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05/02/2019

Desagradável Mundo Novo

Desagradável Mundo Novo
Luiz Carlos Cichetto
(Aka Barata Cichetto)

Sou uma pessoa desagradável. Dentro dos conceitos da palavra agradável: aquele ou aquilo que agrada, satisfaz, transmite prazer, deleite; que demonstra delicadeza, afabilidade; cortês, que satisfaz ou dá prazer aos sentidos, sou puramente o antônimo. Não tenho orgulho de ser desagradável, mas muito menos tenho vergonha. Não faço força para ser, mas muito menos para não ser. Sou assim, e pronto. Ademais tudo depende do que possa ser considerado agradável, sem cair na vala da hipocrisia; tudo depende de quem possa ser considerado agradável, sem cair na mesma pieguice. Não tomo o fato, entretanto, como muita gente pensa, como qualidade boa nem ruim.

Ser uma pessoa desagradável, e admitir isso publicamente, a torna muito mais desagradável, já que a maioria dos seres que compõem a sociedade não tolera desagradáveis, especialmente aqueles que o admitem. Educamos nossos filhos do mesmo jeito que fomos educados, nesse quesito: para serem agradáveis, antes mesmo de os educarmos para serem respeitosos, o que, ao contrário do que pensam serem sinônimos, são coisas extremamente diferentes. Procurar ser agradável, muitas vezes é ser desrespeitoso, especialmente quando não se é honesto com nossos próprios conceitos.

Desconfio absolutamente de pessoas totalmente agradáveis, daquelas que estão sempre sendo corteses, solícitos e risonhos; daqueles que sempre se mostram dispostos a tecerem elogios, soltar palavras de conforto e solidariedade, daqueles que estão sempre procurando demonstrar o quão são bondosos, afetuosos e amorosos. E com esses, decerto, sou muito, mas muito mesmo, desagradável.

Pessoas agradáveis são fúteis, inseguras, falsas e muitas vezes maquiavélicas, já que para manter sua agradabilidade acabam por representar um papel num palco imaginário, onde elas sempre são as protagonistas. 

As próprias definições em dicionário, que dividem o adjetivo de dois gêneros em três partes: educado, alegre, aprazível, acabam por colocar mais lenha nessa fogueira de vaidades, já que nem sempre ser educado significa ser encantador, lisonjeiro e bom, do mesmo jeito que ser alegre não é sinônimo de engraçado, e por fim, ser aprazível é ser risonho e prazeroso. Precisaria muitas laudas apenas para dissecar e rebater esses termos, mas ai seria muito mais desagradável. O importante é que se diga que ser uma pessoa agradável pode ser exatamente a antítese de todos os conceitos pré-estabelecidos, e referidos nos dicionários.

Mas o que me cabe, como aliás cabe a qualquer pensador que se preze, - e que não tenha pretensão a ser filósofo, daqueles que fazem da filosofia uma ciência, coisa que ela absolutamente não é, - é analisar seus próprios conceitos baseados em fatores empíricos, muito mais que qualquer outro. E é nisso que baseio toda a minha análise sobre o que é ser o que sou: um ser desagradável.

As diferenças básicas entre uma pessoa agradável e uma desagradável, é que a primeira diz aos outros não o que ele pensa, mas o que querem escutar, sem ser perguntado, enquanto o segundo diz exatamente o que pensa sobre eles quando perguntado. Existe também outro tipo, uma espécie de mescla entre os dois, que é aquele que diz aos outros o que ele próprio pensa sem ser perguntado, e esse não é agradável nem desagradável, mas simplesmente um mal educado arrogante. 

Somos frutos de uma mesma espécie de árvore que floresce de formas diferentes e em solos diferentes, portanto somos de inúmeros sabores, que podem agradar ou desagradar paladares peculiares, e isso significa que não existem frutos bons ou maus, existem frutos diferentes. E ponto.

