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09/12/2018

Veredas de Provenir (AlphABarata Project)


Amyr Cantusio Jr. é um gênio. E foi eleito há algum tempo, como o melhor tecladista do mundo. Amyr também é teimoso, cabeça dura e esquentado. 
Eu sou um gênio. E fui eleito há algum tempo (exatamente semana passada) como o melhor poeta do Brasil, justamente por Amyr Cantusio Jr., que também é um gênio e que foi eleito o melhor tecladista do mundo. Ah, eu também sou cabeça dura e esquentado.
Agora imaginem o que dois gênios, cabeças duras, esquentados, e eleitos como os melhores de alguma coisa em algum lugar do mundo, podem fazer juntos...
Podem? É já fizemos. Fizemos vários trabalhos esparsos e duas (eu disse duas) Operas Rock, sem apoio de mídia, e tirando leite de pedra e água de deserto.
E agora chegou o momento de outro (eu disse outro?) trabalho em conjunto, que é o "AlphABarata Project", que consiste em interpretações poéticas e musicais de grandes textos da literatura mundial. Borges, Schoppenhauer, Dante, e muitos outros. Em principio serão 10 textos, que serão poeticamente interpretados por mim, Barata Cichetto, e musicalmente por Amyr.  Os resultados serão exibidos semanalmente em vídeo
O primeiro vídeo, baseado no conto "O Jardim de Caminhos Que Se Bifurcam", de Jorge Luis Borges, está no ar. Todos os domingos teremos novos trabalhos no meu canal do Youtube, "Rock In Poetry", que é justamente voltado à divulgação de Rock & Poesia. Acessem, escutem, vejam e deixem seus comentários. 
https://youtu.be/sUESYDS_vb0

31/07/2016

O Anjo Venusanal

"O Anjo Venusanal" é um "Apêndice de Poesia Musicada". 30 poemas de autoria de Barata Cichetto extraídos de seu livro "O Cu de Vênus". Temática forte e linguagem crua, com narrações do autor e trilha sonora e efeitos por Amyr Cantusio Jr (Alpha III) uma das maiores referências em Rock Progressivo do Brasil.
Read more: http://www.abarata.com.br/anjo_venusanal.asp#ixzz4G26bBkFr



19/01/2016

Luto Por Mim. Luto Por Nós!


Ah, não chorem a morte de seus ídolos. Estão mesmo todos mortos. O câncer que matou Bowie, Lemmy, Dio e tantos outros não chegou até eles de outro planeta, nem de nada de fora deles. Fazia parte deles como suas canções e a cor de seus olhos.

E quanto a nós, artistas da fome, que morremos à míngua, sem apoio, sem direito a um mínimo sequer de conforto, sem às vezes o básico para sobreviver? E quanto a nós, que ainda teimamos em produzir nossa arte a despeito da imensa maioria burra e surda? E quanto a nós, o câncer também nos deitará?

Não é preciso! Estamos mortos há muito tempo, pela obsolência programada pela mídia, pela indústria cultural, pelas mentes corrompidas por migalhas políticas. Somos obsoletos, pois nos dedicamos à nossa arte e fazemos do talento apenas um pequeno ingrediente, e com trabalho produzimos mais e mais. Mais e melhor. Melhor e mais. Sim, escrevemos, fazemos vídeos, compomos, pintamos e bordamos, na maioria das vezes em trabalhos solitários em buracos sem ventilação, em quitinetes minúsculas e porões mal iluminados.

A mídia não nos enxerga, as pessoas não nos enxergam, cegas pelas falsas luzes brilhantes dos holofotes que jogam sobre seus olhos. Acham que são livres, mas são prisioneiros. Prisões sem grades. Acham que estão vivos, mas fedem dentro de sarcófagos de vidro e concreto.

E quanto a nós? Pessoas e artistas como eu, Barata Cichetto, e como Amyr Cantusio Jr., Del Wendell, Nua Estrela e tantos outros? Quanto à nós? Sobra o câncer? O que nos sobra?

E choram a morte dos ídolos.

Não chorem.

Eles estão mortos.

E quanto a nós?

"Qualquer estado, qualquer entidade, qualquer ideologia que não reconhece o valor, a dignidade, os direitos do homem, esse estado é obsoleto" (Rod Serling, no desfecho do episódio).

Luto por mim. Luto por nós! Luto!

03/10/2015

Madame X - À Sombra de Uma Morta-Viva - Release

Madame X - À Sombra de Uma Morta-Viva
Barata Cichetto / Amyr Cantusio Jr.
Opera Rock - 2015



Pela terceira oportunidade, o poeta e artesão de livros Barata Cichetto e o músico e compositor Amyr Cantusio Jr. se unem para criar uma Ópera Rock. A primeira foi em 2010, com "Vitória, ou a Filha de Adão e Eva", que contava a trajetória de uma mulher que, fruto de um estupro, nasceu num bordel e alcançou fama e fortuna. Já a segunda, criada em 2013, era uma distopia que relatava um futuro onde uma ditadura transforma todas as pessoas em seres amorfos, sem identidade ou personalidade, desprezando qualquer traço de individualidade.

Agora, em 2015, esses dois irrequietos criadores lançam mais um trabalho absolutamente inédito, tratando de um tema altamente complexo, no campo da psiquiatria. O enredo é baseado na história de uma mulher francesa de 43 anos que foi acometida por uma rara síndrome de fundo psicológico. Ela acreditava estar morta, não reagia a estímulos exteriores e também que seus órgãos internos estavam em estado de putrefação. Também se dizia sem cérebro, nervos ou entranhas, e era só pele e ossos, mas acreditava que viveria para sempre. O primeiro diagnóstico foi feito pelo médico Jules Cotard, em 1880, e ainda hoje são raros. A paciente foi apenas designada por Mademoiselle X.

Após uma casual descoberta da existência da doença, na Internet, durante mais um ano Barata pesquisou sobre o assunto, buscando se familiarizar e encontrar maiores informações sobre a doença. E quando surgiu a ideia de um novo trabalho conjunto, o tema já estava pronto para ser escrito. Entretanto, desta vez, o processo de trabalho ocorreu de forma diferente: nas anteriores, os textos e conceito eram escritos e entregues a Amyr, que criava as musicas, melodias e efeitos sonoros. Mas agora muitos dos temas instrumentais foram criados antes, ou durante o processo de escrita, o que culminou com um trabalho mais encorpado e coeso. Além disso, o tema central, que é a Síndrome de Cotard, é bastante familiar ao músico, que também é psicanalista.

Outro fator convergente na criação de "Madame X - À Sombra de Uma Morta-Viva", foi que, logo no início dos trabalhos de criação, Barata encontra pelo Facebook com a cantora e poeta mineira Liz Franco e a convida para participar. A principio seria uma opera onde todos os textos seriam apenas recitados, mas Liz passou a criar as melodias e cantar os temas a ela consagrados, interpretando magistralmente a personagem principal. Dois outros, em dueto, também contou com sua participação.

