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27/07/2015

Barata Bukowski

Barata Bukowski
Barata Cichetto
(Ao Amigo Cezar Bastos)
Nem sempre fui maldito. Um dia deve ter sido diferente. Creio. Mas não lembro. Bastos me chama de "Buk de São Paulo" e eu sorrio sem graça. Parece pretensão ou falta de humildade. Fico acanhado, incomodado. A mesma porcaria de existência do safado, embriagado e ríspido alemão americano? Até certo ponto. Charles com minha idade tinha alguma grana. Eu, tenho apenas a mesma forma de enxergar a merda do mundo, o saco de merda prestes a explodir. A mesma forma de curtir com as putas e buscar na poesia o exorcismo da loucura. A droga que afasta a mão que segura o revolver encostado na minha cabeça. A mesma droga que me tira da sarjeta. Mas, acredito que tem muita bunda que possa valer mais que 50 dinheiros. Algumas putas custam caro, outras são de graça, apenas porque querem trepar com um escritor (?) Mentira. Nos dias correntes, ninguém quer trepar com escritores. Ao menos não com aqueles que se fodem e não mais matraqueiam máquinas de escrever até de madrugada. Teclados de computadores são silenciosos e gelados. Putas são barulhentas... e geladas. Mas também não escrevo mais em máquinas de escrever, que são barulhentas demais, feito putas. Ademais, não gosto nem de corridas nem de cavalos. Aposto em corrida de gente. E não mando envelopes a donos de editoras. Minha prosa é rasa e estreita, minha poesia é profunda e larga. Sou poeta, não sou escritor. Gosto de dificuldades e reinvento a crise, a dor e o antagonismo. Facilidades destroem a criação, a criatividade, então invento dificuldades. Não coleciono carros, pego ônibus e olho aquelas bundinhas dentro de saias e bermudas curtinhas enterradas no cu. O motorista sorri da minha safadeza e eu digo a ele: "Sou poeta, irmão!" E ele me diz, "Certo, otário, então pague a sua passagem!" A gostosinha de shortinho desceu no ônibus e deixou um bilhete. Ao motorista. Eu? Não, não carrego ninguém de graça comigo, mas não cobro passagem para viajar na minha poesia. Não escrevo bêbado, não fumo maconha e detesto a humanidade quando estou só. Não, não sou Bukowski! Sou Barata, apenas! Ninguém é outro, não creio em mestres, não sigo cachorros na rua e nunca fui à América. Tenho cinco romances inacabados, um par de botas surradas e nenhuma bebida e nenhum segredo guardado no armário. Peido embaixo das cobertas, acendo um cigarro e seguro a bunda da minha mulher. Ela dorme. Eu apago o cigarro e retono ao teclado. Uma xícara de café e estarei pronto a outro poema. Um cigarro, dois cigarros, doze cigarros. Meu pulmão explode. A cabeça dói e ali ao meu lado, um livro chamado "O Amor é Um Cão do Inferno". Não, não sou um velho safado. Apenas velho? Ou apenas safado? Nada. Apenas Barata!

27/07/2015