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10/05/2019

Sexo, Baratas & Rock 'N' Roll (7 Dias do Diário de Um'A Barata)

Sexo, Baratas & Rock 'N' Roll
(7 Dias do Diário de Um'A Barata)
Luiz Carlos “Barata” Cichetto

Dia 1
Putinhas, Conhaque & Rock'n'Roll
(Lou Reed)

Sou uma dor... Uma dor de dentes! Ou seria melhor, uma dor de parto? Parto, mas parto sem dor! A pergunta não é partir para onde, a pergunta do dia é: partir de onde? Sou um estrangeiro em minha terra, um alienígena em meu planeta, um cego em terra de caolhos... Mas quem sou eu afinal? Uma barata? Como será a vida sexual das baratas? Quem estou e onde sou? Uma barata extraterreste em um mundo de caolhos e hermafroditas loucos. O Rock morreu, há muito tempo. Morreu junto com Janis e Brian Jones e Hendrix. Quando Lennon foi assassinado, o Rock já tinha morrido. O Rock é igual a mim: morto insepulto. Também se debate para não cair na cova rasa. O Rock morreu e ninguém tocou a marcha fúnebre... Em ritmo de Rock... Tocaram um tango argentino! Com quantos paus se faz um canoa? Sei lá, Rosinha Minha Canoa! E em São Paulo não tem mais garoa, tem apenas chuva ácida e frio no Natal. A Coca Cola deve estar gostando disso, o Papai Noel que eles inventaram, gordo, bem nutrido, com aquelas pesadas roupas e seu trenó de neve, passeia nos finais de tarde pelas esquinas sombrias do centro travestido enquanto o anão tosco lhe traz uma bagana e ele fuma sozinho sem alimentar as renas. Há quanto tempo eu não fumo uma bagana... Muito tempo, mesmo! Ai que dor de dentes! Uma farinha ia bem agora, ainda mais se for de trigo, em um bolo de chocolate! Adoro bolo de chocolate. As baratas adoram doces. "Eu não preciso de doce/Você não vive sem doce", cantou Cornélius Lúcifer. "Pare de gritar mamãe/Pare de gritar mamãe!" Tem horas que escrever é um porre, a cabeça dói e as pontas dos dedos latejam. Escrever é que nem sexo... Tem uma putinha bonitinha que pisca pra mim depois me leva pra chupar meu pau na beira do córrego, enquanto que um bando de famílias decentes cansada da Globo espia pela janela por trás das cortinas. A putinha chupa meu cacete depois pega o dinheiro e corre a comprar comida para seus gatos! Sou amante dos animais, então acabei de cometer uma causa nobre: ajudei uma putinha que chupou meu pau até o fim a comprar comida pros gatinhos dela. Será que se ela me der o cu, sobra dinheiro para alimentar uma creche inteira de gatos? Pobres putinhas famintas de porra, pobres gatinhos famintos de comida. Ou seria ao contrário! Sempre gostei de putinhas caridosas! Principalmente as putinhas caridosas que chupam bem! Amanhã estarei lá para alimentar sua sede de porra e seus gatos indecentes! Malditos gatinhos que não sabem chupar meu pau! "Vicious, you heat me a flower" Lou Reed da Penha, eu mesmo, cantaria para aquela putinha de bucetinha raspada. Amanhã aquela putinha irá chupar minha pica e fumar um baseado... É, faz tempo que não fumo um baseado! Escutando Lou Reed!!!!! "Eu não sei exatamente para onde estou partindo / Mais eu vou tentar ir para o reino se eu puder /Porque isso me faz sentir como um homem / Quando eu ponho uma estaca em minha veia. Sonho com heroínas e heroína. Que mal há em desejar heroína? Porque quando um beijo estalado começa a escorrer / Então eu realmente não me importo mais!" Há quanto tempo, minha putinha chupadora! Há quanto tempo não usa Heroína? Eu nunca desejei a heroína, nunca quis ser um herói do Rock... Morto! Mas na beira do córrego que carrega a merda da sociedade que habita acima, aquela putinha chupa meu pau e eu nem ligo, Lou Reed canta a sujeira de New York e eu canto pelos cantos sujos da cidade de São Paulo... Mas ele é famoso e eu apenas um sujo, que tem apenas um par de calças e uma botina que nem salto tem mais... Salto no escuro, escuto a escuridão! O som da escuridão é apenas o som de putinhas cheirando cocaína e chupando picas nas beiras dos córregos. Ah, também tem gatinhos miúdos chorando de fome esperando que suas donas acabem de chupar umas rolas para lhes dar o que comer! Ontem completou anos que John foi assassinado e então recordei de algo: "Nobody loves you when you're down and out / Nobody sees you when you're on cloud nine". Mas a realidade é que John morreu rico e famoso, com um apartamento cheio de casacos de pele e uma bela conta bancária e agora minha barriga ronca. Um monte de baratas escuta-me lamentar e em uníssimo cantam: "Doo, Doo, Doo, Doo" igual as negras da música de Lou Reed... Baratas, baratas! Um coral de baratas desafinadas cantam uma música de Lou Reed, mas os ossos de Lennon estão em algum lugar, retorcidos de remorso. Mas onde anda aquela putinha que chupou meu pau na beira do córrego? Chupa meu pau, putinha, enquanto eu canto uma música do Lou Reed em sua orelha antes de arrancá-la a dentadas. "Eu sou o homem que assumiu tudo aquilo que os outros abandonaram.", disse GG Allin, o único rebelde real do Rock. Pois é, abandonaram a putinha-chupadora que cuida de gatinhos abandonados. O Rock verdadeiro foi abandonado e na estrada existem apenas aventureiros com suas guitarras de última geração. Enfiem essas guitarras no cu, filhos da puta! Você foderam o Rock e ele agora, estuprado pelos consumistas age igual aquela putinha: chupa pintos na beira dos córregos para dar de comer aos gatinhos! Meus ídolos estão mortos ou ainda nem nasceram. Prefiro as putinhas-chupadoras-de-pinto-na-beira-do-córrego aos falsos roqueiros. Queria agora pegar minha guitarra e compor uma música parecida com aquelas do Lou Reed, mas nem guitarra eu sei tocar. Então o que resta é ir para a beira do córrego e enfiar minha pica na boca daquela putinha e depois lhe dar 10 reais. Ela é muito mais sincera: sabe o que quer e todos sabem o que esperar dela. Ela é melhor que os músicos de Rock, que os policiais, que os advogados e as esposas. São sinceras. Querem apenas chupar um pinto e receber 10 reais. Ainda mais que enchem de interesse aquelas famílias de hipócritas que espiam seu trabalho por trás das cortinas dos apartamentos. A pergunta é: Lou Reed já foi chupado por alguma putinha em alguma ponte escura de New York? Yoko Ono chupava a pica de John Lennon no Central Park? Mark Chapman chupou a pica de Lennon antes de apertar o gatilho? Um disco de Lou Reed, de Lennon e de todos eles custa mais caro que 10 pratas que a putinha do córrego me cobra.

09/12/2003


Dia 2
Putas , Som & Rock'n'Roll
(Raul Seixas)

Quarta-Feira, dia de Sexo, Conhaque e Rock'n'Roll... Sério! Quarta-Feira tem som! Quarta-Feira tem conhaque, do Dreher, que Domecq é muito caro... Quarta-Feira tem sexo com a putinha chupadora de rola na beira do córrego! Estou certo de que ela espera que eu passe e dê 10 pratas por uma chupada. Depois de Lou Reed e John Lennon, depois de Led e Sabbath, nada melhor que ter o pinto chupado por aquela putinha-dos-gatos. Mas o som do dia é Raul Seixas e Zé Ramalho. Justo Raul que morreu de cachaça, pancreatite e solidão. Ah dói isso! "Eu morri, e nem sei mesmo qual foi o mês/Metrô Linha 743". Um, dois, três. Respire fundo! Ah, não dá! Meu pulmão está cheio de nicotina. Maldito cigarro! Preciso parar de fumar! "Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro? / Virá antes de eu encontrar a mulher que me foi destinada" Ah, bom, então me deixa apagar o cigarro e correr para a beira do córrego! "Eu vou sempre avante no nada infinito/Flamejando meu Rock, o meu grito/Minha espada é a guitarra na mão" É, eu sou mesmo ego, ego-ista! O nada infinito é o caminho, mas "Você me pergunta/Aonde eu quero chegar/Se há tantos caminhos na vida/E pouca esperança no ar" Bah, Mestre Raul, deixa quieto isso, que eu sei até onde essa estrada chega. Chega disso! Deixa estar, let it be, let it bleed! Yeah, yeah, yeah! She Love You! Mas eu sei que existe alguém em meu caminho! "Citação:leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi." Isso é de Torquato Neto... Mas eu digo: leve uma putinha e uma santinha na beira do córrego, a que chupar melhor sua rola é a santinha, mesmo que seja a putinha. Chega mais perto, putinha-dos-gatos, quero ver seus dentes! Deixa-me ver sua língua ferina! Ah, felina! Deixa ver seu útero! Mostra teu cérebro! Deixa-me arrebentar tua cabeça e comer teu crânio a vinagrete! Uma pergunta: você chupa o pau de seus gatinhos antes de dormir? Ah chupa vai, só um pouquinho! Minha cabeça está cheia de fumaça de cigarro e conhaque em doses maciças, macias de conhaque vagabundo. "Há uma grande diferença entre se ajoelhar e ficar de quatro." O genial Zappa disse isso. Portanto, minha filhinha chupadora da beira do córrego, chupa meu pau ajoelhada! Meu esperma em sua boca, meu amor no esgoto, no córrego imundo que carrega a sujeira da cidade em direção ao mar. E meu coração onde anda? Com certeza sendo carregado pela corrente de lama que os políticos jogam nos rios, junto com o fruto dos abortos de suas secretárias. Meu coração está morto, resta a mente, embotada de álcool e fumaça de cigarros. Um torrente de sangue tenta reanimar meu coração, mas a corrente da morte enrolada em meu pescoço impede minha digestão. Estou com uma baita enxaqueca agora e a única coisa que consigo pensar é "Toca Raul!" Mas eu estou velho demais para o Rock'n'Roll, mas jovem demais para morrer. "Não, você nunca é velho demais para o Rock'n'Roll se é jovem demais para morrer." Assim cantou Ian Anderson. Juro que eu tentei ser velho demais para o Rock'n'Roll e jovem demais para morrer, mas o que consegui foi apenas ser velho demais para morrer e jovem demais para o Rock'n'Roll! Danem-se! E o que ela, a Grande Chupadora pensa a respeito disso? Ela acha que eu sou o quê? Velho demais para o Rock'n'Roll? Jovem demais para morrer? Ela nem está ai para o Rock'n'Roll, nem para a morte, muito menos para mim. Ela é simples: quer apenas chupar um pau, pegar seus 10 contos e alimentar seus gatos. Ah, mas deixa quieto. Quero contar até 10 e depois estourar meus miolos, esparramar pedaços do meu cérebro pelas esquinas, que depois ela, a Grande Chupadora do Universo recolherá e dará para seus gatos comerem. Nesse dia ela nem irá precisar chupar pintos para comprar ração! Espero apenas que os gatos da Chupadora não tenham uma indigestão! Agora quero apenas deixar uma coisa, uma letra de música que acompanha minha solidão: "Quero desejar, antes do fim,/Pra mim e os meus amigos,/Muito amor e tudo mais;/Que fiquem sempre jovens/E tenham as mãos limpas/E aprendam o delírio com coisas reais./Não tome cuidado./Não tome cuidado comigo:/O canto foi aprovado/E Deus é seu amigo./Não tome cuidado./Não tome cuidado comigo,/Que eu não sou perigoso:/Viver é que é o grande perigo" Belchior, 76, "Antes do Fim" Mas antes do fim queria pedir: chupa meu pau na beira do córrego, minha putinha, Grande Chupadora do Universo!