Ademais, nesse trabalho, também conta com a participação do guitarrista da banda Poolsar Adilson Oliveira, e do artista transmídia e mestre em arte Edgar Franco. Os quadros usados nas bases da arte de capa, são da artista gaúcha Nua Estrela.

Ao contar a história de Madame X, com diálogos inspirados nos relatos documentos do caso, os autores esperam que o ouvinte/leitor, consiga não apenas penetrar no universo de um cotardizado, uma síndrome rara e pouco difundida, mas também refletir sobre o modelo de vida atual, numa era onde a humanidade, escrava da tecnologia e do desejo por bens materiais, se desfaz perigosamente de todos os sentidos e sentimentos que representam de fato a existência humana, cada vez mais dependente de drogas de todas as formas, numa fuga de si mesmos. Sem chegar a lugar nenhum, a não serem transformados em mortos-vivos.

Ficha Técnica

Luiz Carlos Barata Cichetto: Concepção, Letras, Arte e Direção Geral
Amyr Cantusio Jr.: Sintetizadores, Organ, Piano, Vocal, Baixo, Bateria, Composição e Orquestrações.

Participação:
Liz Franco: Voz e Melodia em Madame X e Ultima Ratio; voz em Entrevista Com Uma Morta e Dulias:; Adilson Oliveira, Guitarra em Rock Festiva; Edgar Franco: Voz em Eletrochoque; Nua Estrela, Quadros da capa e encarte.

Gravado no Studio Alpha III, Campinas, SP, em Setembro/Outubro 2015

Faixas:
1. Overture
2. Madame X
3. Nihilistic Delusions
4. Dr. Cotard
5. Entrevista Com Uma Morta
6. Intermezzo
7. Rock Festival (Vermes Rock Band)
8. Thanatophilia
9. Eletrochoque
10. Dulias
11. Trepanação
12. Furor Curandis
13. Ultima Ratio
14. Grand Finale

Formato: CD
Duração Total:
Encarte 24 Páginas
Tamanho DVD (13 X 19 cm)
Informações: (11) 9 6358-9727

Madame X - À Sombra de Uma Morta-Viva - Crowdfunding

Madame X - À Sombra de Uma Morta-Viva
Ópera Rock
Amyr Cantusio Jr. - Barata Cichetto

Crowdfunding Via Kickante Para Arrecadação de Verba Para Produção do CD
http://www.kickante.com.br/campanhas/producao-do-cd-da-opera-rock-madame-x-sombra-de-uma-morta-viva


Em 2010, realizei o objetivo de mais de trinta anos, que era o de criar uma Ópera Rock. Compus o enredo, escrevi todas as letras e o conceito. Mas não tinha o principal, que era a musica. Foi nesse momento que conheci o genial músico Amyr Cantusio Jr., que além de compor a maior parte dos temas, fez toda a produção musical. Assim nasceu Vitória. Quatro anos depois, mais uma ideia de um disco conceitual, E aconteceu da mesma forma. E assim nasceu 2332: Seren Goch. Mas em ambas, o processo de produção foi o mesmo: eu criava os textos e conceitos e Amyr, depois de tudo pronto, musicava. Desta vez, com este trabalho, o processo foi um pouco diferente, pois o desejo de criar uma obra foi mútuo e simultâneo. Eu tinha o tema e alguns rascunhos mentais sobre personagens e textos. E Amyr saiu na frente, compondo boa parte os temas musicais, que me serviram de base e inspiração para a escrita. Além disso, o tema central, que é a Síndrome de Cotard, também lhe é familiar, tendo ele formação em psicanálise. Ademais, neste trabalho, pudemos contar com a participação de talentosos amigos, como a cantora mineira Liz Franco, o guitarrista Adilson Oliveira, o e do sempre parceiro e artista transmídia Edgar Franco. Além da arte de capa, com quadros da artista gaúcha Nua Estrela. Espero que os ouvinte/leitor consiga penetrar no universo de um cotardizado, uma síndrome rara e pouco difundida. A história contada é baseada nos relatos do próprio Dr. Jules Cotard e do caso com o qual ele descobriu essa doença, de uma paciente identificada apenas como Mademoiselle X, a nossa Madame X.

Até o momento, sempre lançamos nossas trabalhos de forma independente, bancando os custos, mas sempre com limitações que acabavam influindo não no resultado artístico, mas no produto final apresentado, já que sempre fazíamos com CDRs, em produção muito limitada. Desta feita, com uma obra realmente de impacto, que mexe com o universo de uma séria e rara síndrome de cunho psiquiátrico e com uma produção mais apurada, decidimos pedir apoio aos amigos para viabilizar uma campanha para que possamos lançar em CDs prensados, com acabamento gráfico superior, embora ainda mantendo a base do sistema artesanal para todo o processo de montagem do produto final. Serão lançados 300 CDs, numerados, com um encarte de 24 páginas em um "digipack" tamanho DVD. O valor divulgado, abaixo detalhado, será usado para a produção desse material.

Embora tenhamos uma situação caótica, especialmente na área de cultura e arte, eu, Barata Cichetto, e meu parceiro, Amyr Cantusio Jr., prosseguimos com perseverança em criar trabalhos musicais e poéticos de alta qualidade e não admitimos qualquer espécie de ligação com qualquer forma de governo, sob a forma de nenhuma lei. Nosso trabalho é independente e livre. E para continuar assim, contamos com pessoas que comunguem dos mesmos objetivos. Temos uma trajetória de mais de quarenta anos, cada um em sua área de atuação, com dezenas de livros e discos feitos, e sem nunca aceitar jogos de poder, que nos corrompe e fere de morte. Contamos contigo!

Custos Detalhados:
- Impressão da Capa do Digipack R$    900,00
- Impressão Capa Encarte R$   700,00
- Mão de Obra Confecção Digipack R$ 1.500,00
- Estudio R$ 1.500,00
- Prensagem dos CDs R$ 1.400,00
- Despesas de Divulgação e Outras R$    500,00

- Total do Projeto R$ 6.500,00
Recompensas:

- Contribuições de R$ 20,00 1 CD
- Contribuições de R$ 50,00 1 CD + 1 Camiseta Exclusiva
- Contribuições de R$ 100,00 2 CDs + 1 Camiseta + 1 Livro Barata Cichetto + 1 CD Alpha III
- Contribuições de R$ 500,00 10 CDs + 3 Camisetas  + 1 Livro Barata Cichetto + 1 CD Alpha III + 1 Tela de Amyr Cantusio Jr.
- Contribuições de R$ 1.000,00 20 CDs + 5 Camisetas  + 1 Livro Barata Cichetto + 1 CD Alpha III + 1 Tela de Amyr Cantusio Jr.

