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04/03/2019

Eu Estou Esperando Por Meu Homem (O Dia Em Que Lou Reed Conheceu Charles Bukowski)

Eu Estou Esperando Por Meu Homem
(O Dia Em Que Lou Reed Conheceu Charles Bukowski)
Barata Cichetto

Sou um homem branco, cantor e compositor. Uso óculos escuros de caminhoneiro e botas e jaqueta de couro preto e bem gastos. Estou parado em frente a um prédio em San Pedro, na Califórnia, e nem sei como vim parar aqui. Só sei que estou esperando por meu homem, me sentindo doente e sujo, mais morto do que vivo. Eu estou esperando pelo meu homem.

Sou de New York, entretanto. E lá, meu homem era apenas um amigo traficante, mas em San Pedro espero por outro homem. E ele é também outra espécie de traficante. Seu produto é bom e com ele eu chego a ficar alto por dias seguidos. Ele é um escritor, trafica palavras, que na verdade são cápsulas que envolvem as mais puras e loucas sensações. O meu barato é heroína, o barato dele também, mas de outro tipo: aquelas heróinas que ficam na calçada cobrando michê. De certa forma também sou tão traficante quanto ele, também, mas minha droga é embalada em notas musicais. Como disse, sou cantor e compositor. Já usei e abusei de heroínas de todos os tipos.

Estou parado na frente desse prédio e toco a campainha. Uma morena alta, com olhos de cavalo e cabelos que parecem uma peruca mal feita atende. O nome dela é Rachel, ela conta, e percebo que é uma bicha daquelas que sempre canto em minhas musicas. Ela é um homem, mas não é meu homem, e quer ser minha mulher. É bonita a desgraçada, e quando se vira para que eu a siga, sem dizer uma única palavra, eu olho para sua bunda, que parece bem gostosa. Eu a sigo para dentro da casa, sempre de olho na bunda, e quando chegamos ao meio da sala, o homem que eu estava esperando se levanta da cadeira, sem deixar cair a cerveja e vai ao meu encontro, me abraçando como seu eu fosse um antigo amigo, ou alguém que fosse lhe pagar uma bebida. Ele parece um viciado em corridas de cavalos bêbado.

- Nenhuma bunda vale cinquenta pratas. - Diz ele.
- Sou um homem branco e uso óculos escuros e botas e jaquetas de couro. - Disse eu. - E nunca pago nem um dólar por um rabo de mulher.
- Rachel não é mulher. Ah, ela não é nada. Ou melhor, Rachel é tudo. Tudo o que ela quiser ser.
- Sou bissexual na maioria das vezes, menos quando rola uma daquelas festas em que ninguém é de ninguém e todo mundo é de todo mundo. Sou de New York, e lá é o lugar onde todo mundo é o que e quem quiser. Eu sou cantor e compositor, ando na barra pesada, e, portanto sei o que digo.
- Tudo isso aqui é um filme ruim, cara. Aliás, um filme ruim, feito por atores péssimos. A gente sempre representa, e mal. Então qual é o problema? 

Era uma manhã de domingo, e eu tinha passado a manhã bebendo sangria num parque, cheio de crianças remelentas por perto. Detesto crianças remelentas, detesto parques e detesto sangria.  Foi então que decidi ir a algum lugar melhor, e de repente estava na sala de um homem, cujo rosto era familiar, ao menos de longe. E na minha frente uma mulher que era quase um homem, ou um homem que era uma quase mulher, parecia que queria me dar a bunda ou me comer, não sei bem. Eu estava esperando meu homem, era só o que sabia. Só não sabia se era a tal Rachel, ou se era o outro cara.

Rachel se levantou, o homem também se levantou. Rachel se apoiou nos braços do sofá, empinou a bunda e levantou a saia. Depois disse:
- Charles, meu querido, pegue uma bebida bem forte. Nosso garoto precisa de algo que o faça se sentir um homem.

O homem, o que agora eu sabia se chamar Charles, deu uns passos cambaleantes em direção à cozinha, e eu, do mesmo jeito, em direção ao rabo de Rachel. Em minutos eu a estava enrabando e ela rebolava. Enfiei a mão no meio das pernas e um pau de bom tamanho ficou maior ainda quando o segurei. Não tinha perguntado a Rachel quanto custaria seu rabo. Se fosse mais de cinquenta pratas, como dizia o outro homem que se chamava Charles, não valia. Então gozei no cu de Rachel e Rachel gozou no sofá, sujando minha mão. O outro homem voltou com garrafa e copos. Sentou-se e nos serviu, e a ele mesmo. Bebemos em silêncio, com Rachel passando as pontas dos dedos no esperma no sofá e lambendo, entre um gole e outro.

O outro homem, que eu sabia que se chamava Charles ficava me olhando, fumando, bebendo e tossindo. Era um sujeito asqueroso, tinha sotaque alemão disfarçado e ficava o tempo inteiro olhando para uma máquina de escrever no canto da sala, como se lembrasse de algo a escrever e o precisasse fazer imediatamente. Talvez não fosse isso, e ele escondesse heroína dentro da tal máquina. Ninguém dizia nada. E eu só pensava que Rachel era uma viciada, talvez uma Vênus em Peles, que quisesse ser chicoteada ou apanhar na cara. E talvez ela quisesse me bater com uma flor. Ela tinha olhos negros de cavalo, eu já disse. E tinha pernas de cavalo, também. Eram musculosas.

