, essa é dele mesmo. Ou não? Afinal é uma parceira com Marcelo Motta e a letra acredita-se que seja deste. Outro fato que há de se levar em consideração. Aliás, seria mesmo de Raul Seixas todos os conceitos explícitos nas suas letras? Paulo Coelho afirma quer eram dele, mas ele não exatamente a pessoa a quem eu daria crédito, afinal, ele é um plágio de qualquer mau escritor que tenha existido. E deixo então uma pergunta no ar: as tão aclamadas letras de Raul Seixas eram dele ou de seus parceiros letristas, como Paulo Coelho, Marcello Motta, Cláudio Roberto, Oscar Rasmussen e outros?  
“Sou tão bom ator que finjo ser cantor e compositor e vocês acreditam.” – Frase atribuída a Raul Seixas
1. The Byrds - "Mr Spaceman" > "S.O.S."
2. Jim Breedlove - "Killer Diller" > "Rock das Aranhas"
3. Peter And Gordon - "Willow Garden" > "A Beira do Pantanal"
4. Elvis Presley - "My Baby Left Me" > "A Verdade Sobre A Nostalgia"
5. Domínio Público (Spiritual) - "Working On The Building" > "Gospel"
6. Elvis Presley - "I Was Born About Ten Thousand Years Ago " > "Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás"
7. Albert King  - "The Hunter"  > Led Zeppelin - "How Many More Times" > "Loteria da Babilônia"
8. The Beatles - "Back in the U.S.S.R." e "Get Back"  > "O Dia da Saudade"
9. The Beatles - “Obladi, Oblada" > "Peixuxa"
10. Bobby Russel - "Honey I Miss You" > The Rolling Stones  - "No Expectations" > "Gita"
11. Simon & Garfunkel - “Bridge Over Troubled Water” > "Ave Maria da Rua"
12. Carl Perkins - “Honey Don't”  > "Rock do Diabo" 



E não percam: Cópia Infiel – Ato 2 - Led Zeppelin; Cópia Infiel – Ato 3 - Deep Purple, afinal eu também tenho o direito de “ser ateu ou de ter fé e até deixar Jesus Sofrer...”

31/08/2012
Arte: Barata Cichetto para a KFK Webradio


19/08/2012

O Suprassumo do Superestimado


O Suprassumo do Superestimado
Minha Lista dos 11 Mais (ou Menos?) 
Luiz Carlos Barata Cichetto

É muito comum pedirem a pessoas, especialmente aquelas que têm um certo renome para que façam listas, de preferência com dez itens (porque 10? Numero redondo?) das coisas que mais gostam. Com pessoas relacionadas a musica, então, as listas dos "Dez Melhores Discos" é comum. O intuito é muito menos saber do que o tal renomado ou renomada gosta, mas com isso influenciar o público alvo.

Acredito que até eu mesmo tenha feito essas listas a pedido de alguém. Um blog que tem uma rádio um dia pediu uma lista minha com 500 (sim, quinhentas) musicas consideradas clássicos do Rock... Mas no fundo, essas listas são completamente idiotas e inúteis. Listas são necessárias a compras de supermercados e festas de casamento.

Mas não resisti a uma idéia de montar uma lista não com as melhores, mas com as piores, e não com 10, mas com 11. Então, seguidas dos comentários explicativos, minha lista dos artistas mais superestimados. A minha lista contem: os mais pedantes, prepotentes, pomposos, patéticos... Ou seja, para continuar na letra "P", Os Onze Mais Pau no Cu!... Lista 1 - Brasil.

Não desejo influenciar ninguém, muito menos mostrar que sou “do contra”, como muita gente pode pensar. Essa “lista” é bem conhecida daqueles que acompanham meu trabalho. Apenas não sou parte integrante de uma massa burra que aceita o que é imposto “pela ditadura das massas”.

A lista não segue nenhuma ordem de preferência e é acompanhada no final por um disco com a indicação "Suprassumo do Superestimado", um disco que ninguém deve, em hipótese alguma escutar.


1. Elis Regina - Uma das mais chatas, insuportáveis e pretensiosas cantoras brasileiras. A panela da elite da Musica Popular Brasileira a elegeu como grande cantora, mas seus berros deixavam qualquer gralha com inveja. Só consegue berrar. Não bastasse isso, morreu de overdose e se tornou mito, deixando ainda um legado mais chato, insuportável e pretensioso que ela própria, sua filha Maria Rita.

Suprassumo do Superestimado: "Falso Brilhante". (Esse disco lançou a carreira de Belchior, outro que merecia estar nesta lista, mas por falta de espaço não coube. Segundo a Wikipedia: "um dos discos mais representativos da MPB.".. Então realmente estamos mal de representatividade.

