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02/05/2013

The Killer And The Dealer

The Killer And The Dealer
Barata Cichetto

Ficam perguntando sempre de influencias sobre minha obra
Um jeito pomposo de ser petulante, o ser que isso me cobra
Em uma resposta que poderia ser simples, mas é retórica dura
Então respondo ao perguntador curioso de minha leitura pura
Que ninguém influencia de fato ao poeta de mente hermética
E sobretudo que ninguém é de ninguém no assunto da poética
E que mesmo que tenha leitura dos grandes poetas da história
Jamais saberia aquele que deu a mim um pouco de sua vitória.

Acaso portanto, não fosse o tempo a separar a vida do poeta
Eu poderia falar, mesmo parecendo ser o arrogante e pateta
Que não foi a mim que influenciaram Rimbaud ou o Augusto
Mas fui eu ou qualquer poeta de agora de porte tão vetusto
A influenciar a sua poesia profana da África até a Pau D'Arco
E quem sabe seria eu a lhes contar sobre o Bêbado no Barco
Ou ser mesmo um dos tantos Charles, da França ou América
Enfim ser outro poeta de qualquer parte da Península Ibérica.

E eu, que nunca aprendi do soneto as formulas matemáticas
Que jamais consegui dar a meus versos regras de gramáticas
Separar as sílabas dos versos, nem ser um poeta modernista
Consigo ser um poeta sem letras em minha poesia hedonista
Aguardo apenas que aqueles que comem dentro de panelas
Explodam sob sua própria pressão ou impressão das janelas
Pois mais importa declamar poesia em casas mal cheirosas
A ficar a sorrir, dando a bunda aos donos da Casa das Rosas.

Ah, moleques e frustrados que pensam ser Paulo ou ser Piva
Que imaginam que a estrada tem o gosto do azeite de oliva
Nunca moraram num buraco, nunca sentiram o cheiro do pó
E não sabem o que é ser sacrificado, sem piedade e nem dó
Conhecem subúrbio por jornal, a periferia pelas empregadas
E acham que ser pobre é bonito quanto às flores respingadas
Mas ainda perguntam-me sobre quem é meu mestre de fato
E eu respondo que sou eu o mestre que pintou o seu retrato.

Mais Sobre a Casa e Seus Donos... http://baratacichetto.blogspot.com.br/2012/08/manifesto-da-casa-das-rosas.html

27/08/2012

Manifesto da Casa das Rosas (O Que é Poesia, Mesmo?)