10/12/2003


Dia 3
Boquete, Dinheiro & Rock'n'Roll
(GG Allin)

Ontem foi Quarta-Feira, mas a Grande Chupadora do Universo não apareceu... Será que ela estava chupando outro pinto na beira do córrego? Fiquei com ciúme, afinal! Ai lembrei que outro dia, enquanto ela chupava meu pau, fiquei olhando para dentro do córrego e vi passar alguns sacos de lixo e o cadáver de um cachorro. E fiquei pensando... Que porra ficar pensando em algo enquanto a Grande Chupadora do Universo chupa meu pau! Só eu mesmo! Enquanto eu enchia sua boca de esperma, o cadáver do cachorro batia em uma pilastra e se desmanchava. Ainda bem que não é o cadáver de um gato, pensei, senão a Grande Chupadora do Universo ia parar de chupar meu pau e correr até lá. Mas de qualquer forma ela nem percebeu, apenas preocupada em chupar meu pau e receber seus 10 paus. Ela guardou a grana dentro da blusa e eu guardei meu pau dentro das calças e ai fiquei pensando: onde mora a Grande Chupadora do Universo? Ao certo em algum cortiço! Pensei um monte de coisas, como por exemplo, se ela chupa o pau dos seus gatos antes de dormir, se apanha de algum cafetão filho da puta porque trouxe pouca grana - ai essa história dos gatos é mentira? - Fiquei ali, fumando um cigarro e pensando enquanto ela caminhava na minha frente. Ai pensei e falei sem pensar: você é uma putinha, mesmo! E ela: sou mesmo! E levantou a saia deixando uma bundinha bem gostosa a mostra, coberta por uma micro tanguinha vermelha. Você é a Grande Chupadora do Universo, disse. E ela: Sou mesmo! Chupo mesmo! Me dá mais dez paus e eu deixo você chupar minha buceta! Não dou merda nenhuma, eu respondi. Gastei o que tinha em conhaque barato e os últimos 10 paus eu lhe dei. "I Wanna Piss On You", cantou GG Allin. E eu disse para a Grande Chupadora do Universo: Quero Te Mijar. E ela disse: são vintão! E fiquei ali pensando enquanto os saltos gastos da minha botina batiam no asfalto: Que grande vaca essa ai. Por cem acho que ela casa comigo! Só se for muito burra, minha consciência berrou lá do fundo do córrego onde jazia o cadáver em decomposição do cachorro. Ai eu caminhei mais um pouco e enfiei a mão na bunda dela. A Grande Chupadora do Universo pulou pra frente e disse: isso não. Estou testando a mercadoria... Epa, peraí, isso ai aconteceu enquanto a gente ia para a beira do córrego. Ah, putinha, vem aqui! Queria comer sua bucetinha! É trintão ali no hotel, disse ela... E eu nem sei porque lembrei de uma frase de Allin enquanto cantarolava o refrão de "I Wanna Piss On You": "Se você acredita no verdadeiro rock'n'roll underground, então é hora de fazer alguma coisa. A hora é agora de derrubar a situação e declarar guerra às gravadoras, estações de rádio, publicações, bares e qualquer um que promova a chamada" cena "que existe atualmente. Precisamos destruir tudo e tomar de volta o que está nas mãos de empresários idiotas e conformistas. Mas a ação deve começar agora e sangue poderá ser derramado". É, continuei a pensar sem tirar os olhos da bundinha da Grande Chupadora do Universo: precisamos dar início á uma grande revolução: quebrar todos os discos, convocar todas as putas do universo e declarar guerra ao sistema que é capaz de jogar um cão morto em um córrego em cuja beirada a Grande Chupadora do Universo faz um boquete para alimentar seus gatos. As putas serão os soldados dessa nova revolução - re-evolução - elas chuparão o pau dos inimigos até que eles morram esgotados. Uma revolução limpa. A Grande Chupadora do Universo será minha Primeira-Comandante Em Chefe. Ela será a chefe geral dessa verdadeira revolução. O hino será a música de GG Allin e tomaremos o poder sem derramar uma gota de sangue, apenas muita porra engolida pelas putas comandadas pela Grande Chupadora do Universo. "Bêbados não marcham!", disse o grande Frank e completou com algo que pode ser o mote de minha revolução: "Se você quer trepar, vá à faculdade. Mas se você quer aprender alguma coisa, vá à biblioteca". Depois de ganha a revolução, as putas irão criar os ministérios, convocar as massas e em comemoração a vitória, chuparão o pau de todos os homens do povo! Desde os operários até os professores. Mas ai chuparão com prazer. A Grande Chupadora do Universo será eleita a grande Rainha e todas as putas a reverenciarão. À beira daquele córrego será erguida uma estátua, com a Grande Chupadora do Universo chupando meu pau a aos nossos pés, um cachorro morto. Revolução, sim revolução, minha Grande Chupadora do Universo! Fizeste sem saber a revolução! Mas: "Minhas palavras, um sussurro, sua surdez, um grito. Eu posso fazê-lo sentir, mas não consigo fazê-lo pensar. Seu esperma na sarjeta, seu amor no esgoto. Assim vocês cavalgam pelos campos e vocês fazem todos seus negócios bestiais e seus sábios não sabem como é se sentir burro como um tijolo ". Perguntei para a Grande Chupadora do Universo se ela conhecia Jethro Tull. E ela me respondeu: "The poet and the wise man stand behind the gun And signal for the crack of dawn, light the sun Do you believe in the day ?" E eu disse: acredito no dia, mas agora é noite, e você tem que ir embora dar comida aos seus gatos. Seus gatos já lamberam sua bucetinha? E ela: "Deixe-me contar-lhe as histórias de sua vida, do corte da faca e da facada, da incansável opressão, da sabedoria incutida, do desejo de matar ou de ser morto. Deixe-me cantar sobre os derrotados que ficam nas ruas enquanto o último ônibus vai embora. As calçadas estão vazias: as sarjetas correm vermelhas enquanto o bobo brinda o seu deus no céu". E eu: lamberam ou não lamberam? E ela, ainda: "E o amor que eu sinto está tão longe. Eu sou um sonho mau que tive hoje e você balança a cabeça e diz que isto é uma vergonha. Faça-me voltar aos anos e dias de minha juventude, puxe as cortinas pretas e grite ao mundo a verdade. Faça-me voltar aos longos séculos, deixe-os cantar a canção."Ela, a Grande Chupadora do Universo, ali em minha frente, erguendo a saia, balançando a bundinha e cantando, cantando, cantando:" Gentilmente anunciem o tempo de nosso ano e juntem suas vozes num coro infernal. Determinem precisamente o tipo de seu medo. Deixem-me ajudá-los a levantar seus mortos enquanto os pecados dos pais são alimentados com o sangue dos tolos E com os pensamentos dos sábios e com o pinico embaixo de sua cama." Canta, putinha, canta! Canta, Grande Chupadora do Universo, canta! Que loucura isso, pensei e depois falei! Mas ainda não respondeu: Lamberam ou não lamberam? E ela: Não! Mas eu chupo o pau deles toda noite antes de dormir! Aquilo era demais! E sai correndo até o próximo amanhecer!

11/12/2003


Dia 4
Putas, Emoções & Rock 'n' Roll
(Led Zeppelin)

"As baratas não rastejam, é apenas o jeito delas caminharem", uma frase proferida por alguém que não me quer bem... "Existe uma grande diferença entre ajoelhar e ficar de quatro." Esta é de Frank, o Grande Zappa. Então eu junto as duas coisas e chego a conclusão que as baratas não conseguem ajoelhar-se nem ficar de quatro, sequer rastejam... Apenas caminham e estão neste planeta muito antes que nós, pobres seres humanos. Ser uma barata ou não ser? "Aquela manhã Gregor Samsa acordou transformado em um inseto monstruoso." Kafka não usa a palavra "barata" em sua obra, mas quando fala em "inseto monstruoso" todos entendem que ele fala de barata. O que há de monstruoso em uma barata, querido Kafka? Imaginou uma barata acordar pela manhã transformado num monstruoso ser humano? Ela ia morrer do coração. (Barata têm coração? - Claro que tenho!, embora um pouco doente, fraco e que carrega pouca paixão, mas ainda tenho). Acordei ontem com uma puta dor de cabeça. Tinha brigado com o mundo, de mau humor porque a Grande Chupadora do Universo não aparecera para chupar meu pau na beira do córrego. Uma Aspirina e uma Coca-Cola foram o suficiente para abrandar, mas me deu uma caganeira desgraçada. Depois sai andando pelas ruas e quase pisei em uma barata. Pobre dela, quase a esmaguei. Uma barata entrando por baixo da saia de uma mulher é muito sensual e elas nem percebem isso, aquelas patinhas roçando a pele das coxas, caminhando em meio aos pelos da bucetinha, passeando no rego, entrando na bunda, depois subindo e passeando ao redor dos bicos dos peitos. Uau! Existe um certo charme profano nas baratas. Algo que nem o mais maluco dos psiquiatras poderia explicar. Queria ser uma barata e poder entrar debaixo da saia da Grande Chupadora do Universo na beira do córrego. As baratas não precisam fazer nenhuma revolução para dominar o mundo. Elas são a própria revolução, pois sabem que herdarão este planeta que a espécie humana acha que é proprietária. Apenas caminham e esperam que sua herança natural lhes seja entregue. Talvez sobrem alguns humanos rastejantes que se esconderão pelos esgotos e pelas beiras dos córrego, não mais sendo chupados pela Grande Chupadora do Universo, mas rastejando em busca de comida. Possivelmente elas, as chupadoras, sobreviverão. Mas eu não. Aliás, eu não sobrevivo, sub-vivo! Uma chinelada e pronto, estou morto... Por isso escondo os chinelos da casa... Alguém pode ter uma péssima idéia. Todos sabem que a música da minha vida e da minha morte é "Dazed And Confused". Aquele clima denso e tenso, aquela estrutura melódica caótica, é algo que penetra em minha alma, perscruta minhas mais tênues emoções...("Estar atordoado e confuso por tanto tempo não é verdade. /Procurando uma mulher, nunca barganhada para você./Muitas pessoas falam e poucas delas sabem,/a alma da mulher foi criada em baixo.") Page fala de mulheres, de putas e de emoções... De emoções baratas? Ou seria de baratas emoções ou ainda de emoções de baratas? Sou uma dor, uma dor e nada mais! Mas hoje, bem hoje, a letra que está falando muito alto, definindo minhas emoções é The Last In Line. Escutem isso: "Nós somos um navio sem uma tempestade / O frio sem o calor / Luz na escuridão que precisa/ Somos uma risada sem uma lágrima / A esperança sem o medo." E a coisa continua: "Nós saberemos pela primeira vez / Se somos maus ou divinos / Somos os últimos da fila" Dio é um cara fantástico: "Bem, se parece real, é ilusão / Para cada momento de verdade, há confusão, na vida / Amor pode ser visto como uma resposta, mas ninguém sangra pelo que dança". É duro mesmo, a sensação de ser o último da fila. A fila anda, os primeiros chegam, mas o último é sempre o último, não importa o que aconteça. "Você pode se libertar/Mas o único caminho é para baixo" Dio canta isso! É bem assim, não existe liberdade! Não liberdade real! O caminho é a morte, "o caminho da dor é o amigo", cantou Raul. Mas onde andam meus amigos? A dor eu sei onde anda, diretamente em minha mente, mas os amigos? Onde andam, que caminhos percorrem? "Você me pergunta / Aonde eu quero chegar / Se há tantos caminhos na vida / E pouca esperança no ar". Existem caminhos que eu reconheço. Sei quantos passos separam a esquina onde fica a Grande Chupadora do Universo e a beira do córrego! Mas a Grande Chupadora do Universo conhece seu caminho? Imagina que é apenas chupar umas rolas, enfiar 10 paus dentro da blusa e comprar comida de gatos? Mas em que Lugar da fila está a Grande Chupadora do Universo? O último é meu! Ninguém tasca!