Como poeta devo também dividir a categoria entre agradáveis e desagradáveis, sendo que a primeira congrega uma maioria absoluta, já que poetas são aduladores por natureza, procurando com sua arte soar forte e bonito aos leitores e ouvintes, e sempre usando palavras esteticamente belas e falando sempre no plural, e agradando-lhes descaradamente. Já na segunda categoria, ao qual me enquadro sem maiores problemas, não deseja agradar, mas sim provocar emoções fortes, mas nem sempre bonitas. Esses normalmente falam muito de si, da sua própria dor, fazendo assim com que o ouvinte ou leitor o enxergue como um reflexo de espelho, e assim possa se identificar, sem se sentir bajulado ou ofendido.

Pensemos que políticos, artistas populares, personalidades midiáticas e de uma forma geral pessoas enamoradas sempre procuram ser agradáveis, afinal, necessitam ser reconhecidos como boas pessoas. Precisam da admiração alheia para atingir seus objetivos, e o único caminho para tanto é ser um agradável. Essas pessoas são claramente edificáveis por sua linguagem corporal, mantendo gestos abertos, sorrisos plenos, olhares afetuosos, chamando as pessoas por seus nomes, que repetem frequentemente em qualquer ponto da conversa. 

Ao contrário do senso popular, existe uma diferença enorme entre egoísmo e individualismo. Segundo Flávio Gikovate, "Podemos definir o individualismo como a capacidade de exercer a própria individualidade", enquanto "O egoísta é aquele que precisa receber mais do que é capaz de dar. É um fraco e não um esperto. Ou melhor, é esperto porque é fraco e precisa usar a inteligência para ludibriar outras pessoas e delas obter o que necessita e não é capaz de gerar. O egoísta tem que ser simpático e extrovertido. Não é assim porque gosta das pessoas e de estar com elas. É assim porque precisa delas e tem que seduzi-las com o intuito de extrair delas aquilo que necessita.". Portanto, baseado nessa análise, concluo que na prática, uma pessoa agradável é, em suma, um egoísta, e o desagradável pressupõe exatamente a figura do individualista, já que, por sua natureza autônoma, não extrai dos outros sua força, não usa outros para obter ganho. 

A maioria das pessoas tende a preferir o Homem agradável em detrimento do desagradável, basicamente em função de algo que aprendemos desde a gestação: a famigerada generosidade, que tem origem na falsidade dos princípios religiosos, e que é define um ser que "precisa se sentir amado e benquisto e que, para atingir esse objetivo faz qualquer tipo de concessão"m, sendo portanto um egoísta. A generosidade, e seus sinônimos, é outra das características do ser considerado agradável, enquanto que cabe ao desagradável outro termo também mal interpretado como análogo, mas que é de fato bem distinto, que é o altruísmo. Ainda usando como referência o Dr. Flavio Gikovate, que assim define o altruísmo: "a ajuda anônima a terceiros desconhecidos ou pouco conhecidos, de modo que não implica no reforço do egoísmo".  Em resumo: o agradável é por síntese um egoísta dotado de generosidade, enquanto um desagradável é um individualista, que faz com o restante da sociedade uma troca, e que pode - ou não - ser um altruísta. Em resumo: o agradável generoso trata toda a sociedade como meio, enquanto acredita ser ele próprio o único fim, enquanto o desagradável altruísta (ou não) a trata como fim, sendo ele próprio apenas o meio.

Vivemos em um mundo desagradável, numa sociedade desagradável, e com pessoas desagradáveis que fingem de toda a forma serem agradáveis em sua maioria. E é isso que nos transforma em escravos, mais que uns dos outros, de nossas própria agradabilidade. Afinal, o Homem agradável nada mais é que um parasita, que se aloja nas estranhas da árvore social feito um cupim, corroendo-a, enquanto demonstra uma casca polida. Adaptando uma frase da filosofa americana Ayn Rand eu diria que: A preocupação do desagradável é a conquista da natureza, enquanto a do agradável é a conquista dos homens.

