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12/10/2015

Manifesto Anartista

Manifesto Anartista
Luiz Carlos Barata Cichetto
Foto: Marli Abduch

Não, não sou famoso. Não tenho peças encenadas no Inferno. Nem no Paraíso. E não tenho carro, nem dinheiro. Não frequento cemitérios. Não passo a madrugada bebendo em botecos do centro da cidade. Não frequento a periferia descolada. Não tenho retina deslocada. Não durmo bêbado todo dia, nem jogo bilhar no bar com um garçom engraçado e duas putas desgraçadas. Não dirijo. Nem carro nem cinema. Não tenho direção Sou apenas um escritor, medíocre e amargurado pela falta de oportunidades. Meu underground é minha oficina, onde apenas minhas gatas me fazem companhia. Fumo nicotina e não suporto cheiro de maconha. Pago impostos, mas não peço nota fiscal. Ando de ônibus e a pé. Adoro sandálias de couro e uso calças rasgadas por falta de outras. Não frequento festas, não olho por frestas. Nunca tomei tiros. Nem dei. De nenhuma espécie. Não sou convidado de gala em lugar nenhum. Apenas escrevo, escrevo, escrevo. Feito cagar e mijar. Sem frescura. Adoro transar. Por prazer. Não por vício ou vaidade. Por necessidade. E vontade. Adoro chupar uma buceta, comer um cu. Chupar e ser chupado. Mas não conto a ninguém. Conto apenas agora. Em segredo. Acordo com medo. Durmo cedo. Sou artista. Anartista. Sou honesto. Mas detesto. Não presto. Busco a razão da minha emoção. Odeio esportes. Nunca ganhei nada. Tenho um metro e oitenta e sete. Sessenta e nove quilos. E quase cem quilos de poemas encadernados com espiral de plástico. Não sou convidado a vernissages.  Ou sou. Não vou. Ninguém sente falta. Também não sinto. Nada. Foda-se o underground glamourizado da Rua Augusta, Frei Caneca e Praça Roosevelt. Foda-se o underground da pastelaria. Do pastel de bacalhau do Mercado Municipal. A vodka batizada do Bar do Bin Laden. Foda-se. Não vou ao teatro. Não tenho tempo. Nem dinheiro. Nem desejo. Meu teatro assisto da minha janela. Putinhas de minissaia. Senhoras mal comidas falando mal dos maridos a amigas que são comidas por eles. Gostosinhas de shortinho enfiado no rabo. Bichas velhas de unhas do pé pintadas de vermelho. E vestido de alcinha. Esse é meu teatro. Escrevo a madrugada inteira. Durmo de manhã. É cedo ainda. Morrer é frio. Esse é meu Manifesto Anartista. E em nome de todos aqueles que falam por mim é que falo.

10/10/2015

Publicado Originalmente no Facebook, em 10/10/2015
https://www.facebook.com/notes/luiz-carlos-barata-cichetto/manifesto-anartista/1268991423117825