Importante: Todos os amigos que contribuírem acima de R$ 50,00, terão seus nomes estampados na contracapa do CD.  Os contribuidores com 500,00 e 1.000,00 terão seus nomes em destaque, no topo, ou logos de suas empresas, estampados.
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17/08/2015

Hypnos, Amyr Cantuiso Jr.

Hypnos
Amyr Cantusio Jr.
(16 de Agosto de 2015 - Teatro Interno da Concha Acústica - Campinas - SP)


Domingo é dia de muitas coisas. Arrumar a casa é uma delas. Ah, escutar musica, cuidar das plantas, dar banho em cachorros, tomar cerveja no boteco da esquina, de bermuda e chinelo. Depois, comer macarronada e .. Dormir. É. Um típico domingo paulistano, de típicos brasileiros, que trabalham a semana inteira.. Mas....

Mas quando a gente é "Do Rock", todas as coisas típicas deixam de ser. Passam a ser atípicas, fora do contexto. Fora de ordem. Caos. enfim. O Rock é assim. Mesmo.

No domingo de Inverno, quente além da conta, de São Paulo, em meio de um Agosto também inteiramente quente, contrariando a antiga máxima da São Paulo da Garoa, eu me preparava para fazer algumas dessas coisas típicas. Um dia absolutamente monótono se anunciou e já chegava meio dia quando eu pensava em cumprir o sagrado momento da cerveja no boteco da esquina.. Quando uma chamada de Facebook mudou tudo.

Amyr Cantusio Jr. que também atende pelo codinome de Alpha III iria fazer uma apresentação em Campinas, sua cidade naquela tarde. Tinha me conformado em não poder ir. Sem dinheiro nem disposição de enfrentar três ou quatro meios de transporte para atravessar pouco mais de cem quilômetros até aquela cidade, tinha resolvido nem pensar mais nisso.

Eis que surge o amigo Adilson Oliveira. Musico, admirador do trabalho de Amyr, parceiro de Stay Rock Brazil e convida: "Vamos para Campinas ver a apresentação do Amyr?"  - Eita, mas é tarde. Dá tempo? "Dá, sim. A apresentação é as três da tarde. Se sairmos agora chegamos a tempo." . Fechado, disse eu. Vou tomar um banho e em uma hora nos encontramos no Metrô. E dai pegamos a estrada.

Precisamente em uma hora e o esperava na estação Carrão do Metrô. Pegamos a Anhanguera e em pouco mais de uma hora e meia estávamos no Parque Taquaral, um local maravilhoso, com muita vegetação, animais, lagos e famílias com crianças. Um paraíso.

Logo estávamos em frente a Concha Acústica, local inaugurado, segundo o próprio Amyr em 1976, onde ele tinha tocado com sua banda na época, o "Spectro". Construção maravilhosa, com um anfiteatro romano perfeito e a concha em forma de folha, muito alta, uns quinze metros de altura.

A apresentação de Amyr, intimista, ocorreria no subsolo, numa área pequena mas aconchegante. Descemos, eu Adilson e Flávia, sua esposa, e ao fim da escada em leque avisto Amyr. A surpresa feliz tomou conta de seus olhos e um forte abraço aconteceu. Ali também, além da Cathia, simpática esposa de Amyr, encontro o poeta  Dríade, Arnaldo Caproni, de quem eu tinha editado três livros de poesia, mas ainda não conhecia pessoalmente.


Por sorte, nossa, o show ainda não havia começado. Falamos um pouco e logo Amyr toma seu lugar no grande palco, onde reinavam solitários uma tela pintada por ele e um pequeno "aparelho" que me deixou encafifado. Onde estariam os teclados? Amyr começa a falar, sem seque microfone, mas audível pela acústica e tamanho do espaço e fala rapidamente sobre sua trajetória e sobre como seria o espetáculo. E assume os controles do tal pequeno aparelho: um "Alessis" sintetizador que se mostra um verdadeiro gigante em tonalidades e sonoridades nas mãos desse musico fenomenal, dono de uma carreira primorosa, com uma produção gigantesca ao longo de 40 anos de carreira.

O tema, que Amyr chama de "Hypnos", seria dividido em três partes. Sentado logo na primeira fila de cadeiras, bem de frente ao musico, logo na primeira parte começo a sentir sensações "estranhas", percebendo que aquele som, aquela musica de alguma forma começa a me levar a um estado de transe. Além da atmosfera criada pela musica, a iluminação, a cargo de Vinicius Dias, criam um clima de viagem, de percepção modificada. Num determinado momento, lembro-me claramente de ter colocado minhas mãos em forma de triangulo a frente do rosto e ter a sensação de estar manipulando uma bola muito macia, sedosa e quente. Uma esfera muito macia que tomava forma de acordo com as nuances da musica.

A segunda parte, segundo o próprio musico, seria um tema mais "simples", na linha de Vangelis. Nesse ponto, todo aquele clima nos transporte a uma viagem no tempo e no espaço. Londres, cinquenta anos atrás. O clima de psicodelia, lisérgica e sinergia das apresentações do Pink Floyd no inicio. As projeções, com imagens de discos voadores, alienígenas, estrelas, o pequeno Alessis enchendo o ambiente de uma sonoridade por horas sufocante, paranoica, esquizofrênica. Uma sensação de que poderíamos tranquilamente sair dali voando, entrar numa máquina do tempo e materializar na Doce Londres dos anos sessenta. (Enquanto escrevo isto, Amyr me chama várias vezes no Facebook. Está eufórico com o resultado artístico, mas frustrado pelo pouco publico.)

Na terceira parte, ainda sobre o efeito do potente alucinógeno, me deixo levar pela atmosfera quase dark. Uma sensação de melancolia me invade. O som é pesado, denso, mas ao mesmo tempo é arrastado, deprimente, gótico. A morte deve ser assim, penso eu antes do final da apresentação. A iluminação, o tempo todo projetada sobre todo o palco, cria desenhos absurdos, ilógicos, incoerentes, alucinógenos sobre o quadro pintado por Amyr, exposto no palco, ao seu lado. Um espetáculo multimídia, transcendental, esotérico. Quase místico.. Quase?

No final da tarde deixamos Campinas, sem antes, na saída do Parque, avistar três cutias que passeavam tranquilamente. Na estrada, eu e Adilson falamos o tempo todo sobre as possibilidades maravilhosas, sob todos os aspectos artísticos, que um espetáculo desses proporcionaria às pessoas. Até quando as pessoas se fecharão em suas conchas não acústicas e não se permitirão experimentar experiências sensoriais, guiadas por músicos de qualidade, como desse gênio chamado Amyr Cantusio Jr.?

Abaixo uma amostra.


Video: Cathia Cantusio

17/05/2015

Barata Sem Eira Nem Beira - Programa 05

Barata Sem Eira Nem Beira - Programa 05 - 18/05/2015
Brasil: Uma Colônia Penal para Exilados
Amyr Cantusio Jr.