Manifesto da Casa das Rosas
Luiz Carlos "Barata" Cichetto

Não conheço a Casa das Rosas, apenas a dos Espinhos. Nunca vendi minha poesia pela rua, não sou comerciante, sou poeta. Não vivo da poesia e a poesia não vive mim. Nunca dei palestras. Poetas não dão palestras, dão poesia... Não, poetas não dão poesia, dão sangue. A poesia é que lhes doa o sangue. Poetas não fazem encontros, fazem poesia. Não, não fazem, a poesia está feita! Não faço parte de grupos, de conchavos, de máfias e de panelas de falsos poetas em busca de glória. Não sou funcionário publico, não tenho tempo de sobra e não gosto de cotas. Nunca prestei concurso para ter emprego garantido e  tempo sobrando para posar de rebelde. Não sei explicar "O Que é Poesia?" Não tenho amigos poetas. Não procuro amigos dentro dos esquemas do Estado, não interessa o Estado. Escrevo há quarenta anos e nunca ganhei um prêmio literário... Prêmios literários... A poesia é uma loteria?  A minha não é melhor... Nem pior. Não preciso de padrinhos, não acredito nos deuses da poesia. Não acredito em deuses. Deuses são ditadores e assassinos. Deixem-me lembra-los de uma coisa que lhes pode ser um tanto dolorida: vocês não são Kerouac, Ferlinghetti, nem Caio Fernando... São apenas crianças brincando de ser poetas. Poesia não é brinquedo, crianças! É coisa séria! Vocês não serão citados em redes sociais a não ser por seus amigos. A poesia tem donos, killers e ademires. Sou apenas poeta. Chato e arrogante segundo alguns familiares. Apenas um pobre fudido, segundo outros. Alguns chegaram a falar que o dia que merda for dinheiro morro encalhado. Sou o ser e não o ter. "Hoje não há poesia porque acordei homem mortal", parafraseando a mim mesmo. Sou a único ser digno de ser reverenciado por mim. Não preciso do centro cultural, nem do centro de umbanda, são ambos lotados de falsos santos e espíritos doentes. Falam de almas, mas não entendem sequer de espírito. Entendem de carne e de dinheiro e poder. São os Açougueiros da Poesia. Açougueiros com mãos sujas de sangue. Vaidosos e perigosos açougueiros que falam de poesia, mas entendem apenas de espelho... E de carne e de dinheiro. Não, minha poesia e minhas carnes e sangue não estão à venda em seus açougues. Quero apenas do centro da cidade e de suas putas mal-amadas. Não sei brincar de rebelde, colocar óculos escuros e fingir que sou um gênio no balcão da padaria. Arrogância é isso: ao balconista da padaria, poesia é café com leite e pão com manteiga. E na padaria não é lugar de poesia, apenas de pão. Nunca bati no peito vomitando a arrogância de ser poeta, nunca declamei poemas em programas de televisão. Ah, quanta bobagem! Deixem de ser arrogantes, não matem a poesia. Não sei ler editais de concursos públicos, nem pedir dinheiro ao Estado para financiar minha "obra". Deixem de brincar de ser poeta, a poesia não é brincadeira de crianças. Cresçam ou peguem suas bolas e joguem sozinhos. Não finjo que sou nada, porque não sei ser fingido, nem sei ser nada. Ou sou ou nada. Não conheço as leis que regem a poesia, não conheço as leis que regem a hipocrisia dos donos da poesia. Muito menos conheço ou aceito aos eunucos que chupam as bolas dos donos da poesia. Não conheço as regras nem as leis que regem os encontros literários, com seus rebeldes em trajes libertários comprados na Marisa. Meninas com sorrisos sedutores e garotos imberbes brincando de ser bissexuais chupando as bolas dos deuses da poesia. Danem-se babacas que debatem a poesia, citam Bukowski, Maiakovski e Leminski com as bocas cheias de arrogância e empáfia! Que bebem cachaça e acham que podem arrotar Whisky. Que gostam do Velho porque ele era safado e bêbado – desculpa apenas às suas safadezas e bebedeiras - não por sua obra e vida, que não conhecem nem uma linha. Que citam Pessoa e seus heteronômios de cor e salteado como se fossem doutos literatos de Lisboa, mas que nunca saíram da frente de seus computadores, arrotando arrogância por trás de óculos redondos escuros e camisetas rasgadas de Che Guevara. Que acreditam estar mostrando seus caminhos poéticos à população - arrogantes de merda! Que picham nos muros sua indignação e depois retornam às suas casas, certos de são artistas revolucionários. Que citam Bob Dylan ou algum poeta suicida do Rock. (Curt Cobain e Renato Russo nunca foram poetas, nunca souberam o que é Poesia.).  Danem-se todos! Digam sempre que estão à beira do suicídio, criem a expectativa sobre sua genialidade alçada à eternidade por atos de total irresponsabilidade travestidos de rebeldia.

(Sai, fui andar e fumar... É proibido fumar na Casa das Rosas, mas não é proibido fumar na casa das putas...). Não sou formado, sou deformado... pelas porradas e necessidades, pela fome e pelos desamores. Fui leão jogado à arena e devorado por cristãos enfurecidos, enquanto Cláudio, The Killer, o Imperador abaixa seu polegar. Poetas no poder não são poetas, porque poesia não dá rima com hipocrisia. Sacrifiquei a poesia e fui cuidar dos filhos... Ah, não sabem o que é sacrifício, gloriosos sacripantas! É fácil ser poeta sendo funcionário publico com emprego publico e todas as licenças e folgas e preguiças que a lei lhes favorece e meu suor ajuda a pagar. Sabe, Imperador, como eu escrevo minha poesia? Acordo de manhã, sento na privada, dou uma cagada enquanto escrevo uma poesia no papel higiênico... Depois limpo o cu com ela e jogo na privada. Dou descarga. Imperador, estás escutando? Ah, certo, eu não posso lhe chamar por Imperador, mas de Mestre e Professor.... Doutor? Não há mestres na poesia, ninguém ensina um poeta a não ser a rua e a dor.  Na Casa das Rosas não há rosas, apenas espinhos e eu conheço bem esses caminhos. Nunca fiz nada pela poesia e nem ela fez por mim. Ela é apenas uma puta com quem eu trepo todos os dias, há quarenta anos. Perdi a virgindade com ela, num puteiro fedorento. Estão escutando, oh mestres dos mestres, donos da poesia e seus lambe-botas? Não, claro que não escutam, pois apenas escutam suas próprias vozes ecoando dentro de seus cérebros vazios. E ademais: comam-se! Fodam-se e fartem-se nessa orgia de egos. Dentro da Casa das Rosas!

27/08/2012