2. Caetano Veloso - Até por volta de 1980, quando lançou Bicho Baile Show, Caetano era um ser pensante, ativo, inteligente. A partir dai, acredita-se que com medo da idade que chegava, passou a se portar como um adolescente insuportável e ranheta. A roupa cor de rosa não combinava mais e suas posturas menos ainda. Fez algumas, poucas, musicas interessantes desde então, mas suas declarações se tornaram piegas e ridículas. Caetano não soube envelhecer e ainda quis posar de roqueiro ao lançar um disco chato ao extremo.
Suprassumo do Superestimado: "Bicho" (A pior bobagem discografica que um musico poderia lançar. "Tigresa" "Leãozinho" são pura frescura autobiográfica de um artista que chegou ao fundo do poço criativo e agora se debate para sair, mirando na água abaixo dele pensando que espelho...”Narciso acha feio o que não é espelho”?.


3. Chico Buarque - O maior caso de varizes confundida com sangue azul do Brasil. Chico Buarque, com seus olhos claros era a delicia das mulheres da Ditadura Militar. Sua chatíssima "Carolina" embalou os corações verde oliva e os livros de Educação Moral e Cívica e ele contando como sofreu com a Ditadura. Gosta de brincar de pobre e tem algumas questões de plágio a abalar sua gloriosa carreira. O livro "Fazenda Modelo", plágio de "Revolução dos Bichos", "Geni e o Zepelin" de um conto de Guy de Maupassant e outras tantas, fazem dele um autêntico gozador com o pau dos outros.

Suprassumo do Superestimado: "Ópera do Malandro" (O maior exemplo da "criatividade" chicobuarquiana, incapaz de criar a partir de suas próprias idéias. É nesse disco que aparece "Geni e o Zepelin")

4. Gilberto Gil - O eterno "murista". Participou da "Passeata Contra a Guitarra Elétrica" e uma semana depois participava de de um festival acompanhado de uma banda empunhando esse instrumento "dominador". Sempre foi para a praia onde a onda da fama e do dinheiro o carregou. Usa de símbolos da cultura popular, como a umbanda e outros para se fingir de pobre. Sua grande obra como Ministro da (A)Cultura foi aumentar sensivelmente o valor do cachê de seus shows, coisa que andava meio em baixa. Brincou de ser "Punk da Periferia" também. Entre outras facetas, foi o responsável pela hipervalorização de uma banda pra lá de mediocre, que segue:
Suprassumo do Superestimado: "Realce" (Além da confessional "Super Homem, a Canção" (Gilberto não é gay, mas não ia perder a oportunidade de subir nesse muro também) tem a chatissima versão da não menos chatissima "No Woman No Cry", de Bob Marley (ele não ia perder a oportunidade de subir no muro do Reggae também).


5. Mutantes (Rita Lee e Arnaldo Dias Baptista) - Uma das coisas mais pomposas, chatas e supervalorizadas da Musica Brasileira. Tem uma legião interminável de ripongas tardios a lhe seguir pelo mundo afora. São responsabilizados por criar uma linguagem roqueira no Brasil, quando na verdade eram um bando de mimados pretensiosos que só queriam transar e fumar maconha. Desse grupo, o mundo não ficaria livre tão cedo, pois sua "estrela" foi alçada a categoria de musa e até hoje acha que é. Gosta de provocar policiais e se fingir de fora da lei, mas também de invocar a mesma quando o calo lhe aperta. Seu ex-muso, Arnaldo Baptista, é hoje um artista plástico que pinta tão bem quanto meu neto de dois anos. É considerado uma lenda viva, mas pensa que ainda é Loki.. Bicho.

Suprassumo do Superestimado: "A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado" (Um disco que demonstra bem a pseudo psicodelia intectualóide da banda)

6. Renato Russo - Um dos casos mais explícitos de supervalorização, de um cantor medíocre, plagiador que não se sentia constrangido de plagiar até a Bíblia Cristã e Shakespeare. Criou uma autêntica legião de retardados culturais que cantam suas musicas e o acham o grande poeta do Brasil. Uma estrelinha micha que gostava de aprontar escândalos para chamar a atenção. Outro que depois da morte passou a ser endeusado e colocado como mártir, mas que se vivo estivesse estaria participando exaustivamente de programas chatos de domingo á tarde na Televisão.
Suprassumo do Superestimado: "Música para Acampamentos" (Uma coletânea, então, portanto a forma mais fácil de saber o quão pretensioso era esse cidadão)

7. Tom Zé - Ele é um grande musico... É??? Gosta de desmontar e remontar violões enquanto toca, fotografar bolas de vidro enfiadas no cu de mulheres e ... de dar entrevistas em programas de humor na Televisão. Sua musica é ovacionada mundo afora e serve para os descolados se fingirem de entendidos, demonstrando o quanto a "arte conceitual" brasileira é importante e criativa, tal como um prego torto numa galeria de arte.
Suprassumo do Superestimado:  "Estudando o Pagode" (Que ainda tem a petulância de colocar uma musica chamada "O Amor é Um Rock"... Isso é uma ofensa!)