O Brasil se tornou uma sub-cultura atrofiada, permeada por criminosos, arte medíocre feita por marginais, pornografia, falta de educação e analfabetismo em massa.

Panelas de corruptos em todos setores, onde só entra quem participa do jabá nojento. Aqui nesta terra de bandidos, você não pode expressar o que pensa, porque você sempre é o ERRADO, a ovelha negra. Toda a mídia está de rabo amarrado com a política da degeneração, conformados e de cabeça baixa, só defendendo seu lado financeiro.

Há muito o idealismo desapareceu, e a revolução tão necessária não passa de um mito. Povo totalmente alienado, que mistura muito bem o marginalismo, com a subcultura sertaneja pop esdrúxula e religião de quinta categoria. Enquanto os ditos "crentes" estão orando neste mar de excremento de Igrejas dos Cem Nomes, seus filhos estão se prostituindo em bailes funk e tráfico de drogas.

O país está quase 100 % ANALFABETIZADO num projeto instalado por um governo sem vergonha, o qual representa bem o "povo do churrasco e das igrejas carnavalescas".

Neste estado, onde músicos como eu, que não podem e nem são permitidos espaços para tocar, mostrar a arte, vender ou demonstrar a própria música, só resta o Exílio.

De forma que quase é certo que ao menos para mim, não há mais horizontes dentro do Brasil, por falta total de interesse coletivo na minha arte.

Então, não toco mais. Já faz 2 anos que fiz meu último concerto de piano. O Alpha III vinha tocando uma vez ao ano, com muita pressão e contrariedades, e total falta de apoio de qualquer segmento. Inútil tentar fazer ARTE de nível numa Sub-Cultura que impera e insiste na corrupção e mediocridade.

Aos fãs restam meus CDs e LPs e esporádicos contatos. Infelizmente creio que estou terminando minha trajetória artística forçado pelas circunstâncias adversas.

Que fique aqui o meu registro biográfico da verdade sobre "o que é ser músico que preza por um nível no Brasil".

Grato.

Amyr Cantusio Jr., Maio 2015

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Edgar Winter & Ringo Starr And His All Starr Band - Frankenstein
Hawkwind - Sonic Attack
Peter, Paul & Mary - 500 Miles
Alma Celta - Celtic Soul

Rata Blanca and Glenn Hughes - Stormbringer
Melvins - Lizzy
Kamboja - Contagem Final
Leonard Cohen - Who by Fire

Sweet - Ballroom Blitz
The Animals - Inside Looking Out (Live, 1966)
The Kinks - Lola
Patrulha do Espaço - Justiça e Rock'n'Roll


Amyr Cantusio Jr - Mil Novecentos e Noventa e Nove





28/03/2014

Seren Goch: 2332 - Apresentação


Seren Goch: 2332

"O criador exige independência. Ele não serve, nem domina. Ele faz com homens uma troca livre e de escolha voluntária. O parasita procura o poder. Ele quer reunir todos os homens num ato comum a todos e de escravização comum. Ele alega que o homem é somente uma ferramenta para o uso de outros, que deve pensar como eles pensam e agir como eles agem. E viver em abnegada e triste servidão de qualquer necessidade, menos a dele mesmo." - Ayn Rand, em "A Nascente" (The Fountainhead).

Seren Goch significa "Estrela Vermelha", no idioma galês. 2332 é o fictício ano onde toda a Terra foi dominada por "Cientistas" que implantaram o coletivismo como única forma de governo e pensamento. As pessoas se enxergam idênticas, não falam nem escrevem e todo pensamento foi canalizado para o coletivo. Os sentimentos e desejos individuais, como o sexo e a família, foram totalmente eliminados. "Seren Goch: 2332" é uma critica ao totalitarismo e parte da constatação de que o ser humano é, antes de coletivo, um ser individual, com vontades e aspirações puramente pessoais. E é este o caminho da história humana. O progresso, o avanço da humanidade, se baseiam em conquistas pessoais e a competição é o motor do desenvolvimento humano.

A "igualdade" é uma mentira daqueles que controlam de fato a humanidade difundem como forma de controle total e absoluto. O ser humano por essência é um ser único e sendo único é individual, e sua vontade deve prevalecer. Fazer com se que ignore as diferenças, sejam elas de que espécies forem, é mentir descaradamente. O proveito desse erro é sempre deles, pois tal sentimento nivela a todos num patamar rasteiro, além de gerar atritos nas camadas controladas, afastando qualquer forma de resistência, que sempre partiu daqueles que, com seu poder individual, sempre lideraram revoluções e criaram grandes obras de arte, por exemplo.

A solução seria bem simples: em lugar de se enganar as pessoas com ilusões sobre igualdade, que fosse criada e fomentada a idéia do respeito às diferenças. Entretanto é mais fácil e proveitoso que se engane as pessoas com um conceito de igualdade que de fato não existe. Somos então colocados num mesmo patamar, bandidos e honestos, preguiçosos e trabalhadores, assassinos e médicos. Afinal, seguindo essa premissa, somos todos iguais. Só que não. Tratam sobre direitos, mas nunca sobre deveres, tratam sobre prêmios e abominam a punição. Um sistema que gera a preguiça, a maldade e a intolerância. O preguiçoso não trabalha e é sustentado pelo que trabalha, que após algum tempo, desestimulado, também se recusa a trabalhar para não sustentar o que não o faz. Assim, da mesma forma com estudantes, artistas e todos os segmentos da sociedade. E numa bola de neve, caminhamos certamente para a indolência e a letargia, jogando por terra todas as conquistas da humanidade. A questão essencial é o respeito, que é algo, muito antes de coletivo, individual. 

A Internet é uma máquina eficaz nesse nivelamento, pois dá a todos a ilusão de que não existe mais propriedade, nem autores, artistas, ou formadores de opinião. Todos se sentem com um poder que de fato não têm. E esse caminho é muito perigoso. Desde que a humanidade existe há lideres e liderados, comandantes e comandados, escritores e leitores, e assim por diante. Esse é o fluxo, essa é a forma que a humanidade se diferenciou dos babuínos, por exemplo. Os construtores desse ideal socialista moderna sabem disso, mas através da infusão de uma mentira querem fazer acreditar o contrário. Nesse caminho, nosso futuro, talvez bem antes do distante 2332, será o da escuridão e das trevas, onde não haverá mais humanidade, mas um amontoado de seres que se enxergam da mesma cor e forma, comem a mesma comida e consomem tudo que lhes é oferecido, sem pensar. E não haverá mais o que falar, portanto.

Há três referências importantes na criação de "Seren Goch: 2332". A primeira, uma frase dita por um dos personagens de "Animal Farm", escrito por George Orwell em 1945, e que conta sobre uma fictícia revolução socialista liderada por porcos e que pressupunha a igualdade entre todos os "animais". Uma metáfora clara com os destinos de qualquer experiência baseada nesse sistema de governo, até agora no mundo. O resultado, no final da história, é que sobra uma única lei daquelas que definiam a igualdade e o bem de todos: "Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros.". Como de fato.