E por fim, saindo do campo individual, penso que precisaríamos ter para com a Terra, uma atitude desagradável, por mais paradoxal que isso possa parecer. Que não a tratemos com generosidade, mas com altruísmo, que não a tratemos com egoísmo, mas com individualismo; que não a tratemos como meio, mas como fim. E estou certo que assim entendamos o que de fato é agradável.


Referências:
"A preocupação do criador é a conquista da natureza. A preocupação do parasita é a conquista dos homens." - Ayn Rand - A Nascente

http://flaviogikovate.com.br/individualismo-nao-e-egoismo-2/
http://www.xn--sinnimo-v0a.com/agrad%C3%A1vel.html

05/02/2019

31/10/2012

Frases Soltas, Pensamentos e (In)Consequencias V: Esperança

Frases Soltas, Pensamentos e (In)Consequencias V: ESPERANÇA
Luiz Carlos Barata Cichetto

Esperança é um termo cristão que diz: conforme-se com sua mediocridade e com suas desgraças. E indica: acredite que tudo irá melhorar, trabalhe feito um burro e espere o salário no final do mês, depois morra com seu câncer esperando uma cura que nunca chegará, imaginando que depois de morto terás a recompensa de sua existência.

(Vídeo: A Esperança - Poema de Augusto dos Anjos, Musica Norman Bates, Belém, PA) Montagem do Vídeo: Barata

15/10/2012

Frases Soltas, Pensamentos e (In)Consequencias: Reconhecimento

Frases Soltas, Pensamentos e (In)Consequencias IV: Reconhecimento
Luiz Carlos Barata Cichetto
RECONHECIMENTO: Ter um trabalho reconhecido por sua qualidade consiste basicamente em duas coisas:  1 - Fazer o que a gente gosta e gostar daquilo que a gente faz - Isso se chama honestidade. 2 - Não deixar a vaidade acima da verdade e da arte - E isso também se chama honestidade.

08/10/2012

Frases Soltas, Pensamentos e (In)Consequencias III


POESIA: Quando encontrou a música a Poesia foi prostituída. Perdeu a inocência, a essência e a autenticidade. E principalmente perdeu a liberdade, ficando presa dentro de notas, acordes, cifras. Letra de musica não é poesia, mesmo que tenha a sua forma estética. Letra de música é tão Poesia quanto um gato se parece com um elefante: quatro patas, mamífero, etc. Mas ai acabam as semelhanças. De fato, a letra de música se parece tanto com a poesia quanto um travesti com uma mulher. É isso!

Frases Soltas, Pensamentos e (In)Consequencias II


Innocence Drawing
Innocence Fine Art Print - Lemington Muzhingi 
INOCÊNCIA: Inocência: eu não a perdi, ela quem me achou. Inocência era o nome da de uma quase-parente, devassa e ordinária que gostava de pegar no meu pau quando este era ainda um menino. Ela brincava com ele e depois lambia que nem sorvete. Era Inocência o nome dela e eu ficava vermelho de vergonha. Até que perdi a vermelhidão e a vergonha e enfiei eu pau-menino naquela bundinha branca. Nem porra eu tinha ainda. Mas ela era Inocência. E eu, nem inocente nem culpado. Depois disso, perdi Inocência e ela se perdeu na vida. Ela foi se perder e eu fui me achar.  Onda anda Inocência???

06/10/2012

Frases Soltas, Pensamentos e (In)Consequencias I


Jacques-Louis David - The Death of Marat - 1793.
SUICÍDIO: Falhei em todas as minhas tentativas de suicídio desde os 15 anos de idade. Depois repetidas aos 24, aos 33 e aos 42. Aos 51 não tentei porque percebi que isso estava virando uma rotina a cada 9 anos da minha vida. Quem sabe aos 60 eu tente de novo. O importante é que sempre continuo tentando... Um dia consigo! 

29/05/2012

Silêncio

Sófocles disse que há algo de ameaçador num silêncio prolongado. Acho que qualquer silêncio é muito ameaçador, pois é nele que há a verdade.