12/12/2003


Dia 5
Sangue, Paixão & Rock 'n' Roll
(Jim Morrison)

Deixa eu lhes contar sobre o sangue que não escorreu do meu peito porque o medo da dor impediu que a faca penetrasse mais que apenas umas tenras camadas de pele. Deixa eu lhes contar sobre a dor que eu senti, do ardor e do medo, do muito medo que o medo da dor provoca. Deixa eu lhes contar sobre a morte que eu não experimentei, sobre a vida que também não. Deixa eu lhes contar sobre a falta de desejo e sobre a falta de beijo que empurrou minha mão em direção ao sangue, sobre a falta de paixão e compaixão, de passo e compasso, pacto e compacto... Deixa eu lhes contar sobre a jornada que não aconteceu porque a passagem era cara demais, porque o condutor do trem tem cara de fantasma e aquilo nem é um trem fantasma. Ah, como eu queria estar bem, forte... Mas estou mau, muito mal... Os olhos ardem por causa das noites sem dormir, do conhaque, dos cigarros e da falta de paixão... Ah minha paixão, onde estás? Queria mesmo falar cobre paixão e cantar sobre a beleza da vida, odes supremas a uma musa que não é a Grande Chupadora do Universo. Deixa eu lhes contar sobre as mulheres que não transei, sobre as bundas que não apertei. Apertei... Apertei o gatilho da faca... Mas quando o sangue jorrou eu morri... De medo de morrer... E não morri! Deixa eu lhes contar sobre o medo que eu tenho de viver, não sobre o medo de morrer! Deixa eu falar sobre o que eu desconheço, sobre tudo o que temo, o sobretudo que não tenho, sobre tudo o que não tenho e temo, temo e tenho! Tenham dó de mim! Não, não tenham dó de mim, pois e não sou digno de dó, nem de compaixão... Deixa eu falar sobre as putas que paguei, o dinheiro que não ganhei, as causas perdidas, as dores ardidas, as almas partidas que partem em pedaços. Deixa eu falar sobre mim, deixa! (?) Então: na outra linha, parágrafo, dois dedos da margem: eu nasci quase sem nascer, de um parto dolorido não desejado, o Brasil era campeão de futebol e minha mãe queria comemorar. Mas eu e minha hepatite a impedimos. Ela olhou pela janela da maternidade e amaldiçoou aquele momento e eu nem sequer sabia que Lennon cantaria poucos anos depois: "Mother, you have me, mas I never have you". John morreu e eu também. Um tiro na cabeça, outro no coração. "Ninguém ama você quando você esta arruinado / Ninguém olha para você, quando você esta em situação difícil / Todo mundo é empurrado para a responsabilidade e o dinheiro". Mas, John, seus casacos de pele e sua grana guardada dentro do Edifício Dakota, perto do Central Park? Ai eu corri e chorei porque era real sua definição. Minha mãe nunca chorou minha morte, nem sentiu saudades. Minha hepatite a impediu de dançar pelas ruas, comemorando o futebol e naquele momento eu comecei a pensar que "Sábios não conhecem o que é ser burro feito um tijolo". E Ian Anderson cria carpas e eu crio baratas! Ia esquecendo: a grande chupadora do universo cria gatos. Outro dia, dia 8 de dezembro, data de casamento de minha mãe e exato um ano em que fui agredido por ser roqueiro, encontrei com Jim Morrison num bar na Penha, ele estava bem magro e com os cabelos brancos. Disse que era o Rei Lagarto e eu lhe disse: "Oh, eu sou o Rei Barata"... E ajudei-o a erguer-se com a testa ferida, da beira da sarjeta. Mas Jim falou: "Eu Sou o Rei Lagarto. Posso fazer tudo" . Até espatifar-se contra uma guia em frente a um bar fedorento da Penha. Mas Jim, ainda muito lúcido apesar dos seus 60 anos completado naquele dia, ainda disse: "Tudo o que é desordem; revolta e caos me interessam; e particularmente as atividades que parecem não ter nenhum sentido. Talvez seja o caminho para a liberdade. A rebelião externa é o único modo de realizar a liberdade exterior." E emendou: "Cancele minha inscrição para a ressurreição, envie minhas credenciais para a casa de detenção, tenho muitos amigos lá". E quando perguntei sobre ele, respondeu: "Alguns nascem para o suave deleite, outros para os confins da noite" . Mas, Jim...!!! Onde anda minha alma, onde andam meus sonhos, onde andam minhas pernas e o meu pau? Onde anda a Grande Chupadora do Universo? "Nunca mais olharei em seus olhos de novo / Você consegue imaginar o futuro / Tão sem limites e livre / Precisando muito da ajuda de alguém estranho." A realidade é que estou desesperado e meu desespero causa pensamentos estranhos, Queria deixar de rimar caixão com paixão, sorte com morte... queria deixar de rimar rimas com estimas, ego com prego... queria deixar de ser o que sou e ser o que não sou. Agora, deixo apenas um poema de meu xará Maciel, publicado em" A Morte Organizada ":

"Não encontro as palavras. / A surpresa das coisas me confunde. / Não sei mais o que eu sabia
Estou perdido. / Extraviei-me na metade do caminho e a carne é fraca e trêmula.
Quem me combate? As palavras fogem como pássaros assustados.
A tarde cai e a noite acorda suas sombras, seus gestos de consolo.
Quem luta comigo e ameaça numa esquina desconhecida dos subúrbios?
De onde vem essa queda súbita? / A carne é fraca e trêmula.
Procuro as palavras como alguém procura um segredo que não existe.
Eu não queria ferir tua alma delicada de mulher.
Não queria  feria tua calma. / A surpresa do mundo me confunde e não sei mais o que eu sabia.
Observo minhas roupas: estão sujas e gastas, estão cansadas e não acredito mais que possam brilhar à luz do dia.
A noite me consome e me consola. / De onde vem esse punhal escuro?
Não, eu não queria  ferir tua alma.
Mas a dor se insinua entre as frestas das portas esparrama-se pela sala, visita o quarto, o banheiro, a cozinha, abre a geladeira, fechas as cortinas e eu não sei mais o que sabia.
De onde vem esse muro súbito? / Quem desconfia do calor de suas pedras frias?
Os olhos vagam. / Os ouvidos secam. / A boca treme por um momento e se cala.
Quem me guerreia? / Quem derrama meu sangue na areia fria?
Não encontro as palavras, elas fogem como pássaros assustados e se escondem nos cantos mais sombrios do dia.
Não, eu não queira ferira tua alma delicada de mulher. Não sei mais o que eu sabia.
Quem conspira a minha queda súbita? Quem me enfraquece?
As palavras fogem. Observo minhas roupas: como estão sombrias.
Estou perdido na metade do caminho e ainda caminho e não há vento e é pesada a calmaria e não sei mais o que eu sabia.
Eu não queria ferir com essa tristeza a tua alegria.
Eu não queria. Quem me tira as forças, quem mexe os fios dessa agonia? Quem tenta me matar?
A surpresa das coisas me confunde.
Não sei mais o que eu sabia.
E não queria ferir tua alma delicada de mulher.