A segunda referência importante é a música "2112", da banda canadense Rush, lançada em 1976. Nessa obra, a sociedade é dominada por Sacerdotes, que entre outras atitudes arbitrárias eliminaram a musica, mas o protagonista encontra uma guitarra e imagina que aquilo traria mais beleza e conforto à humanidade. Claro que os controladores rejeitam a idéia e o garoto musico se entrega à morte. Embora a musica possa ser executada por um conjunto, ela é um trabalho individual, baseado em experiências pessoais de cada um, que no caso de uma banda, é somada e compartilhada com os demais. As artes com um todo são criações individuais Pessoas criam arte, grupos apenas se aproveitam dela. Não há arte no coletivismo, pois não existe arte coletiva.

"2112" é uma composição musical dos três músicos da banda, mas a letra, criada pelo baterista Neil Peart, foi baseada no livro "Anthem", da escritora russo-americana Ayn Rand e fez com que fossem mal vistos pela maior parte da imprensa, pois a autora defendia suas idéias com base no Individualismo. É esta, naturalmente minha terceira referencia na criação deste texto.

A escolha do musico, compositor e filosofo Amyr Cantusio Jr., foi natural. Poucas pessoas seriam tão qualificadas quanto ele para a tarefa de colocar minhas idéias sob a forma de musica do que ele. Já havíamos feito uma parceria fantástica com a inédita Opera Rock "Vitória, ou a Filha de Adão e Eva", em 2010. E além de sua capacidade intelectual e musical, estão dois fatores importantes: a disposição para o trabalho, que faz com que componha e crie numa velocidade espantosa, e a aversão a todos os sistemas totalitaristas. Amyr é um batalhador, uma das cabeças pensantes mais lúcidas que conheço e criou elementos musicais extraordinários.

Quando passei o titulo e a sua tradução ao "apolítico e agnóstico" Amyr , este perguntou-me se o mesmo era uma alusão ao planeta Marte, chamado de "Estrela Vermelha", cujo nome, segundo a mitologia romana representava o deus da guerra e dos conflitos. Respondi que não era essa a associação que tinha em mente quando escrevi, mas sim ao símbolo socialista. Mas, aquela pergunta me deixou pensando muito tempo. Marte, equivalente ao grego Ares, filho de Juno e de Júpiter, é considerado o deus da guerra sangrenta, ao contrário da sua irmã Minerva, que representa a guerra justa e diplomática. Eles sempre tiveram uma relação difícil, até que numa batalha final, onde se enfrentaram nas muralhas de Tróia, Marte é derrotado pela irmã. Outra parte da mitologia dá conta que o deus teve um caso de amor com Vênus, esposa de Vulcano. Dessa relação adúltera, teriam nascido um deus chamado Cupido uma mortal batizada de Harmonia. O planeta Marte provavelmente recebeu este nome devido à sua cor vermelha, associada à do sangue.

Segundo as enciclopédias, "A estrela vermelha de cinco pontas, um pentagrama sem o pentágono no seu interior, é um símbolo do comunismo e amplamente do socialismo em geral. É muitas vezes interpretado como representação dos dedos das mãos dos trabalhadores, bem como os cinco continentes." Há inúmeras explicações adicionais, mas decerto nenhum dos criadores desse símbolo o associou ao planeta e muito menos ao deus que o batizou. Certo também é que se, a estrela representa uma mão, deviam considerar que nela todos os dedos são diferentes, mas ambos trabalham individualmente em prol de um trabalho a ser feito pela mão, em beneficio do restante do corpo. A mão, em si, sem os dedos "individualistas" nada representa. Deviam ter pensado nessas associações, tanto à do deus da guerra sangrenta, quanto do que é efetivamente uma mão, antes de associarem seu símbolo a eles.

Luiz Carlos Cichetto, 20/03/2014

Seren Goch: 2332
Midia: CD Livro
Lançamento Previsto: Junho de 2014
Criação e Texto: Barata Cichetto
Musica e Produção Musical: Amyr Cantusio Jr.
Edição: Editor'A Barata Artesanal
Apoio: Revista Gatos & Alfaces

09/12/2013

Barata Sem Eira Nem Beira - 44 - ESPECIAL ALPHA III


Barata Sem Eira Nem Beira
Produção e Apresentação: Barata Cichetto
Segundas, das 21 as 23 horas pela Stay Rock Brasil
Reapresentação, terças, das 16 as 18.
Programa Nº. 44 - 09/12/2013
www.stayrockbrazil.com.br
ESPECIAL ALPHA III
Bloco 1 -  Spectro
- Momentos do Universo
- Reverberes ao Spectro
- Molécula (Bonus Track)
Bloco 2 - Infernus (Baseado na Obra de Dante Alighieri)
- Caronte
- Lucifer
- Darkness
Bloco 3 - Ruinas Circulares
- Templo do Fogo
- Filho dos Deuses
- Borges Réquiem
Bloco 4 - The Edge
- Overture Symphony
- The Edge
- Zeus
Bloco 5 - Ao Vivo
- Kill Me (Live 2010)
- Spartacus (Triumvirat) (Live 2010)
- Windows (Live 2001 C.C.C.Theater of Campinas S.P.)
Bloco 6 -  Especialmente Gravadas
- Alpha III - Black Hole
- Alpha III - Whispering For You
- Alpha III - Strangers Worlds
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07/07/2012

Manifesto da Contra-Acultura


Manifesto da Contra-Acultura
Luiz Carlos Barata Cichetto



A Contracultura foi um movimento que teve origem na década de 50 com a Geração Beat, os chamados “Beatniks”, onde intelectuais, principalmente artistas e escritores, contestavam o consumismo e o otimismo do pós-guerra americano. Os líderes desse movimento foram Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William Burroughs. Mas o auge da Contracultura se deu nos anos 1960 com a explosão do Rock. Na segunda metade dos anos 60, Ken Kesey, Alan Watts, Timothy Leary e Norman Brown criaram a teoria e as práticas da Contracultura, ganhando destaque e transformando-se em lideranças do movimento. Muitos acreditam ainda que a deflagração desse movimento se deu bem antes com Jean Paul Sartre, através de seu engajamento político, defesa da liberdade e pessimismo pós-guerra, mas de fato a Contracultura começou a tomar forma e estender suas bases para além das fronteiras, chegando em todas as partes do mundo, onde pensadores como Luiz Carlos Maciel era um dos estandartes mais visíveis. O ponto alto da Contracultura é definido como sendo o Festival de Woodstock em 1969, mas outros festivais de Musica e Arte, nos Estados Unidos, na Europa e até mesmo no Brasil, representaram uma amostra do que poderia ser uma sociedade baseada em princípios simples de convivência em harmonia.