Comecei a cantarolar uma das minhas musicas. E o outro homem a recitar uma de suas poesias. Quando terminamos nosso dueto sem pé nem cabeça, Rachel soltou um bocejo e disse que era tarde demais. E o outro homem, que se chamava Charles, me perguntou se eu queria ser escritor. E eu disse:

- Não, cara, eu estou apenas esperando por meu homem.

E ele me disse:

- Nenhum rabo vale mais que cinquenta pratas. 
Era um dia perfeito. Eu paguei cinquenta para Rachel, coloquei os óculos escuros e a jaqueta e botas de couro e sai pela porta, sem antes escutar o outro homem que se chamava Charles dizer a Rachel:

- Nem tente!

20/02/2019

10/08/2015

Ponto B, de Barata

Ponto B, de Barata
Luiz Carlos Barata Cichetto
(Direitos Autorais Reservados)

- Eu transaria com Bukowski. - Ela disse. E comigo, perguntei esquecendo de colocar a interrogação. Com Buk. Contigo jamais, disse ela sem usar a exclamação. Não quer foder, de novo eu disse esquecendo o ponto. Eu quero foder mas não contigo, ela disse sem colocar virgula em lugar nenhum. Quer trepar com o Carteiro, mas não quer foder com Barata,  disse, não sei se afirmando ou perguntando, por que esqueci que ponto usar. Eu não trepo com seres nojentos, disse ela, sem que eu soubesse de quem ela falava. E ficamos ali, entre pontos não colocados e virgulas esquecidas nos masturbando mutuamente com o olhar. E gozamos sem ponto final


27/07/2015

Barata Bukowski

Barata Bukowski
Barata Cichetto
(Ao Amigo Cezar Bastos)
Nem sempre fui maldito. Um dia deve ter sido diferente. Creio. Mas não lembro. Bastos me chama de "Buk de São Paulo" e eu sorrio sem graça. Parece pretensão ou falta de humildade. Fico acanhado, incomodado. A mesma porcaria de existência do safado, embriagado e ríspido alemão americano? Até certo ponto. Charles com minha idade tinha alguma grana. Eu, tenho apenas a mesma forma de enxergar a merda do mundo, o saco de merda prestes a explodir. A mesma forma de curtir com as putas e buscar na poesia o exorcismo da loucura. A droga que afasta a mão que segura o revolver encostado na minha cabeça. A mesma droga que me tira da sarjeta. Mas, acredito que tem muita bunda que possa valer mais que 50 dinheiros. Algumas putas custam caro, outras são de graça, apenas porque querem trepar com um escritor (?) Mentira. Nos dias correntes, ninguém quer trepar com escritores. Ao menos não com aqueles que se fodem e não mais matraqueiam máquinas de escrever até de madrugada. Teclados de computadores são silenciosos e gelados. Putas são barulhentas... e geladas. Mas também não escrevo mais em máquinas de escrever, que são barulhentas demais, feito putas. Ademais, não gosto nem de corridas nem de cavalos. Aposto em corrida de gente. E não mando envelopes a donos de editoras. Minha prosa é rasa e estreita, minha poesia é profunda e larga. Sou poeta, não sou escritor. Gosto de dificuldades e reinvento a crise, a dor e o antagonismo. Facilidades destroem a criação, a criatividade, então invento dificuldades. Não coleciono carros, pego ônibus e olho aquelas bundinhas dentro de saias e bermudas curtinhas enterradas no cu. O motorista sorri da minha safadeza e eu digo a ele: "Sou poeta, irmão!" E ele me diz, "Certo, otário, então pague a sua passagem!" A gostosinha de shortinho desceu no ônibus e deixou um bilhete. Ao motorista. Eu? Não, não carrego ninguém de graça comigo, mas não cobro passagem para viajar na minha poesia. Não escrevo bêbado, não fumo maconha e detesto a humanidade quando estou só. Não, não sou Bukowski! Sou Barata, apenas! Ninguém é outro, não creio em mestres, não sigo cachorros na rua e nunca fui à América. Tenho cinco romances inacabados, um par de botas surradas e nenhuma bebida e nenhum segredo guardado no armário. Peido embaixo das cobertas, acendo um cigarro e seguro a bunda da minha mulher. Ela dorme. Eu apago o cigarro e retono ao teclado. Uma xícara de café e estarei pronto a outro poema. Um cigarro, dois cigarros, doze cigarros. Meu pulmão explode. A cabeça dói e ali ao meu lado, um livro chamado "O Amor é Um Cão do Inferno". Não, não sou um velho safado. Apenas velho? Ou apenas safado? Nada. Apenas Barata!

27/07/2015

18/02/2012

Barganhas


E então disse Charles Bukowski: "Cada uma de nossas alegrias é uma barganha com o Diabo." E então, Velho ...  Cada uma de nossas tristezas é uma barganha com Deus???? Eu não faço negócios com com quem ou o que não existe, não faço negócios com desconhecidos. Portanto minhas tristezas e alegrias, Velho Safado, são negócios mal feitos que fiz comigo mesmo!
(Barata Cichetto)