14/12/2003


Dia 6
Mães, Padres & Rock'n'Roll
(Ozzy)

Estou chegando ao fim! Fim do quê? Não sei.Se soubesse não seria o fim! Quero morrer igual ao pai de minha mãe, transando! Mas não com a mãe de minha mãe, é claro! Quero transar e morrer, morrer e transar! Quero o que é bom! "Compra bombom, moço!" Uma menina de oito anos oferece e eu nem quero saber de bombom. A menina com cara de choro implora e eu compro seus malditos bombons. Ah, já sei: vou dar de presente á Grande Chupadora do Universo. Gatos comem bombom? Senão eu enfio um bombom no cu dela enquanto ela chupa meu bombom de carne na beira do córrego. "A sanidade agora está além de mim, não há alternativa". Ozzy escreveu em seu diário, enquanto no meu eu escrevo algo mais ou menos assim: "A vida está além de mim, não há alternativa!". Ozzy tem o Diário de um Louco e eu tenho meu Diário de um Morto! Não "Diary Of a Madman", mas "Diary of a Deadman", algo assim. Muito bem! O padre e minha mãe contaram histórias mentirosas sobre Mim e sobre Ele! Fui enganado e agora é tarde demais. Não quero o Céu embaixo de meus pés nem o Inferno sobre a minha cabeça. Nem mantos nem chifres. Nem o Padre nem minha Mãe! Escorracem, sim! Estou farto de suas bondades! Estou farto de suas penas. De galinhas e de anjos alados ou caídos. Estou farto e quero voltar para casa! Onde estou agora, querida criança? Quero voltar para uma casa que eu nunca tive então não é possível, pois ninguém volta para onde nunca esteve. Mas eu queria os claros dias de sol e brincadeiras inocentes... "Ah, bom, queria ser criança, novamente!", disse meu filho. Não, está errado, queria ser velho, porque ai estaria mais perto da morte. Sem futuro a preocupar, sem mães e sem padres! Apenas ser velho e brincar... De ser criança! Queria sem velho e chegar ao fim chegando ao fim, igual ao pai de minha mãe, que era um artista! Queria ser artista forte igual a ele! Mas a mãe de minha mãe também morreu. De solidão... O anjo da morte com suas penas sujas de sangue a carregou e depois em meu sonho ela disse que tinha cometido suicídio. Suas mãos era quase pretas de nicotina igual ás minhas e ela ainda sabia que aquilo era a morte, do mesmo jeito que eu sei. Mas deixa eu acender um cigarro que depois eu continuo. (...) Ah, então continuando: será que a Grande Chupadora do Universo vai ficar velha? Ou vai morrer chupando pinto na beira do córrego? Então devolve meus 10 paus, sua piranha! Os 10 paus que você chupou! E ai, quem vai sustentar seus gatos? Não olhe pra mim! Eu não! Sou um monstro sem sensibilidade, feito de merda e terra. Merda sagrada e terra amaldiçoada. Rimbaud tinha "Sangue Ruim" e eu? Sangue Podre! Sou perigoso porque sou triste ou sou triste porque sou perigoso? Disseram que estou doente, da mente e da alma, que corro perigo! Que preciso de minha Mãe e do Padre. Aliás, o Padre disse que eu corro perigo e minha Mãe que eu sou o perigo! É, realmente, o fato é que estou a perigo e então vou até a beira do córrego encontrar a Grande Chupadora do Universo! Quem sabe uns tapas na cara dela faça com ela se apaixone por mim! Ou na bunda, melhor ainda! Padres e mães não sabem o que é sentir-se "Burro feito um tijolo". Chega ai, Padre, preciso entrar no confessionário e confessar meus pecados. Ganho uma carteirinha para o seu Céu? Minha mãe disse que sim! Minha Mãe é uma mentirosa hipócrita! A Grande Chupadora do Universo um dia será Mãe? "Ser mãe é desdobrar fibra por fibra o coração dos filhos", digam isso a ela. E nem chora não! Conta uma história, um conto da carochinha, sobre a Mãe Coruja, mente bastante, cria ilusão, depois abandona a cria! A Grande Chupadora do Universo tem peitinhos pequeninos e um par de bicos pretos. Deixa eu mamar neles? Deixa??? Implorei outro dia! E ela: "São trintão!" Ai eu mandei ela se foder! E ela falou: "Ai são cinquentão!" Grande filha da puta, vai tomar no seu cu!" Eu disse. E ela:" Aí são cenzão!" Quase mijei de rir e repeti: "I Wanna Piss On You" e ela ajoelhou e chupou meu pau até eu mijar na boca dela. Maldita puta filha da puta!

15/12/2003


Dia 7 (Último)
Cachorros, Merda & Rock'n'Roll.
(Tublues)

Torquato Neto enfiou a cabeça dentro do forno e abriu o gás. Deixou um testamento poético: "Difícil é não correr com os versos debaixo do braço. Difícil é não cortar o cabelo quando a barra pesa. Difícil, pra quem não é poeta, é não trair a sua poesia, que, pensando bem, não é nada, se você está sempre pronto a temer tudo; menos o ridículo de declamar versinhos sorridentes mestre de cerimônias." Será que se eu enfiar a cabeça dentro do micro-ondas e apertar o "power" meu cérebro fritará até parecer Batata Prengles, ou coisa parecida? Deixo também meu testamento poético: "Fodam-se!" Poético isso, não? Nunca quis ser poeta mesmo... Do mesmo jeito que aconteceu de eu ser narigudo e um tanto estúpido, aconteceu de eu cometer algumas porcarias poéticas. Mas cumpri o que Torquato pediu: nunca trai a poesia, nunca trai o Rock'n'Roll, nunca trai ninguém. Fui traído, sim... Muito! Parece maldição isso! Torquato abriu o gás e eu vou ligar a tomada. Mas agora quero mesmo é escutar um som! O pessoal do Tublues realizou um sonho meu, tenho uma porcaria de uma poesia musicada. Sangue de Barata ficou legal pra caralho! Tem um monte de gente querendo sugar meu sangue e ninguém a não ser a Grande Chupadora do Universo, quer sugar meu pau! Aperta o "power" ai! Aperta meu pau ai! "Quando eu nasci/um anjo louco muito louco/veio ler a minha mão/não era um anjo barroco/era um anjo muito louco, torto/com asas de avião/eis que esse anjo me disse/apertando minha mão/com um sorriso entre dentes/vai bicho desafinar/o coro dos contentes/vai bicho desafinar/o coro dos contentes/let's play that". Tenho mais de quarenta anos e então não deixam que eu trabalhe, ai nem tenho jeito de pagar as contas que ficam penduradas, o aluguel fodendo e tal. Difícil é cometer poesia assim, mas o mais difícil é estar em perfeita solidão, a solidão perfeita que só sente quem está no meio de uma multidão insensível. Acaso eu morra, só irão perceber dias depois por causa do fedor de carne podre. Ninguém afinal nota minha presença e eu grito e ninguém escuta. Escuta aqui: vão todos se foder! Deixem-me (morrer) em paz, então! Danem-se, apenas não desliguem a luz que pra eu ter como ligar o micro-ondas. Ontem tentei recomeçar a ler um livro pela décima-sétima vez e não consigo passar da página 17 ("Todos seus psiquiatras de dois bits / estão dando a você um choque elétrico / eles dizem que deixaram você viver em casa com seus pais / no lugar de manicômios / Mas todo o tempo que você tenta ler um livro / você não consegue passar da página 17 / porque você esqueceu onde você está /então você nem mesmo pode ler" - Lou Reed, "Kill Your Sons" Sinceramente, tenho inveja de Lou Reed, a cara faz o que eu queria pra mim. Sempre imaginei que as porcarias das minhas poesias seriam letras de Rock. Imaginem: "Aquela era uma noite muito calma até um certo ponto / O porque dessa mudança, ao entardecer eu lhe conto / Então toda cachorrada começou a ladrar esganiçada / E as ladras pararam diante da fechadura enguiçada." Ou "Ácida Cida de madeixas cor de sangue nobre / Cida ácida, doces ameixas, o ouro e o cobre / Ácida Cida dos cantos, encantos, recantos / Cida, ácida droga, lágrimas e prantos" (Esta Eu imagino algo como "Vicious"; ou ainda: "Filho bastardo de uma consciência dúbia, alguém sem escrúpulos, doente. / Perambulo pelas esquinas, bêbado de cachaça sem uma maconha decente. / Seria realidade a minha infinita pré-disposição em ser eternamente pobre? / Em ser um inútil poeta de bar de esquina, jamais de um restaurante nobre?"??? Canto assim, porque assim é minha maneira de cantar. Nenhum acorde musical, nenhuma nota. Apenas letras toscas com rimas idem. Mas, o que importa agora. Kafka mandou queimas seus escritos pouco antes da morte, mas como tinha amigos, algo ainda sobreviveu. E eu? É uma pena! Queria apenas um pequeno lugar sob o Sol, mas deram apenas a escuridão. A trilha sonora da minha existência nem deveria ser um Rock, mas um Blues... Solta o disco:

"Não posso ser menor que o Sonho, Nem maior que o Pesadelo!
Não posso ser menor que a Liberdade, Nem maior que a Prisão!
Não posso ser menor que o Homem, Nem maior que o Cão!
Não posso ser menor que o Bem, Nem maior que o Mal!
Não posso ser menor que o Amor, Nem maior que o Ódio!
Não posso ser menor que a Vida, Nem maior que a Morte!

O Heavy cantando isso ficou bem legal. Imaginei que isso seria um Blues-Rock e Heavy fez disso um Rock'n'Roll. Ai ficou bem legal... Sonha, poeta desgraçado, sonha maldito sonhador, morre maldito guerreiro. Fodam-se! Nem quero mais saber! Que importa agora? Claro que para encerrar essa merda toda, só poderia recorrer a Jim Morrison. No mais fiquem com "Deus e o Diabo na Terra do Sol". Vocês merecem!

É o fim, bela amiga / É o fim, minha única amiga / O fim de nossos planos incríveis / O fim de tudo que está de pé
O fim
Sem segurança ou surpresa / O fim / Nunca mais olharei em seus olhos de novo / Você consegue imaginar o futuro / Tão sem limites e livre / Precisando muito da ajuda de alguém estranho / Em uma terra desesperada
Perdido em uma imensidão de dor Romana / E todas as crianças são insanas / Todas as crianças são insanas
Esperando a chuva de verão / Há perigo no subúrbio da cidade / Ande na auto estrada do rei
Cenas estranhas dentro da mina de ouro / Vá para o oeste na auto estrada, baby / Ande na cobra
Até o lago / O lago antigo, baby / A cobra é comprida / Sete milhas / Anda na cobra / Ele é velho / E sua pele é fria / O Oeste é o melhor / Venha aqui e nós faremos o resto / O ônibus azul está nos chamando / Motorista, para onde está nos levando? / O matador acordou antes de raiar o sol  / Ele colocou suas botas / Pegou um rosto da antiga galeria / E desceu o corredor / Entrou no quarto onde sua irmã morava / E depois visitou seu irmão / Depois ele continuou a caminhar pelo corredor / E chegou a uma porta / E olhou para dentro / Pai? 
Sim, filho? / Eu quero te matar / Mãe, eu quero...  / Vamos, filho nos dê uma chance / E me encontre atrás do ônibus azul / É o fim, bela amiga / É o fim, minha única amiga / O fim / Dói libertar você / Mas você nunca me seguirá / O fim de risos e mentiras leves / O fim de noites em que tentamos morrer / É o fim

1/1/2003

22/01/2016

O Cordel Em Ritmo de Rock de Jorge Bandeira


A primeira vez que tomei contato com um texto do escritor, professor e diretor de teatro Jorge Bandeira, foi procurando textos na Internet sobre o líder-fundador do Pink Floyd Syd Barrett.

Um primoroso texto, escrito em parágrafo único, com uma "viagem" psicodélica que versava sobre Karine, a namorada naturista do musico inglês, que cuja foto nua ao fundo era a capa do seu primeiro disco solo.

O primoroso texto, publicado num site sobre naturismo e dedicado "a um floydiano chamado Genecy", me chamou tanto a atenção que deixei marcado nos favoritos do meu navegador e vez ou outra voltava e o relia, percebendo a nuance das cores apresentada, e os detalhes desnudados, literalmente. Isso foi por volta de 2010.