A contracultura, também chamada de cultura underground, cultura alternativa ou cultura marginal, pode ser definida como um movimento que questionava valores centrais vigentes e instituídos na cultura ocidental, aí incluídos todos os padrões de comportamento, como religião, educação e família dos modelos convencionais. A Contracultura buscava, através de formas alternativas, uma transformação da sociedade como um todo, através da tomada de consciência, da mudança de atitude e do protesto político. O Rock foi a trilha sonora, e mais que isso, o catalisador desse movimento, com sua vocação natural à rebeldia e a quebra de tabus.

De um modo geral, podemos citar como características principais deste movimento:
- Arte Auto-cognitiva;
- Valorização da Natureza; 
- Vida Comunitária;
- Antibelicismo;
- Vegetarianismo;
- Respeito a Minorias;
- Liberdade Sexual;
- Anticonsumismo;

Mas acredito que as principais características da Contracultura sejam, crítica aos meios de comunicação de massa como, por exemplo, a televisão; e principalmente a discordância com os princípios do capitalismo e economia de mercado. O uso de drogas psicodélicas, baseado nos estudos de Timothy Leary, principalmente, tinham um contexto diferente: eram usadas como fonte de inspiração e liberação da mente, preparando-a para novas e ricas experiências humanas, e juntamente com os outros elementos chave que formavam a base da Contracultura, estariam transformando o ser humano e a forma como ele enxerga e interage com o mundo, criando assim uma sociedade mais justa e benéfica a todos.

Mas com a chegada dos anos 1980 e o crescimento da tecnologia e da massificação intensa das comunicações, o Movimento Contracultura foi perdendo força, até que, no final do século passado passou a representar apenas um verbete de dicionário, uma referência histórica e nada mais. Os deflagradores desse movimento abandonaram o esse objetivo, provavevel mente cooptados pelo sistema que combatiam, usando o antigo jargão "se naõ pode com eles... 

Sem referências e sem guias, nasceu e cresceu uma juventude sem objetivos, sem porquês e principalmente sem questionamentos válidos e sem "talvez", aceitando de pronto o que os esquemas de massificação lhes oferecia. O mundo parecia mais colorido, sob o ponto de vista do consumo. Cores berrantes, primárias, sem meios tons e sem sobre tons... E a vocação natural de rebeldia, inerente á juventude e aos artistas, perdeu lugar para uma sociedade de consumo sem precedentes. E a velocidade é necessária à industria do consumo. Tudo tem que ser consumido rapidamente para que se compre o que vem a seguir. E essa regra foi alimentada ferozmente, instalada em todos os níveis. Dos bens simples de consumo às artes, tudo passou a ser criado para ser devorado rapidamente. E dentro desse panorama, foi criada uma cultura que, pior que leite instantâneo, sem nem necessidade de colocar nem a água... Tudo pronto para consumo. 

Chegamos ao Século XXI, a Internet explodiu no mundo inteiro. A realização do sonho de compartilhamento livre de informação, em tempo real, sem censura, sem intermediários. Não precisávamos mais depender da grande mídia, dos grandes esquemas de produção e comercio de cultura. Uma biblioteca e um arsenal ao mesmo tempo. Ao alcance dos dedos, dos olhos. Em lugar de uma máquina de escrever, um amontoado de folhas em um mimeógrafo, pernadas, dinheiro de Correio, apenas teclas e cliques. Seria o paraíso da Contracultura... Acaso seu espírito ainda existisse. E não era apenas o espírito da Contracultura que fora soterrado debaixo de toneladas de lixo. Os tempos eram outros, disseram, e trataram de transformar também em um produto de consumo fácil. No início ainda podia se sentir o cheiro de liberdade, mas depois o perfume do consumismo tomou conta. As chamadas redes sociais, que tomaram de assalto aniquilaram qualquer sonho cultural. Acabou com os sites de cultura de uma forma geral, acabou com os Blogs, que eram uma espécie de “panfletos” ampliados. Tudo, a partir de 2004, ficou reduzido à telas azul bebê, com pessoas fúteis e hipócritas, falando sobre futilidades, frivolidades e unhas pintadas...

Junto com isso, as ondas do politicamente correto e da sustentabilidade, - termo que muita gente usa sem saber porra nenhum do significado – transformou tudo em uma massa plástica e uniforme. As pessoas foram reduzidas a meros consumidores, embalados em músicas descartáveis, de refrão fácil, sem nenhuma mensagem. Tudo construído com o único intuito de consumo fácil e rápido. A busca desesperada por uma identidade, em meio a tantos rostos sem faces, transformou a comunicação em algo insuportávelmente chato e sem nenhum conteúdo. Falar de algo mais profundo que a cor da calcinha de uma atriz, ou citar uma frase que não seja de Caio Fernando Abreu ou trecho de poesia de Drummond, acabou sendo perigoso, muito perigoso. O humor se transformou em caso de polícia e os humoristas em bandidos. Uma censura disfarçada de “respeito” à minorias, de todas as matizes. E assim nos transformamos em zumbis apertando teclas de computadores, clicando em desenhos mal elaborados, sem a menor responsabilidade. Dentro das redes sociais, todos ou são belos, ou são inteligentes ou são revolucionários. Todos comparecerem em todos os eventos descolados e na prática ninguém sai da frente do computador. Escutando sem ouvir, quilos e quilos de emepetrês sem a menor qualidade musical. Vendo música, em lugar de escutar... Enfim, tudo em plástico azul do fundo das milionárias redes sociais, criadas por garotos que não tem outro objetivo a não ser amealhar fortuna.

- “Chegou a hora de uma nova revolução de Contracultura?” - Perguntei ao amigo Amyr Cantusio Junior, um dos maiores, mais capacitados e estudiosos músicos do Brasil, que, por seu desejo de se manter íntegro, de se manter fiel às duas idéias e conceitos, muito próximos à Contracultura, luta com dificuldade para mostrar sua arte e manter suas contas.  

- “Não, está na hora de criar a Contra Acultura, pois não existe uma cultura a ser contra, mas sim um aculturamento total e absoluto. Apenas lixo” – Respondeu ele.

E eu concordo!

Quando coloquei acima as definições e conceitos sobre a Contracultura dos anos 60 e 70, percebemos que existiam conceitos pré-estabelecidos dentro da cultura de uma forma geral. A euforia do pós guerra era o pano de fundo para uma cultura estagnada, antiga e sem horizontes. E baseados em conceitos filosóficos de pensadores que enxergavam o mundo sob uma ótica humanista, perscrutando o futuro e temendo o amanhã, lançaram as bases de um movimento que se propunha a carregar a humanidade a um estágio mais avançado, seja através das portas abertas pelas drogas psicodélicas, seja pela assimilação de doutrinas como o budismo, pelo uso da arte como veículo de crescimento e prazer humano.