8. Tom Jobim - Caso típico de chato pseudo-intelectual que agrada aqueles que se fingem de inteligentes, descolados e cultos. Ninguém consegue escutá-lo mais do que cinco minutos, por isso fazem silêncio e o colocam como grande criador. É um grande maestro, mas sua musica é de uma chatice incompreensível. Com exceção das entrevistas e dos violões desmontados, era exatamente igual a Tom Zé.

Suprassumo do Superestimado: " Miucha & Tom Jobim" (Como se não bastasse, a companhia de uma das irmãs de Chico Buarque, ex-mulher de João Gilberto e mãe de Bebel Gilberto... Nossa, quanta coisa ruim junta para uma pessoa só..)

9. Jorge Mautner - É um grande escritor. Era até interessante antes de se tornar o puxa-saco-mor de Caetano Veloso. Como escritor, escreveu obras sensacionais, mas como musico, apenas esquisitices. É tido como um maldito, mas não passa de um metido... Ou seja, superestimado.
Suprassumo do Superestimado: "Eu Não Peço Desculpa" (Que ainda conta com a participação de Caetano Veloso: peça desculpas, sim!)


10. Raul Seixas - Muita gente poderá estranhar a presença de Raul em minha lista. Mas o adiciono não tanto por ele propriamente, mas pelo endeusamento de sua figura depois de morto. E também por ter sido ele um grande plagiador. Ao menos uma duzia de musicas são plágios descarados, incluindo ai ""Rock das Aranhas", "A Beira do Pantanal"  e outras tantas. Mas o grande motivo de Raul Seixas estar presente aqui é pela aura de Santo, de Deus, que seus fãs colocaram, transformando-o num messias. Suas frases são repetidas aos quatro cantos do mundo, sem a menor compreensão na maioria das vezes, e ele passou a ser uma grande desculpa para bêbados e irresponsáveis sociais. A Passeata do Raul, em 21 de Agosto, é a coisa mais deprimente da face da Terra, com uma porrada de bebuns, fanáticos e nóias, empunhando um violão que não sabe tocar e - até as mulheres - usando cavanhaque e bigode. Aquilo parece a regravação do clip "Thriller" de Michael Jackson, com um bando de mulambos saindo dos bueiros. Realmente, ele não merecia isso.

Suprassumo do Superestimado: "A Panela do Diabo" (Último disco, gravado com Marcelo Nova, mostra um Raul Seixas deprimente, se arrastando, mal conseguindo cantar, demonstrando uma fragilidade tentando disfarçar a saude combalida.


11. Roberto Carlos - O "Rei" não poderia faltar na minha lista de superestimados. Primeiramente pergunto: Rei de Quê? De Quem? Só se for o rei do mal gosto e dos pobres aculturados. Aluno da escola de João Gilberto que fez com que aqueles que não sabem cantar, que não voz,  sejam alçados à categoria de cantores. Quando ainda se vendia discos, ele gravava todo ano o mesmo e enchia os bolsos de dinheiro, agora faz show até em puteiro de periferia. Suas manias, suas esquisitices fazem dele o Rei, sim! Mas o Rei dos Superestimados.

Suprassumo do Superestimado: "Roberto Carlos e Caetano Veloso e a Música de Tom Jobim"... (Esse disco é o suprassumo dos suprassumos elevado a enésima potência da Superestimação. Tinha que terminar com ele, porque ele resume a lista de forma absoluta. )

Nota Final: Guarde suas pedras! E aprenda a dar importância a realmente aquilo que é bom de fato, não àquilo que a grande mídia quer que dê. Não diga que João Gilberto, Tom Jobim e todos os outros citados nesta lista são gênios sem ter escutado mais do que uma música deles. (Aliás, não escutou porque? Porque não aguentou? ) Deixe a aparência e a cor dos olhos, a origem deste ou daquele artista fora do seu julgamento e, por conseguinte, gosto. Um artista é um ser humano igual a qualquer outro, que peida, caga, mija, enche a cara e escreve ou compõe em determinados momentos uma ou outra obra. Genialidade é o conjunto de, não apenas obras artísticas, mas das atitudes de um artista. Deixe de ser papagaio e falar que fulano ou fulana são bons pra caraio apenas pra contentar a maioria e não se sentir fora da "galera". Seja autêntico, revolucione a si mesmo!

Existem, claro, outros artistas que poderiam e podem fazer parte desta lista,ainda dentro do território brasileiro. Ao menos uma outra lista de outros onze nomes. E nem precisa ficar comentando e discordando de um ou outro nome, muito menos acrescentando nenhum. E, é lógico que os fanáticos por um ou outro nome constante poderão e irão espernear, xingar, ameaçar... Mas, o lugar de gente fanática é na política ou na igreja, enfiado dentro de sua própria mediocridade.

18/08/2012