Alguns meses depois, quando eu escrevia alguns textos polêmicos no site de Rock Whiplash, travei amizade com Genecy Souza, que logo percebi ser um sujeito de refinado gosto por musica e dono de um bom senso a toda prova. O nome, um pouco estranho me bateu quase que de imediato, como a quem o texto do Bandeira era dedicado.  Era o próprio.

Por intermédio dele, fui apresentado (da forma como alguém é apresentado a outro alguém em uma rede social) ao Jorge.  Nascia ali uma amizade, uma parceira enorme que incluiu a edição de dois livros por parte da Editor'A Barata Artesanal, e a participação como  colaborador em todos os seis números de uma revista independente que eu criei no final de 2013e que durou 2 anos.

A marca de Jorge, além de outros textos, era justamente esses textos, em literatura de cordel, contando a história de ídolos do Rock e da musica em geral. Os seis primeiros cordéis foram publicados na revista, os demais criados especialmente para este livro.

Literatura de cordel é tida como algo menor, ao menos por aqueles acostumados à "grande" literatura urbana, como algo ligado à algo puramente "brasileiro", sem estrangeirismos. Então, ao misturar o mundo do Rock com o mundo da literatura de Cordel, Jorge Bandeira cria uma salada cultural  sem similares, com o sabor acre da literatura predominante no nordeste e norte brasileiros, com o sabor, digamos amargo do Rock. O resultado? Apreciem.

Luiz Carlos Barata Cichetto, Escritor e Artesão de Livros, 2016.

21/09/2012

Encontrada Gravação Inédita do Led Zeppelin

Encontrada Gravação Inédita do Led Zeppelin
Barata Cichetto
(Em Colaboração com Agências Internacionais)
Rótulo do "Legítimo" Jimmy Walker - "LED Label"

Uma música inédita do Led Zeppelin foi encontrada recentemente no castelo Bron-Yr-Au, em New Hampshire, Escócia. Segundo a France Press, agencia noticiosa local, um funcionário da empresa de limpeza “Federal Brush Iscovation” chamado Peter Grant encontrou a gravação dentro de uma caixa de “whisky” falsificado nos porões do castelo.

Feita em uma fita cassete com um rótulo onde está escrito: "LZ - Yellow Cow Pregnant – Feb-29-1977", a gravação tem péssima qualidade de audição, onde pode ser escutada apenas parte da letra. A Scotland Yard aprendeu as caixas da bebida cujos rótulos ostentavam a imagem de um Lord inglês caminhando e tocando uma guitarra de dois braços com algo que aparenta ser uma bengala ou arco de violino, além da marca: “Jimmy Walker”.

Levada para Londres e analisada, a gravação foi considerada como autêntica pelo órgão governamental americano responsável por detectar fraudes, a “F.A.L.S.E. - Fuck Autoral Laws Society Enemy”: "É uma autêntica gravação de Robert Johnson", declarou o funcionário. E complementou "Há uma séria tendência a acreditarmos pode se tratar também de uma gravação original de Howlin' Wolf, ou ainda de Bert Jansch, embora as similaridades apontem mesmo para ser de “Public Domain”.

Baseados nas evidencias inscritas na etiqueta da fita e por ter sido este o local onde o Led Zeppelin gravou seu mais conhecido disco "Houses of The Holy", os repórteres do jornal da costa oeste da Inglaterra The Sun, que tiveram acesso à gravação, procuraram por Jimmy Page, guitarrista e operador de xerox da banda Led Zeppelin que, às lágrimas, confessou serem eles mesmos os autores da musica, inclusive contando detalhes de como a compuseram: "Robert, John-Paul e Bonhan estavam discutindo e ninguém se entendia. Eu estava num canto tentando tirar mais uma musica do Bert para gravar e aquela discussão me irritou e eu gritei 'The yellow cow shit saucepan, whoever comes first eats all her crap'. Os três pararam de imediato, me olharam e Bob gritou: 'É isso, man... Fabulous! Pega aquela musica aí do Bert e coloca essa letra. Vai ficar genial'. E assim fizemos mais uma composição inédita com a assinatura Page/Plant."

Mas, nem bem a notícia deu a volta ao mundo através da Internet, poucas horas depois a RIA, empresa chinesa de telecomunicações, presidida por Kim Dotcom abriu processo contra o LZ por plágio, pleiteando um milhão de libras francesas em nome de 555 compositores de blues americanos e do "The Union of Composers of Music Public Domain".

Procurado por jornalistas em seu castelo na Baviera Holandesa que pertenceu ao satanista brasileiro Aleister Crowley, aka Paulo Coelho, Page se confessou ressentido com tanta perseguição:”Isto é um ‘absurd’, os versos de 'Yellow Cow Pregnant' foram criados por mim. Falar que plagiei isso (N.do.T.: ‘I stole this’ no original) de alguém é totalmente ‘ridiculous, injurious and mentirous’. E afinal, eu nem sei quem se trata esse tal de 'Public Domain'. A mim parece nome de rapper. Ademais, todas as musicas que compus para são absolutamente originais, como “Whole Lotta Love e outras. Nunca ouvi falar de Willie Dixon (N. do T.: "The only thing I heard that Willie Dixon, that was a boxer”, no original).

A polícia russa tentou gentilmente inquirir o musico, mas este, se fazendo passar por um velho japonês mestre de Kung Fu, disse não conhecer nenhum James Patrick. O caso deverá ir a julgamento na próxima semana no Senado, em Brasília. As pizzas já foram devidamente encomendadas.

De qualquer forma, representantes da Pacific Records adiantaram que a gravação será remasterizada e lançada num single ainda este ano. O website da empresa congestionou e acabou saindo do ar devido aos milhões de pedidos em pré-venda.

Procurados pelo redator do Whiplash, familiares de "Public Domain" não foram encontrados. Entretanto, ontem à noite a polícia precisou se chamada para conter fãs ensandecidos do Led Zeppelin que apedrejaram o prédio da redação aos gritos de “Viva o Led Zeppelin e morte às Baratas!”.

18/09/2012

19/09/2012

Copia Infiel – Ato 2 - Led Zeppelin - Moral e Ética – Parte 2


Copia Infiel – Ato 2 - Led Zeppelin - Moral e Ética – Parte 2
Luiz Carlos Barata Cichetto
Crédito da Imagem;  Wikimedia Commons
Led Zeppelin era uma banda de gigantes sim. E mesmo achando que Robert Plant com sua voz “falseteada” destoava do restante, ainda assim sempre a considerei como uma banda genial. Bonhan seguramente um dos maiores bateristas do mundo, possivelmente o maior deles; Jones um multinstrumentista de uma capacidade imensa, apesar dessa capacidade ter sido posteriormente contestada por seu ex-companheiro. E Page  um guitarrista que conseguia ser praticamente perfeito, beirando a genialidade. Led era quase perfeito em tudo, em criatividade, capacidade musical, coerência estética... E foi perfeito até mesmo no momento de acabar, fazendo-o no momento em lançaram um disco fraco, o mais fraco da carreira da banda e que dava a entender que estariam indo para o lado Pop da Força, e depois da  morte de um componente fundamental.  E essa coerência, esse respeito ao ícone, a imagem da banda e principalmente a seus seguidores foi que me fez manter o mais alto grau de respeito a eles. Enfim, Led Zeppelin foi um dos mais belos e diletos filhos que o Rock criara. 

Mas porque uma banda com tantos predicados, com tanto talento, com tanta coerência precisaria recorrer ao expediente de copiar musicas alheias? Porque uma banda formada por músicos de tanta capacidade em ter seu próprio ouro precisou recorrer ao ouro alheio? Esta foi a pergunta que me fiz nos últimos dez anos, quando comecei a ter informações sobre as musicas que eles teriam se apropriado. A resposta, talvez seja falha de caráter, talvez falta de capacidade (essa mesma que sempre julguei enorme), talvez um monte de outras coisas, mas o fato inegável é a semelhança entre as 20 e tantas musicas que indico neste texto. Todas elas compostas antes por outras pessoas e copiadas, em alguns casos integralmente. E antes dos meus detratores, já vou logo dizendo: Led Zeppelin é uma das maiores bandas do mundo? Sim, é sim! E não deixo de pensar assim. É! E poderia ser simplesmente a maior, a não ser pelos plágios. Aliás, muitas outras bandas e artistas poderiam ter sido os maiores e melhores se não fossem seus erros, o que não lhes retira o brilho, apenas os ofusca; que não lhes tira o lugar na história, mas simplesmente os coloca no lugar em que se encontram todos os seres humanos, nem acima nem abaixo. Os deuses só existem para quem neles se creem cegamente! 

Fechar os olhos a isso, com justificativas do tipo: "Ele é um gênio, ele pode!", "Ah, mas ele fez muitas coisas geniais", "É uma lenda, um mito, então tudo bem!" e coisas parecidas, justificando o injustificável, é muito mais que burrice, é irresponsabilidade. Serão estas mesmas pessoas que cobram um mundo melhor, que criticam a corrupção pelas redes sociais? Sim, porque justificar esses atos, de quem quer que seja, mesmo de "ídolos" é aceitar o "Rouba, mas faz", o "Estupra mas não mata!" e outras... Ou o querido e estimado leitor acha que seu ídolo do Rock está acima da moral e da ética? 

Cópias Infiéis – Parte 2

: -  Spirit
"Taurus" é uma musica instrumental, composta por Randy California, guitarrista, cantor e líder da banda americana "Spirit" lançada em seu disco de estréia auto-intitulado, em 1968. O disco foi gravado em Novembro de 1967. Em sua primeira turnê americana, em 1968/69 o Zeppelin abriu para o Spirit, deixando pouca dúvida de que o Led Zeppelin tinha ouvido a música antes de "compor "Stairway to Heaven”. No encarte da reedição do disco em 1996, California escreveu: "As pessoas sempre me perguntam por que "Stairway to Heaven" soa exatamente como 'Taurus', que foi lançada dois anos antes. (...). Eles abriram para nós em sua primeira turnê norte-americana."
* "Taurus" (Faixa 4 de "Spirit" - 1968)
> "Stairway To Heaven" (Faixa 4/Lado A de "Led Zeppelin" (4) - 1971) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page, Plant".
Há também algumas referencias que citam “Yellow Rose” da banda The Blues Magoos como "base" da musica, mas embora existam algumas semelhanças, não a consideraria. Aliás, esta banda tem um histórico de Cópia Infiel: Eles plagiaram a versão de Ricky Nelson para "Summertime" e gravaram "(We Ain´t Got) Nothing Yet", posteriormente plagiada descaradamente por Ritchie Blackmore em "Black Night".