Mas e agora? O que temos? Não temos nada. E principalmente, não somos nada. A arte se transformou em produto banal, as drogas em anestésicos sociais e as doutrinas em fanatismo religioso. A música, a mais nobre das artes, foi transformada num veiculo para o dinheiro, o estoicismo e a egolatria. Pensar, conforme previu George Orwell, se transformou em crime. A “crimidéia”, as palavras passaram a ser maltratadas e não estar de acordo com os padrões do “politicamente correto”, passou a ser um pesadelo. Sem a censura formal, de coturnos e fardas, passamos a sofrer a Censura do Processo, onde “tudo que você disse pode e será usado contra você”, numa distorção e ampliação, dos limites jurídicos. Achar que faz parte de sua liberdade denunciar alguém cuja opinião não é favorável passou a ser encarado como normal. O aborto, a ser tratado como apenas uma questão de direito feminino, Os conceitos de liberdade foram deturpados, estropiados e estuprados.

Falhamos e falimos enquanto seres pensantes num mundo sem perspectivas, sonhos e objetivos. O capitalismo, cujas bases fincadas no individualismo, faliu ao permitir a ingerência do socialismo, que também faliu. Todos os sistemas políticos faliram, todos os sistemas religiosos faliram, transformados em grandes negócios dominados por uma fé cega e perigosa, todos os sistemas culturais faliram. Enfim, todos os sistemas, de todas as tendências, das religiosas às artísticas, das políticas ás sexuais, também faliram. E o ser humano também faliu, não como sistema, não como tendência, mas como ser pretensamente dominante do Planeta.

Estamos entregues literalmente às baratas e nosso destino é morte, não apenas a morte física de cada um, mas a morte da humanidade. Ainda resta uma esperança? Quem sabe... O que nos jogou nesse ponto, no fundo de um poço escuro não foi o individualismo, mas o egocentrismo, e principalmente a falta de uma cognição mais ampla de nosso papel enquanto criadores de nossas histórias e nossos destinos. Construindo nosso destino através de atos individuais, mas não egocêntricos, estaríamos construindo, cada um de nós, um pedaço de um caminho que carregaria a humanidade ao bem comum. Mas abrimos mão disso, em prol de uma busca por uma segurança financeira falsa, uma beleza falsa e uma sexualidade falsa.

Então, continuamos sentados, esperando que a humanidade acabe, numa noite escura, ou retornemos a busca de nós mesmos dentro do quarto escuro que a deixamos no passado, quando ainda não tínhamos computadores, redes sociais e telefones celulares? Talvez seja mesmo a hora de uma nova revolução cultural, pois a cultura é a base de todo e qualquer desenvolvimento humano, seja no plano físico como no intelectual. Talvez seja a hora de um novo movimento de Contracultura, mas não para rechaçar a existente, pois não existe nenhuma, mas para criar uma nova, uma verdadeira. Não uma “Nova Consciência” como pregavam os Hippies, mas uma “Consciência Verdadeira”, que evolva cada indivíduo. De dentro para fora. Da construção a partir de um. Um país, um planeta, uma Humanidade feita não apenas de seres idênticos, com cor azul bebê, mas uma humanidade de cores diferentes, de matizes e gestos diferentes. Uma humanidade que seja a união de bilhões de “UNS”. E não de bilhões de seres idênticos, entalados e envasilhados, embalados e prontos para consumo.

Estão lançadas as sementes. Da sobrevivência ou da aniquilação. A semente da Contra-Acultura é o UM. Colhamos o que possamos.

22/05/2012

Amyr Cantusio Jr. (Alpha III Project)


Amyr Cantusio Jr. é formado em Música Erudita pela Unicamp e autodidata em música eletrônica com teclados e estruturas de orquestração, música experimental progressiva e Canterbury Fusion. Tem cursos nas áreas de Psicanálise Integral, pela Escola Analítica Existencial do Dr.Victor Frankl em Viena, extensivo em Psicanálise Trilógica ministrado pelo Dr. Norberto Keppe e nas áreas de Musicoterapia, Ocultismo, Meditação & Filosofia Oriental de Teosofia e Yogas 

Foi crítico musical e colunista do Jornal Diário do Povo de Campinas e em revistas nacionais (Zen, Pendulum, Bons Negócios) e internacionais como a Background Magazine (Holanda) e Paperlatte (Itália) e na revista germano-brasileira Hard Valhalla.

Como artista plástico, desenhou a maioria dos logos e capas de seus próprios LPs e CDs e é Pintor de surrealismo gótico, com vários desenhos para capas e telas.

Na área musical, foi co-fundador do primeiro selo do Rock Progressivo e Música Eletrônica Experimental do Brasil em 1986 (Faunus), coordenador de vários projetos musicais em Campinas, entre eles “Rock Todas as Vertentes” (1986). Produziu inúmeras bandas no Brasil e no Exterior, trabalhou na trilha sonora do alemão de Holger Kernstein “Jesus Viveu na Índia” (1996) e também criou jingles, spots e trilhas sonoras na Junta de Rádio e Televisão e na Rádio e Televisão Bandeirantes.

O músico Amyr Cantusio Jr. produziu independente 20 CDs e 7 LPs desde 1974. Amplamente premiado no Brasil e no exterior, recebeu a Medalha Carlos Gomes (Campinas) por representar a cidade em mais de 15 países do mundo com seus discos e foi o primeiro lugar de arranjo e composição do Projeto Guarani. Além disso, foi considerado melhor Tecladista e melhor Projeto do mundo em vários festivais internacionais: Espanha/1986; Japão/1986, e Canadá/1991, Itália/1993, Escandinávia e Holanda. 

Atualmente desenvolve projetos de World Music e ritmos árabes e hindus no Espaço Cultural Lince Negro, com Filosofia Oriental, Instrumentação, Teosofia e História da Música, com sua esposa Cáthia Cantúsio.

Discografia:
LPs:
1983 - Mar de Cristal
1986 - Sombras
1987 – Agartha
1988 - Ruínas Circulares
1989 - Temple of Delphos
1989 - The Aleph
1990 - The Seven Spheres

CDs:
1993 - Voyage to Ixtlan
1995 - The Edge
1995 - Acron
1996 - Grimorium Verum
1996 - Oásis
1999 - The Edge of Vortex
2000 - Book of Sacred Magik
2001 - Live Destroyer – (Studio)
2001 - Spectro
2002 - Lord of the Abyss
1998 - The Aleph
1999 - New Voyage to Ixtlan
2000 - Seven Spheres
2004 - Ruinas Circulares
2004 - Temple of Delphos
2008 - Mar de Cristal
2008 - Sombras
2008 - Live-Shades of Windows
2010 – Vitória, ou a Filha de Adão e Eva (Libreto de Barata Cichetto)

Livros:
- Rock, Filosofia & Ocultismo
- Musicoterapia
- Anjos, As Sentinelas do Universo
- A Era da Escuridão
- A Era da Escuridão II
- A Música Erudita de Todos os Séculos
- Led Zeppelin (Compilação)

Sites Oficiais:
www.myspace.com/amyrcantusiojr
www.myspace.com/projectalpha3
www.myspace.com/alphaiii

Contato:
lunardraco@gmail.com
F(19) 3243.8647

Led Zeppelin (Posfácio do Livro Organizado Por Amyr Cantusio Jr.)



Quando eu, no início dos anos 1970, um pré adolescente recém chegado ao mundo do Rock, ouvi falar em Led Zeppelin imaginei algo parecido a Beatles, Stones... Mas um dia folheando uma revista de musica, me deparei com uma foto da banda e aquilo foi o suficiente para que eu procurasse escutar aquela banda.

Led Zeppelin II era o disco, "Whole Lotta Love" a musica. O impacto, o soco na cara. O som e a fúria daquele disco rolou na minha vitrola semanas a fio, até encher a sala de estalidos de um vinil lixado. Aquilo era diferente de tudo aquilo que tinha escutado até então. Uma musicalidade impar na guitarra de Page, uma voz aguda e ao mesmo tempo áspera de Plant, no baixo, de John Paul Jones e na bateria... Ah, a bateria, de John Bonhan... Tambores do Céu e do Inferno. 

E logo Led Zeppelin passou a representar, dentre tantos deuses do panteista universo do Rock, um deus especial, gigante, forte, místico e poderoso. Led passou a ser a referencia a tudo. E por intermédio da busca das interpretações de sua música, encontrei a história do Rock, flertei com o esoterismo, saltando as montanhas nebulosas e subindo escadas para o Céu.

Os temas eram escutados e re-escutados por semanas a fio. Cada disco era tocado até riscar. Muitos deles comprei duas ou três vezes porque acabavam lixando de tanto escutar. O quarto disco da banda, que tem na parte interna a imagem do eremita foi comprado três vezes, porque uma das cópias se transformou em poster. E assim foi com todos os discos do Led até o lançamento de "The Songs Remains The Same" que traria uma versão, a mais genial e definitiva interpretação de uma música, "Dazed and Confused". 23 minutos de duração no vinil e um clima que me levava das alturas ás profundezas de mim mesmo com a mesma rapidez das mais poderosas drogas. Com o passar dos anos, acabei transformando "Dazed and Confused" na trilha sonora da minha vida e do meu funeral, conforme passei a comentar com amigos.

Até no fim da banda, o Led Zeppelin se comportou da forma correta: um disco fraco denotando o cansaço da banda. A morte de Bonhan logo após.. E o necessário fim. Depois disso, apesar de algumas reuniões "furtivas", a banda se negou a retornar apenas por jogada comercial. E bem que poderiam, pois embora sem chegar às pontas das baquetas de seu genial pai, Jason Bonhan é um bom baterista e poderia ter assumido o papel que fora de John Henry.

E no tempo em que os Deuses do Rock andaram sobre a Terra, deixaram não apenas o Rock, não apenas a Música, deixaram entre nós seu mais dileto filho, o Led Zeppelin.

...
Led Zeppelin
Coletânea de textos sobre Led Zeppelin.
Apresentação e Organização: Amyr Cantusio Jr.
Posfacio: Barata Cichetto
2012 - Editor'A Barata Artesanal - 76 páginas
Pedidos: lunardraco@gmail.com

Abismo de Luz
(No Quarter)
Amyr Cantusio Jr.
Led Zeppelin Tribute
Letra: Amyr Cantusio Jr.
Música Led Zeppelin

Feche as Portas e veja a Luz
Que está além do mar
Rios que correm pela Cruz
Noites frias de Luar
Sonhe agora no Além
Ventos frios que se vão
Feche as portas e veja o Sol
Brilhar, Brilhar, Brilhar
Em Você, Em Você....

Amyr Cantusio Jr. - Vocais, Letra, Teclados, Bateria e Arranjos
Marcelo Diniz: Técnico Som
"Dedico esta versão em português da famosa música No Quarter, feita no dia de nascimento do místico Aleister Crowley pela banda inglesa Led Zeppelin, ao grande arranjador tecladista e baixista John Paul Jones." - Amyr Cantusio Jr.

28/01/2012

Vitória ou A Filha de Adão e Eva Por Jana, A Leão

--- Projeto Abortado Por Desistência de Jana Leão ---

Vitória, ou A Filha de Adão e Eva
Ópera Rock

Depois de mais de um ano mofando pelas prateleiras e sendo atirada ao lixo, simplesmente ignorada, a Opera Rock Vitória ou a Filha de Adão e Eva, chegará aos palcos, pelas mãos de Jana Leão, que, apaixonada pela história, tomou para si a direção e a produção da mesma. Jana, A Leão está reunindo elenco e músicos para a apresentação do musical que terá sua estréia em breve, na cidade de Franca, Interior de São Paulo.

O Que É?

Trata-se de um projeto musical que foi criado e desenvolvido para ser uma peça de teatro, um musical. Todo o processo de criação, textos, composições, gravação do material sonoro e edição foi feito em apenas 5 meses, no inverno e primavera de 2010. Toda a produção do material foi feita de forma independente, auto-custeável, sendo que o libreto foi integramente editado de forma artesanal pelo autor. Parte das composições e a direção musical ficou a cargo de Amyr Cantusio Jr. (Alpha III), conceituado músico, compositor e psicoterapeuta.

O Resumo da Ópera

"Vitória, Ou A Filha de Adão e Eva" é uma "Opera Rock" que conta em 33 temas a história de uma mulher chamada Vitória de Tal, filha de Adão, um ex interno de reformatórios que se transforma em pastor evangélico, tendo antes cometido vários crimes, entre os quais o estupro de Eva, uma prendada e estudiosa filha de uma costureira. Vitória nasce num bordel e é criada também em um reformatório. A partir dai, cedo se transforma em uma alcoviteira milionária que busca á qualquer custo mais que dinheiro e prazer, aquilo que a humanidade mais almeja: a felicidade. São 18 personagens que ao logo dos temas interagem com Vitória tecendo um clima de paixão sem limites, amores não concretizados, tragédias morais e sociais. O pano de fundo é a hipocrisia social, que transforma o caráter das pessoas, além das busca incessante da felicidade a qualquer custo.

"Vitória" tem citações claras a fatos da musica e da política e acontece exatamente num período que compreende o inicio dos anos 1960 e 2010, sendo que o período de vida da personagem principal é de 33 anos e 1/3, uma metáfora com a velocidade dos LPs de vinil.

E agora o mundo conhecerá "Vitória".

Abaixo, o Diário de Jana, A Leão, em Fotos...

Mais informações em: www.operarockvitoria.blogspot.com.












Mais Uma da Série, Corra, Jana, Corra: Reunião com pessoal do teatro...

--- Projeto Abortado Por Desistência de Jana Leão ---