Comentário: Uma das músicas mais conhecidas, tocadas, regravadas da história do Rock é simplesmente um plágio dos mais descarados. Ai, meus sais!
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: - Jake Holmes
Jake Holmes (1939, San Francisco, Califórnia) é cantor e compositor e começou sua carreira musical na década de 1960. Atualmente mais conhecido como o autor original da música "Dazed and Confused", ele também compôs "jingles" publicitários, até para o recrutamento do Exército Americano "Be All That You Can Be" no final de 1970 e para a industria de bebidas.

A história do plágio de "Dazed and Confused" é um tanto conhecida e conta que Holmes abriu um show do Yardbirds (banda de Jimmy Page antes do Led Zeppelin) em 1967, mesmo ano em que foi registrada por seu autor. Pouco tempo depois o Yardbirds passou a tocar a música, hora com o titulo de “Dazed and Confused”, hora como “I'm Confused" com a letra ligeiramente modificada. Estranhamente apenas em 2010, 40 anos depois da musica ter sido "copiada", Holmes decidiu abrir um processo por plágio contra o Led Zeppelin, reinvidicando um total de quase um milhão de dólares. Claro que em entrevistas, Page, como sempre, tem negado sequer conhecer Holmes.  “Não sei nada sobre isso. Eu nunca havia escutado Jake Holmes, então eu não sei de nada. Geralmente, meus ‘riffs’ são bem originais”, disse o guitarrista. Mas, de acordo com Jim McCarthy, ex-baterista do Yardbirds, Page estava bastante interessado em fazer a gravação da canção com o antigo grupo: “Estávamos decididos a fazer uma versão. Trabalhamos juntos, com Jimmy Page contribuindo com seus riffs de guitarra no meio dela.”, afirmou McCarthy. Entretanto, segundo o jornal "The Guardian", Jake Holmes tem poucas chances de ganhar o caso, pois, segundo as leis britânicas, um músico só pode reivindicar direitos em um período de 3 anos depois de gravada a canção. Holmes declarou: "Aquele foi o momento mais infame de toda a minha vida, quando a canção caiu nas graças de Jimmy Page”.
* "Dazed And Confused" (Do Disco "The Above Ground Sound" -1967)
> "Dazed And Confused" (Faixa 4/Lado A de "Led Zeppelin" - 1969) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page".
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: - Tiny Bradshaw 
"Train Kept A Rollin'" é considerada a primeira música que o Led Zeppelin tocou, em 1968. A musica não faz parte da discografia oficial da banda, mas aparece em uma série de "bootlegs" de gravações de shows. Em alguns deles, a referência de autoria é da dupla "Page/Plant"). Muitas outras bandas, como Aerosmith, Jeff Beck e Metallica gravaram, mas sempre atribuindo o autor como Bradshaw, que originalmente a gravou em 1951 com a sua “Bradshaw's Big Band”. Mas a história desse plágio remonta a época do Yardbirds. Em 1965 na primeira gravação da musica de Bradshaw, o autor foi creditado corretamente, mas no ano seguinte, quando o cineasta Michelangelo Antonioni chamou o grupo para gravar uma cena no filme "Blow-Up", para evitar os direitos autorais, o vocalista da banda Keith Relf teve a idéia de mudar parte da letra e o nome da música para "Stroll On", nome que aparece também em alguns "piratas" do Led.
* "Train Kept A Rollin'" - (Faixa 6 de "Bradshaw's Big Band" - 1951)
"Train Kept A Rollin'" -  (Faixas diversas em discografia paralela) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page,Plant"
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: - Domínio Público
Muitas das musicas “compostas” por Jimmy Page são de fato de domínio público. Canções criadas ao longo dos tempos por autores anônimos e passadas de boca em boca pelos tempos afora. Algumas já tinha sido apropriadas por outros antes dele, outras foram ”tomadas”  de seus “donos”, sem a menor cerimônia.

* "In My Time Of Dying"
Também conhecida como "Jesus Gonna Make Up My Dying Bed", música de domínio público que tem a primeira referencia de gravação por Blind Willie Johnson (1927). Muitos outros artistas gravaram a musica: Charlie Patton (1929), Josh White (1933), Bob Dylan (1962), John Sebastian (1971), John Fahey (1971).  
* "In My Time Of Dying (Jesus Gonna Make Up My Dying Bed" - Blind Willie Johnson (1927)
> "In My Time Of Dying" - (Faixa 3/Lado 1 de "Physical Graffiti" - 1975) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page, Plant, Jones, Bonham)".
Comentário Geral Para o Tópico "Domínio Público": É o fim da picada. O suprassumo da falta de caráter.
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* "Babe, I'm Gonna Leave You"
É uma música de domínio público que Anne Bredon "adaptou" em 1951 e Joan Baez gravou em 1962 em seu disco "Live In Concert".
* "Babe, I'm Gonna Leave You - ("Joan Baez In Concert" - 1962)
> "Babe I'm Gonna Leave You" -  (Faixa 2/Lado A de "Led Zeppelin" - 1969) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Anne Bredon, Page, Robert Plant".
Comentário: Alguém pega uma música de domínio público e se coloca como autor, depois outro alguém apanha a mesma música, grava exatamente igual e acrescenta seu nome como co-autor. Que nome daremos a isso? 
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* "White Summer" (Original: "She Moved Through The Fair")
Canção tradicional irlandesa, sendo que a primeira gravação é de Davey Graham, de 1962. Grahan é foi um dos grandes guitarristas ingleses admitidos como grande influência de Page.
* "She Moved Through the Fair" (Davey Graham, de 1962)
> "White Summer"  - As primeiras gravações do Led Zeppelin constam no "bootleg" "White Summer ~ Live 1969", posteriormente foi incluída numa reedição em CD de "Coda", em 1993, num "medley" com "Black Mountain Side", outra canção de domínio público. - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page".
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"Black Mountain Side" 
Canção tradicional, de domínio público. O “riff” principal é igual ao da música "Blackwater Side" de Annie Briggs, que muitos referenciam como sendo a mesma Anne Bredon, "autora" de "Babe I'm Gonna Leave You". Gravada anteriormente por Bert Jansch.
* "Blackwater Side" - (Faixa 7 Do Disco "Jack Orion" de Bert Jansch - 1966)
> "Black Mountain Side" - (Faixa 2/Lado B de "Led Zeppelin" - 1969) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page".
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 "Gallows Pole" (Original: "Gallis Pole")
É a canção folclórica "The Maid Freed from the Gallows" que teve a  primeira gravação em disco feita por Leadbelly, um dos maiores artistas de Blues americano de todos os tempo, sem 1939 como "Gallis Pole" . Page diz que sua versão foi baseada no cover feito por Fred Gerlach.
* "Gallis Pole" (Compacto 1939)
> "Gallows Pole" (Faixa 1/Lado B de "Led Zeppelin III" - 1970) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page,Plant"
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"How Many More Times"
James Patrick Page, nosso querido e amado Jimmy é realmente um sujeito genial... Genialmente esperto! E nessa ele realmente se superou: pegou partes de quatro musicas diferentes: "How Many More Years" (Howlin' Wolf), "The Hunter" (Albert King), "Beck's Bolero" (Jeff Beck) e finalmente, o nome inteiro e a base de uma musica gravada por Gary Farr & The T-Bones, gravada em 1964. Esta musica também seria também parcialmente surrupiada por Raul Seixas em “Loteria da Babilônia”
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Outras Coisas:
Alguns sites citam ainda outras musicas como sendo "plágios". Embora existam semelhanças entre as musicas citadas, particularmente não enquadraria como "Cópia Infiel", pois credito a influencia pura ou "mera coincidência" em alguns casos e fatores irrelevantes, como apenas arranjo vocal. Mas já que estamos no barco...
- "Thank You" - > "Dear Mr. Fantasy" - Traffic.
- "Black Dog" - > "Oh Well" - Fleetwood Mac.
- "Communication Breakdown" > "Nervous Breakdown" - Eddie Cochran.
- "Tangerine" - "Knowing That I'm Losing You" - The Yardbirds (Nesse caso não tem nada a ver, pois Page era integrante do Yardbirds e ao que se sabe compôs mesmo a musica, apenas trocou o nome quando gravou com o Led.)
- "We're Gonna Groove" - Ben E. King e James Bethea (Também não tem sentido atribuírem a plágio, pois a autoria (em "Coda" está creditada aos autores.)
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Notas Finais: 

Existem muitas matérias a respeito dos plágios do Led Zeppelin, particularmente por seu guitarrista e "compositor" mor. Mesmo no Whiplash. Mas a maioria não cita dados e comete algumas falhas, ao atribuir como autor o cantor, mesmo nos casos de domínio público. Decidi por uma pesquisa mais abrangente e que demonstrasse claramente as "semelhanças". Foram semanas de pesquisa, escrita e edição. Mas o que mais me chama a atenção é que na maior parte dessas listas, o autor acaba escorregando na reverência à banda e "perdoando". Afirmações do tipo "Led fez isso, mas isso não ofusca seu brilho." "Led pode, é intocável!", acaba por me remeter a mesma coisa que escrevi em um artigo anterior sobre o mesmo assunto. E poderíamos então admitir: O Led "rouba mas faz!" É isso?

E pensem, acima de tudo, que o fanatismo, na maioria das vezes destrói não apenas o homem, mas sua obra e por fim o próprio mito. O fanatismo devora a tudo em sua frente, até chegar a seu próprio objeto.

9/9/2012
E não percam: Cópia Infiel – Ato 3 - Ritchie Blackmore & Deep Purple

14/09/2012

Copia Infiel – Ato 2 - Led Zeppelin - Moral e Ética – Parte 1


Copia Infiel – Ato 2 - Led Zeppelin - Moral e Ética – Parte 1
Luiz Carlos "Barata" Cichetto
Imagem: Wikimedia Commons

O Led Zeppelin (1968/1980) não tem uma discografia muito extensa. Em seus pouco mais de 12 anos de existência lançou apenas 10 discos, incluídos uma coletânea e um disco ao vivo. Nesses discos, foram gravadas pouco mais de 80 músicas, sendo que destas, quase 30 (trinta) são consideradas plágio, parcial ou totalmente, sendo que ao longo dos anos a banda e seus integrantes, particularmente James Patrick Page, sendo algo de processos. Uma proporção muito perigosa para uma banda considerada como uma das melhores do Rock de Todos os Tempos. Tecnicamente, um plágio musical é considerado quando há uma sequência de 8 compassos idênticos, mas deixo de lado a questão, por falta de conhecimento na área. Considerarei o histórico e a semelhança entre a original e a “Cópia Infiel”. E é isso que importa, no final. E antes de qualquer coisa, quero avisar que, antes deste artigo ser publicado na Internet foi registrado no Escritório de Direitos Autorais, como todos os outros de minha autoria o são. Nem pense em plagiar! Acaso queira publicar, informe e cite autor e fonte. 

Antes de começar, quero dedicar este parágrafo deste artigo a um idiota.  Normalmente idiotas não merecem um parágrafo, mas este, por ter se dado ao trabalho de escrever uma "Carta Aberta" endereçada a mim estaria num grau mais elevado na escala. Tomei conhecimento da tal carta não porque a tenha recebido, mas por um "Alerta do Google".  Um ser que se auto-explica com uma conclusão de que “seus instintos não tem cérebro”, não mereceria nem ser lido, mas fiquei curioso em saber o que tal ameba pensa... Não que eu preocupe com o que pensam as amebas, mas é que minha mãe me ensinou a respeitar todas as formas de vida. Então, o cidadão começa logo ameaçando, afirmando que escreve não como fã, mas como jornalista, deixando clara sua prepotência, achando que o fato de ter cursado uma faculdade de jornalismo dá a ele o direito de ser dono da verdade, não apenas da sua verdade, mas também da minha. Informação e cultura não se aprende apenas na escola e jornalismo não é ciência. Caras assim não se conformam em perder seu status de dominadores da opinião publica, sentados em cima de seus rabos perfumados em redações de jornais e estúdios de televisão. Não se conformam com o fato de não dependermos mais apenas deles para nos informar e formar nossas próprias opiniões.  Até comecei a ler com respeito a opinião escrita no blog dele, mas quando li a frase: "E, como se trata de um texto seu, é claro que também está errado." Simplesmente desisti. Afinal, é apenas um cidadão que sequer coloca seu nome verdadeiro no blog e publica também uma Carta Aberta a ele mesmo, claro, com elogios rasgados à sua própria pessoa... Não sei, mas tenho a impressão que gastei um bom tempo dando atenção... a uma ameba vaidosa. Mas é que minha mãe... Ah, mãe! Pô!

Acredito que o leitor de cabeça aberta, com o cérebro não carcomido pela influência nefasta daqueles que ditam o pensar alheio, saberá entender que o que estou colocando neste e nos outros artigos é a minha opinião pessoal. E antes também que olhem o texto da minha biografia, onde falo que cresci escutando Led Zeppelin e que portanto estaria sendo incoerente, deixo claro uma coisa: sim, cresci escutando Led e até hoje ainda escuto. Comprei todos os discos, boa parte deles no momento em que saíram. Escutei centenas, milhares de vezes todas as musicas, procurei suas referencias musicais, artísticas e intelectuais, assisti dezenas de vezes o filme "The Songs Remains The Same". Além disso, o eremita (aquilo é um eremita, não um mago nem um bruxo, por favor) se transformou num símbolo esotérico forte para mim. E por fim, Led Zeppelin foi a única banda que usei em uma camiseta. E ainda no ano de 2012, escrevi um texto para a edição de um livro sobre a banda, escrito pelo psicoterapeuta, musico e escritor Amyr Cantusio Jr.

E esses fatos e argumentos me dão o direito de falar de Led Zeppelin da forma que eu quiser.  Como, aliás, a qualquer pessoa cabe o direito de falar sobre figuras publicas. Artistas não são deuses, música não é religião. Fanatismo é idiotice. E os nossos ídolos podem e devem ser cobrados, questionados, pilheriados. E até mesmo chamados de chatos, feios e bobos se quisermos. Para a maioria nunca deixarão de ser ídolos intocáveis, vacas sagradas, mas aqueles que ainda têm seu cérebro operando acima do necessário de cumprir as funções vitais como comer e beber entenderão o que falo. É preciso, portanto deixar o fanatismo de lado momentaneamente e enxergar meus de duas formas. Em primeiro lugar, o fato de apontar defeitos em um artista não quer dizer que eu o acho um bosta (em alguns casos acho mesmo), mas simplesmente o que faço é apontar as falhas e as divergências entre a obra e o artista (não, não sejam tolos, o artista e a obra são uma coisa só, e é isso o que difere o gênio da fraude, ou simplesmente do ser comum). Em segundo lugar, quando uso fatos para compor minha análise é com base em pesquisas, em noticias que foram divulgadas por vários meios de comunicação. Não invento nada. Se as fontes estavam corretas ou não, ai é outra questão. Como por exemplo, história do Kiss ser ou não uma resposta americana ao Secos e Molhados, na época foi matéria de jornal e está presente nas falas dos integrantes da banda brasileira e em muitos sites. Claro que a versão oficial dada por Gene Simmons, jamais irá confirmar isso e ninguém terá como provar nem uma nem a outra versão. 

Esclarecidas certas questões importantes, que, aliás, eu duvido que a maioria esteja lendo, pois irão direto a lista de musicas... Ou nem isso, irão pegar o titulo, a chamada da matéria e descer a lenha, fazendo associações esdrúxulas e partindo para a ofensa pessoal, espero poder agora tranquilamente dissertar sobre o assunto a que me propus: os plágios do Led Zeppelin. Pouco me importa se irão concordar e usar a educação que seus berços lhes proporcionou, o que importa é que estou exercendo meu sagrado direito à opinião e principalmente o direito de pensamento e de ação, da forma que minhas experiências me conduzem. Não há vacas sagradas e eu não contemplo o oceano com seus cardumes de peixes, contemplo as ondas, agitadas e perigosas que arrebentam na praia. 


Cópias Infiéis – Parte 1
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: - Bert Jansch:
Herbert Jansch, conhecido por Bert Jansch, foi um músico escocês, ex-integrante da banda Pentangle, morto em 2011 aos 67 anos. Lendário compositor e guitarrista, largamente reconhecido como um dos músicos mais influentes de todos os tempos. Em entrevista ao jornal britânico "The Guardian", Jimmy Page lembrou ser "absolutamente obcecado por Bert Jansch".  

*  "Blackwater Side" (Faixa 7 do disco "Jack Orion" - 1966) 
> "Black Mountain Side" (Faixa 2/Lado B do Disco "Led Zeppelin" - 1969) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page"

* "Go Your Way My Love" (Faixa 1 de "Nicola" - 1967)
> "Going To California" (Faixa 3/Lado B de "Led Zeppelin" (4) – 1971) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page/Plant".

* "The Waggoner's Lad" (Faixa 1 do disco "Jack Orion" - 1966) 
> "Bron-Y-Aur Stomp" (Faixa 4/Lado B de "Led Zeppelin III"  - 1970 - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Jones, Page, Plant"
(Sobre esta música: Robert Plant declarou: "'Bron-Yr-Aur' foi um lugar fantástico no meio do nada, sem instalações, etc e era incrível o que poderíamos fazer naquele ambiente. (...). Jimmy estava ouvindo Davey Graham e Bert Jansch e estava experimentando com afinações diferentes.")

Comentário: A declaração de Page a respeito de Jansch feita por ocasião de sua morte em 2011: "Eu estava absolutamente obcecado por Bert Jansch Quando ouvi pela primeira vez que seu primeiro LP em 1965, eu não podia acreditar que ele estava tão à frente do que todo mundo estava fazendo. Ninguém. na América poderia tocar isso. ". Disse tudo isso, mas devolver a autoria das musicas surrupiadas, que rendeu e rende a ele e seus companheiros de banda muita grana, isso parece que não faz parte da reverência.
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: - Blind Willie Johnson:
"Blind" Willie Johnson nasceu em 1897 e morreu em 1945, no Texas. Foi um cantor e guitarrista afro-americano. A despeito de suas letras serem de cunho religioso, sua a música ultrapassou a barreira do gênero. Johnson era cego.

* "It's Nobody's Fault But Mine" (Disco de 78 RPM Gravado em 1927)
> "Nobody's Fault But Mine" (Faixa 1/Lado B de "Presence" - 1976) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page/Plant".
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: - Bobby Parker:
Bobby Parker nascido em 1937 em Lafayette, Louisiana é um guitarrista de Blues-Rock

* "Watch Your Step" (Compacto Simples de 1961)
> "Moby Dick" (Faixa 4/Lado B de "Led Zeppelin II" - 1969) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Bonham, Jones, Page"

Comentário: A história é que os músicos do LZ afirmam que a música de Parker teria sido a "inspiração" para "Moby Dick", tendo isso até mesmo gerado um contrato do bluesman com a Atlantic Records. Mas uma audição da musica original (que tem letra), principalmente da primeira parte, demonstra que é muito mais que isso. E a referencia a isso continua sendo ignorada.
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: -  Bukka White
Nascido Booker T. Washington White em 1909  e morto em 1977 foi um cantor e guitarrista de Blues. "Bukka" não era um apelido, mas um erro de grafia de seu nome cometido pela gravadora Vocalion Records. Booker era primo de B.B.King. "Shake 'Em On Down" foi gravada em 1937 quando ele estava preso cumprindo pena por assalto.

* "Shake 'Em On Down" (Lado B de Compacto Simples - 1937)
> "Hats Off To (Roy) Harper" (Faixa 5/Lado B de "Led Zeppelin III" - 1970) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Charles Obscure"

Comentário: Segundo a informação oficial "Charles Obscure", era um pseudônimo “humorístico” de Page. A "versão" do humorista Page mistura trechos de vários blues tradicionais, sendo que a musica de White tem o maior numero de "pedaços" usados. E foi Bukka quem foi preso por assalto... 
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: -  Howlin' Wolf
Chester Arthur Burnett (1910/1976), mais conhecido como Howlin' Wolf, cantor, compositor e guitarrista de blues. Um dos mais significativos cantores de blues de Chicago. Juntamente com, Sonny Boy Williamson II e Muddy Waters são citados como os maiores músicos de blues do mundo. O Led Zeppelin tocou "Killing Floor" ao vivo em 1968, sendo que em algumas apresentações iniciais Robert Plant anunciou a canção como "Killing Floor" e as primeiras prensagens do disco na Inglaterra ainda tinham esse nome. Após a ação legal impetrada pela editora Howlin 'Wolf, seu nome foi acrescentado aos créditos. A "versão" do Led Zeppelin tem em um ritmo mais lento e com palavras diferentes na letra, que é de fato de uma outra música, "Squeeze My Lemon" de Robert Johnson, que este também teria roubado da música "She Squeezed My Lemon" de Art McKay. Em algumas edições do álbum do Led Zeppelin a musica aparece como "Killing Floor".

* "Killing Floor" (Compacto - 1964)
> "The Lemon Song" (Faixa 3/Lado A de "Led Zeppelin II" - 1969) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Bonham, Jones, Page, Plant" (Posteriormente acrescentado o nome de Howlin' Wolf).
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: -  Perry Bradford e Little Richard 
Perry Bradford (1893/1970 foi um compositor norte-americano que em 1920 compôs "Keep A-Knockin' (But You Can't Come In)". A musica foi gravada por inúmeros cantores e naquela década e nas posteriores fez muito sucesso. Em 1957, Little Richard, considerado um dos pais (ou uma das mães) do Rock, gravou a versão que foi a base completa, principalmente na introdução, de um dos maiores "hits" do Led Zeppelin: "Rock'n'Roll". Na gravação de Richard, o baterista era Charles Connor, e a introdução de bateria foi também copiada por Earl Palmer na gravação de "Somethin' Else" por Eddie Cochran, antes da gravação do Led Zeppelin. 

* "Keep A Knockin'" (Lado A de Compacto -1957)
> "Rock And Roll" (Faixa 2/Lado A de "Led Zeppelin" (4) - 1971) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page, Plant, Jones e John Bonham"
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: -  Memphis Minnie
Memphis Minnie (1897/1973) Cantora e compositora americana de blues. Nascida Lizzie Douglas em Argel, Louisiana, Minnie foi uma pioneira das guitarristas e um dos músicos de blues mais influentes  de todos os tempos.  Em 1980, foi incluida no "The Blues Foundation's Hall of Fame". Mas, o fato é que ela lembrada atualmente "por ter escrito uma música chamada "When the Levee Breaks", que, com letra e melodia ligeiramente alteradas".

* "When The Levee Breaks" (Gravação de Memphis Minnie e Kansas Joe McCoy - 1929)
> "When The Levee Breaks" (Faixa 4/Lado 2 de "Led Zeppelin" (4) - 1971) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page, Plant, Jones, Bonham e Memphis Minnie".

Comentário: Pegar uma musica que já existe e foi gravada há mais de quarenta anos, mexer em alguns detalhes e depois colocar seu nome e de três amigos seus como co-autores da música pode não ser tecnicamente plágio, mas é no mínimo uma absoluta e total cara de pau aliada ao desejo de faturar em cima de algo que realmente não compôs. É o mesmo que um camarada pegar um livro, alterar alguns parágrafos e colocar a venda com o mesmo nome e incluindo seu nome como co-autor... Ética? 
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: -  Ritchie Valens
Ricardo Esteban Valenzuela Reyes, (1941/1959), descendente de mexicanos, nascido em Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos. Seu grande sucesso foi a canção "La Bamba", que mais tarde nomearia um filme sobre sua curta vida, terminada num acidente de avião no auge da fama.

O título da musica gravada pelo Led Zeppelin era "Sloppy Drunk", mas já era uma musica de Leroy Carr. No disco a musica foi creditada a "Page/Plant/Jones/Bonham/Ian Stewart/Mrs. Valens". "Mrs. Valens" seria a mãe de Ritchie. A Kemo Music, processou o Led Zeppelin e foi feito um acordo fora dos tribunais. A explicação de Page: "O que tentei fazer foi dar crédito à mãe de Ritchie (Valens), porque ouvi dizer que ela nunca recebeu quaisquer royalties de qualquer um dos sucessos de seu filho, e Robert (Plant) fez inclinar-se sobre aquela letra um pouco. Então o que acontece? Eles tentaram nos processar por toda a música!". 

* "Ooh! My Head" (Faixa 6 do Disco "Ritchie Valens" - 1958)
> "Boogie With Stu" (Faixa 3/Lado 4 de "Physical Graffiti" - 1975) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page/Plant/Jones/Bonham/Ian Stewart/Mrs. Valens"

Comentário: Uma ironia no mundo das cópias: o baterista que gravou o disco de Valens em 1958 era Earl Palmer, aquele que copiou a introdução de "Keep A-Knockin". Uma outra "coincidência: nos créditos do disco consta: "Roy Harper - Fotografia". Decerto que não era o cantor americano que foi homenageado em outra surrupiação,  "Hats Off To (Roy) Harper" . É apenas um homônimo, ou o fotógrafo da belíssima capa do disco é também um plágio. Ian Stewart, "road manager" dos Rolling Stones' que tocou piano na música e que, graças a isso creditado como co-autor da musica. Quanto à explicação de Page: grande e nobre senhor, preocupado com as senhoras mães de músicos mortos desamparados. Pegam a musica do filho dela, mudam alguns detalhes, gravam e ganham dinheiro com ela e a "megera" não reconhece que ele está lhe fazendo um favor. Ah, James Patrick, me poupa, né?! Mas... E ainda existe o "mas" ... "Ooh My Head" é uma cópia de 'Ooh My Soul' de Little Richard, lançada no mesmo ano de 1958...
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: -  Robert Johnson
Robert Leroy Johnson (1911 ou 1909 ou 1912 / 1938). Nascido no Mississipi, é considerado um dos músicos mais importantes e influentes do Blues. Gravou apenas 29 músicas ente 1936 e 37.  Seu incrível talento como músico e compositor ensejou mitos e lendas, como o de ter feito pacto com o Demônio em troca de virtuosismo.  Segundo uma dessas lendas, alimentada por algumas de suas letras e também pelo cinema no filme de 1986 "Crossroads", Robert Johnson teria feito o pacto na encruzilhada das rodovias 61 e 49 em Clarksdale, Mississipi, quando o Diabo teria pego seu violão e afinado um tom abaixo, devolvendo para Johnson que o tocou virtuosamente a partir de então. Uma biografia envolta em lendas e mitos como a própria morte. Histórias que dão conta que Johnson teria morrido após ser envenenado com Whisky misturado com estricnina pelo dono do bar "Tree Forks" onde ele tocava, enciumado por ele ter cantado sua mulher. Em outras versões, ele teria se recuperado desse envenenamento e morrido em seguida por pneumonia. Outras ainda que teria sido morto por arma de fogo ou de sífilis, mas a mais sensacional conta que ele teria saído desesperadamente do bar "Tree Forks", sendo perseguido por cães pretos, tendo sido encontrado com marcas de mordidas, cortes em forma de cruz no rosto, com o violão intacto ao lado do corpo ensanguentado. Segundo essa versão, Johnson morreu de olhos abertos e uma expressão tranquila no rosto. Em seu certificado de óbito consta apenas "No Doctor" (Sem Médico) como causa da morte.

"Travelling Riverside Blues" aparece em alguns lugares com o nome de "Mudbone" ou "Mud Bone" e é uma canção de blues composta e gravada pelo bluesman Robert Johnson. 

* "Travelling Riverside Blues" (LP "King of the Delta Blues Singers" - 1961)
> "Travelling Riverside Blues" (Originalmente gravado no BBC Studios em Junho de 1969. Posteriormente lançada em “single” em 1990. Em 93 foi incluído em "Coda" - Edição em CD)

Comentário: O mesmo de "When The Levee Breaks". Pegar uma música pronta, gravada anteriormente e modificar pequenos detalhes não dá o direito de se arvorar como co-autor da mesma. Se assim fosse, cantores como Joe Coker, especializado em gravar musicas de outros compositores com arranjos diferentes, que muitas vezes modifica totalmente o andamento e o ritmo da musica, poderiam colocar em todas essas "versões" seu nome como co-autor. 
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: -  Willie Dixon
Willie Dixon (1915/1992). Baixista, cantor, compositor e produtor musical norte-americano. Um dos nomes mais importantes do Blues e referencia constante de muitos músicos do Rock. Suas músicas foram interpretadas por artistas como Bob Dylan, Rolling Stones, The Doors, The Allman Brothers Band, Grateful Dead e Megadeth. E pelo Led Zeppelin. Dixon foi lutador de Boxe na adolescência, chegando a ganhar um campeonato no esporte em 1937, aos 22 anos de idade.

* "Bring It On Home" (Sonny Boy Williamson - 1963)
> "Bring It On Home" (Faixa 5/Lado B do Disco "Led Zeppelin II" - 1969) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page, Plant".

O Led Zeppelin gravou uma versão da música para o seu álbum “Led Zeppelin II” usando uma parte como "uma homenagem a  Sonny Boy Williamson”. A Dixon, entretanto não foi dado nenhum crédito. Em 1972,  a Arc Music, braço editorial da Chess Records, entrou com um processo por violação de direitos autorais. Mais uma vez, o caso foi resolvido fora do tribunal por uma quantia não revelada. Em uma entrevista em 1977, Page comentou: "Há apenas umas poucas tomadas a partir da versão Sonny Boy Williamson e nós jogamos como um tributo a ele. As pessoas dizem que 'Bring It On Home' é roubada, mas, bem, há apenas um pouco na canção que diz respeito a qualquer coisa que tinha sido antes, apenas o fim."

Nota: Há uma outra música: "Bring It On Home to Me" escrita e gravada pelo compositor e cantor de R&B Sam Cooke em 1962, que foi gravada por dezenas de cantores como John Lennon, Sony & Cher, Van Morrison, Eddie Floyd e Lou Rawls. Na Internet existem textos que confundem as duas músicas, mas elas não tem nada em comum, a não ser parte do título e de terem sido feitas mais ou menos na mesma época.

* "You Need Love" (Muddy Waters - 1962)
> "Whole Lotta Love" (Faixa 1/Lado A do Disco "Led Zeppelin II" - 1969) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "John Bonham, Willie Dixon, John Paul Jones, Jimmy Page, Robert Plant"

Composta por Willie Dixon especialmente para Muddy Waters, "You Need Love" foi gravada em 1962. Em 1966, a banda britânica "The Small Faces" gravou a canção como "You Need Lovin'" para seu LP de estréia homônimo, com a letra bem modificada. A "versão" gravada pelo Led Zeppelin é uma espécie de híbrido das duas, sendo que a música se parece muito mais com a do The Small Faces e a letra com a original de Dixon. Ao analisarmos as duas letras, percebemos claramente que foram trocadas algumas palavras, sendo que até a própria rima é a mesma na maior parte dos versos. Ademais, até a forma de cantar de Plant nessa gravação é extramente calcada na de Steve Marriott. As semelhanças com"You Need Love" levaria a uma ação judicial de Dixon contra o Led Zeppelin em 1985, também resolvida fora do tribunal em favor de Dixon. Os "compositores" do The Small Faces nunca foram processados, apesar de "You Need Love" apresentar créditos apenas Ronnie Lane e Steve Marriott.

Sobre esta música, Robert Plant declarou: "Eu só pensei, 'bem, o que é que eu vou cantar?' (...). Na época, havia um monte de conversa sobre o que fazer. Foi decidido que era tão distante no tempo e influência que ... bem, você só é pego quando é bem sucedido. Esse é o jogo."

Em algumas das músicas de Willie Dixon gravadas pelo Zeppelin, entretanto, existem referencias corretas ao autor, nos discos, como nos casos de: "I Can't Quit You Baby" e "You Shook Me" (I). Há informações que mais tarde, após brigas na justiça e acordos, Dixon se tornou amigo da banda. De qualquer forma, há informações de que o próprio Willie Dixon, também teria copiado e registrado em seu nome muitas musicas de domínio público. 

Comentário: Haja muleta para tanto aleijado.

And... To Be Continued...